Nota da autora.
Prepare-se para mergulhar nas entranhas do morro, onde a vida é uma luta constante e cada esquina esconde segredos obscuros. Neste livro, você encontrará cenas quentes e explícitas, repletas de linguagem imprópria, violência e tortura, refletindo a crueza de um mundo sem piedade. Aqui, o amor não é um conto de fadas; é uma chama que arde intensamente entre os destroços da dor.
Mas não se engane: em meio ao caos e à brutalidade, surge um romance apaixonante que desafia todas as probabilidades. Um romance irresistível que fará seu coração disparar e sua mente sonhar com um amor intenso e libertador. Venha comigo explorar essa jornada arrebatadora, onde os laços se formam nas sombras e a paixão explode em meio ao crime.
Este é um convite para sentir a adrenalina e o desejo em cada página. Porque no morro, o amor é tão real quanto a violência, e juntos vamos criar uma história que você não conseguirá esquecer. 'Boa leitura.'
Amigos.
Caroline Almeida.
— Onde foi que eu errei com você garoto?!!!! Chegar bêbado e drogado desta maneira em casa!!! Era isso que você fazia? Saindo com essa corsa de desocupados, que você chama de seus amigos!!!!!
— Calma Alberto, nossa filha está dormindo. Não seja tão duro com o nosso filho!
— Duro, eu ainda não sei porque não dei uma surra neste moleque insolente, ao invés de estar trabalhando honestamente, está andando por aí feito um vadio e chegando de madrugada em casa, ainda por cima neste estado!!!!
— Aí eu tô aqui na frente de vocês dois, coroa!
Essas foram as palavras que me fizeram acordar, na verdade, gritos... Olá me chama Caroline Almeida tenho quatorze anos, eu não sei o que está acontecendo, pois eu estava dormindo quando fui despertada pelos gritos do meu pai! Minha mãe falando no meio e por fim o meu irmão mais velho... Hoje deve ser domingo, eu sei que ontem o meu irmão saiu de casa cedo e talvez tenha retornado só agora.
Os gritos do meu pai estão cada vez mais altos, o que está fazendo o meu coração bater mais forte, quando ele é contrariado fica bastante alterado, porém nunca nos bateu por causa da nossa mãe, ela sempre nos defende...
— Olha só o sem-vergonha que você me fez criar Alicia, com essa sua adulação...
Me levantei caminhando lentamente até a porta, como está frio estou usando um pijama cumprido e confortável, meu cabelo curto até os ombros estão bagunçados, abraçada ao meu travesseiro, encostei meu ouvido na porta, mordendo meu lábio inferior de preocupação.
— André, meu filho, o que você estava fazendo na rua até uma hora destas e porque está neste estado!? — Ouvi minha mãe perguntar
— A mãe não enche, tu acha que é fácil viver nesta merda de morro, com o coroa enchendo o meu saco. Vai trabalhar, sai arrumar um trampo, se nesta merda não é fácil... — É o meu irmão falando, a sua voz está estranha, continuei a ouvir enquanto ele continuou — Achei uma vida fácil mesmo, sabe as aulas que eu burlo. As noites em claro que eu passo, é isso mesmo, tô trabalhando na boca. Já passou da hora de vocês saber. — arregalei meus olhos de boca aberta — É com este dinheiro que eu ajudo o velho a bancar a casa. Eu tenho apenas dezesseis anos e já tô envolvidão no crime. — ele falou com orgulho.
Minha nossa. Fiquei encostada na porta com minha mão sobre a minha boca, não acredito. Moramos na favela desde que eu me conheço por gente, já ouvi muito falar sobre facções por aí, fora os tiroteios aleatórios em que temos que correr para se proteger. Mas nunca, eu nunca imaginei que o meu irmão se envolveria... Com minhas duas mãos sobre minha boca e o meu travesseiro caído ao chão, ouvi que a minha mãe começou a chorar desesperada e o meu pai a bater em alguma coisa próximo dele.
— Eu não criei vagabundo, eu não passo a maior parte do meu tempo atrás do sustento desta casa, para um filho me dizer com essa cara de pau que entrou para a vida do crime, sem mais nem menos...
— Calma Alberto!!! Por favor, calma...
— Para de defender esse filho da puta, eu vou ensiná-lo a ser um homem de verdade!
— Vai pai pode bater, isso só vai fazer eu pegar um revólver na mão e sair matando meio mundo no ódio purai!!!
Peguei meu travesseiro do chão e abri a porta em pânico. Vi meu pai segurando meu irmão pelo colarinho e o pressionando contra a parede da cozinha, o ar ficou preso em minha garganta, enquanto minhas mãos ficaram trêmulas, minha mãe estava tentando separá-los e quando me viram, pareciam ter levado um choque de realidade.
— Da no pé maninha, isso aqui não é sena pra ti ficar vendo não... Vaza garotinha!! — meu irmão gritou.
Eu estava tremendo, meu irmão sempre foi tudo para mim, minhas lagrimas de pânico começaram a cair, ele me deu um leve sorriso, ele sempre foi meu tranquilizador, acho que tenho mais ele como o meu pai, do que o nosso próprio pai. Mas ele estava diferente, seus olhos estavam vermelhos e ele estava visivelmente diferente do normal. Ele usa droga, ele já me disse isso e me avisou para ficar longe disso, mas a vida no crime aqui no morro vai além de apenas usar, pessoas morrem... Essa situação ficou presa em minha garganta e como eles sempre sabem para onde eu corro, quando os confrontos aqui dentro de casa começam, sai correndo para fora em lágrimas.
Estava escuro e as vielas estavam vazias, mas o medo do que estava acontecendo dentro de casa era maior do que estar sozinha fora. A lua estava clareando mais do que as luzes fracas dos postes, eu estava parada na calçada de casa quando ouvi os gritos do meu pai, o que me assustou e me fez temer pelo meu irmão, corri algumas casas para baixo. Sem medo do que poderia me acontecer nesse pequeno percurso.
— Bryan... Bryan abre a porta por favor... Bryan!!! — Bati desesperada gritando várias vezes, olhando para os lados.
Me afastei da porta, quando ouvi ela sendo destravada, mordi meu lábio inferior e abracei o meu corpo em pânico, o André ficou lá sozinho, meu pai vai bater nele.
— Carol! — Bryan apareceu apenas usando um shorts de tactel preto, sem camisa, ele olhou em volta surpreso. — O que foi? Porque você está chorando? — ele me abraçou e eu pude respirar em alívio.
— Meu pai vai bater no meu irmão! — solucei abraçando ele apertado. — Ele vai bater...
— Filho, o que ouve?
— Não sei mãe. A carolzinha está tremendo. — Me segurando com carinho, ele me levou para dentro da sua casa — Entra carolzinha.
— Tia minha mãe não vai conseguir segurar meu pai, ele está muito bravo, por favor ajuda o meu irmão... — Em pânico no meio do caminho segurei no braço da mãe dele — Eu sei que ele fez coisa errada, mas o meu pai vai bater nele, tia por favor!!!
Tia Agnes me olhou com pena, ela é como uma segunda mãe para mim, nos conhecemos desde quando eles vieram morar aqui, por isso ele se tornou meu melhor amigo, estamos crescendo juntos. Tia Agnes é bem amiga dos meus pais e eu sei que ela pode ajudar meu irmão. Eu percebi que ela engoliu em seco e me direcionou para perto do Bryan e disse com um sorriso caloroso.
— Filho cuida dela, eu vou ver o que está acontecendo.
Bryan concordou, enquanto ela saiu... Ele se sentou comigo no sofá e perguntou o que tinha acontecido ele parecia preocupado, contei entre soluços e com o meu coração apertado tudo o que ouvi e vi, mas meu desespero foi acalentado pelo seu abraço. Com minhas mãos trêmulas, recebi o seu corpo com água e bebi de uma só vez, de olhos fechados, desejando que tudo o que presenciei fosse apenas um sonho. Mas infelizmente não era e o que eu pude fazer foi pedir a Deus que minha mãe e a tia Agnes consigam acalmar meu pai.
Bryan sentou ao meu lado e eu pude encostar minha cabeça no seu ombro, enquanto sentia seu leve carinho entre meus cabelos, por um segundo parecia que eu senti meu coração bater diferente.
— Vai ficar tudo bem carolzinha, não se preocupe.
Não consegui dizer nada, ele é meu melhor amigo, sempre me sinto segura quando estou perto dele, ele sempre esteve ao meu lado, foi tão bom ficar perto dele que o meu coração foi se acalmando com o seu carinho e o meu corpo relaxando...
— Filho, você tem dezoito anos e ela apenas quatorze, o que está havendo?
Abri meus olhos ainda sonolenta foi quando percebi que eu estava deitada na cama dele, enrolada em sua coberta, sentindo o seu cheiro, olhei para a parede e fiquei imóvel, Bryan talvez esteja atrás de mim junto com sua mãe perto da porta, mas eu fiquei com vergonha de mostrar que despertei.
— Que isso, mãe, eu sei nossas idades. Eu apenas trouxe ela para dormir na minha cama, tô indo me deitar no sofá relaxa... — sorri sentindo meus olhos pesados — Eu sempre vou respeitar a carolzinha mãe, ela só está cansada e assustada. Eu vou estar aqui sempre que ela precisar, não tem nada de mais...
— Bryan... Bryan... Sou sua mãe e sei que você gosta desta menina, ela é apenas uma criança e confia muito em você filho!
Gosta? Senti algo estranho no meu estômago, mas eu estava cansada demais para reagir.
— Eu sei mãe, fica tranquila, não vou fazer nada que machuque ela. Poxa mãe, Carolzinha é minha melhor amiga desde que nos mudamos para cá, eu só quero cuidar dela...
Sorri sentindo o mundo à minha volta ficando silencioso, meus olhos não queriam abrir mais e ao ouvir a voz da tia Agnes eu fiquei tranquila se ela voltou é porque meu irmão está bem, mas o Bryan gosta de mim, como assim?...