É diferente? Então vamos ver.
Caroline Almeida
Fiquei parada feito uma boba vendo ele se aproximar, cada passo que ele dava o meu coração batia mais forte... Bryan é moreno alto com seus cabelos castanhos claros, fazendo uso da parte de cima mais alta e os lados mais baixos. Seus olhos são azuis e ele tem um cavanhaque e um bigode um pouco falho. A pouco tempo Bryan iniciou um tratamento dentário, então ele está fazendo uso do aparelho odontológico na cor prata, e tem aquele sorriso levemente puxadinho ao lado direito me encanta e muito.
Ele esta usando uma calça preta e uma camiseta branca, o seu boné também é na cor escura, e o seu tênis branco, ele parou perto da porta e ficou me olhando, com uma expressão diferente no rosto me fazendo sorrir
— Entra filho. — Saímos do nosso pequeno transe, quando minha mãe falou se levantando do sofá e caminhando até ele.
— Com licença tia. — ele falou com um leve sorriso, parecia pensar em alguma coisa, enquanto entrava dentro de casa, parando na frente da minha mãe — Desculpa a demora eu queria vir mais cedo. Mais estava fora do morro, fui buscar minha mãe e acabei me enrolando por lá, os patrões dela estavam decidindo algo, sobre ela ficar essa noite lá com a senhora. — ele soltou um leve suspiro — E acabou que ela teve que permanecer e eu retornei sozinho. — Sua última frase foi me olhando por cima dos ombros da minha mãe, porém ele retornou a olha-la — Dona Alicia, posso levar a carolzinha para tomar sorvete, hoje?
— Por mim tudo bem! — minha mãe assentiu
— Dez horas Caroline Almeida em casa e nenhum minuto a mais — Voltamos nossa atenção ao meu pai que saiu do quarto. — Entendeu Bryan? — ele falou áspero
— Sim senhor! — Bryan sorriu e concordou, em seguida me observou novamente.
— Juízo vocês dois em. —Completou minha mãe seguindo para a cozinha, percebi que o meu pai foi atrás caçar confusão...
Com um suspiro pesado, voltei minha atenção ao Bryan, eu não sei o que eu estou sentindo neste momento parece uma mistura de ansiedade, com alegria, medo e paixão... Estes sentimentos por ele estão ficando cada vês mais forte.
— Vamos? — ele sorriu, sorri e fui até ele, quando eu ia passando, senti ele deixando seu braço cair sobre meus ombros e um arrepio passou pelo meu corpo, isso parece ser bom. E diferente das outras vezes — Para onde você quer ir carolzinha? — Ele perguntou depois que nós aproximamos da sua moto e ele virou o seu boné para trás.
— Podemos ir na pracinha? Queria ver se encontramos o meu irmão por lá! — com um suspiro pesado, senti meu peito apertado, fechei e abri meus olhos continuando — O André veio aqui e estava além do drogado, ele me pareceu bem estranho, sabe?
— Podemos ir sim. Mas o que ouve? — enquanto colocava meu capacete ele me olhou nos olhos e perguntou.
Expliquei a ele como foi quando o André apareceu, ele tentou me tranquilizar... Mas o meu coração estava pesado pelo meu irmão, depois que saímos de casa, Bryan ainda deu uma volta comigo tentando me distrair e na procura do meu irmão, eu pensei que por hoje ser sexta, o pessoal do morro estaria reunido aqui, tem muita gente, mas não vejo o meu irmão. Estávamos cansados de rodar e não ver ele, então Bryan parou enfrente a uma barraquinha de lanche.
— Quer comer alguma coisa? — ele me olhou, ainda estávamos sobre a moto.
Concordei, eu não me lembro se comi hoje e estava com muita fome, desci da moto com ele fazendo o mesmo em seguida. O vento soprou o meu rosto, trazendo o perfume dele para o meu nariz, fechei meus olhos e só abri, quando senti sua mão tocando a minha enquanto ele pegava o capacete. Nossos olhares se encontraram e ele sorriu, assim como eu.
Depois de deixar os capacetes na moto caminhamos lado a lado em direção à barraquinha, ele fica tão lindo com o boné virado para trás... A praça do morro fica mais cima da minha casa, em um amplo espaço aberto, com pista de skate, um espaço com bancos e algumas árvores pelo local, a estrada da a volta no local e nas calçadas tem comércio que ficam abertos durante o dia, somente os bares e algumas lanchonetes pequenas, como barracas de lanche funcionam durante a noite.
No período noturno a maioria dos jovens vem aqui, até mesmo os traficantes que não são nada gentis... Tem uma área mais afastada que fica voltada por carros onde os grandes permanecem, porém no nosso meio andam seus capachos armados, sustentando armas pesadas e para a nossa infelicidade o meu irmão é um deles...
— Oi Bryan.
Sai dos meus devaneios, com uma menina talvez mais velha, linda morena alta, felizarda de seios e bumbum, franzi minha sobrancelha porque estávamos passando por ela, mas mesmo assim ela agarrou a mão dele, fazendo ele se virar para olhá-la.
— Oi Ana Paula. — Bryan soltou sua mão e a sua voz soou sério.
Enquanto eu fiquei parada atrás dele, ele é maior do que eu, mas eu podia ver a garota por cima dos seus ombros, já que ela tinha a mesma altura que ele.
— E aí, quando vamos repetir aquela dose deliciosa, em?
Levantei minhas sobrancelhas ao ouvir sua voz manhosa, enquanto ela jogava suas mãos sobre o peito dele, Bryan rapidamente segurou e afastou suas mãos. Essa palhaça não está me vendo aqui não? Que garota fácil, fazendo isso na minha frente, ela não se toca que eu poderia ser até mesmo uma namorada dele? Quem ela pensa que é?
Olhei bem para aquele rosto e me lembrei. Bryan tentou um relacionamento quando tinha dezesseis anos, mais a galinha o traiu descaradamente e agora olhando, eu tenho certeza de que era ela. Naquela época eu era nova e não sabia que iria nutrir sentimentos por ele, só o apoiei naquele relacionamento por isso. Mas agora ver essa oferecida se jogando para cima dele, me da vontade de arrastar a cara dela no asfalto. Levantei uma sobrancelha quando Bryan me olhou, revirei meus olhos e segui até a barraquinha sozinha, af! Que ódio.
Tentei reorganizar meus pensamentos, nossa eu estou com muita raiva, ciúmes? Sentei no banco próximo a mesa e olhei para os dois, Bryan parecia dizer alguma coisa sério a ela e saiu sem esperar sua resposta. Mordi meu lábio inferior de raiva, enquanto ele veio se aproximando
— Desculpa carolzinha. — ouvi a sua voz — Ana Paula não tem senso.
Merda, porque diabos eu apoiei esse maldito namoro? Olhei para ele desejando mata-lo, mas eu queria ainda mais eu, por apoiar.
— Quer beber alguma coisa? — ele perguntou e parecia tentar decifrar minha expressão, eu tentei esconder minha raiva, mas não estava conseguindo.
— Vodka! — Minha voz saiu áspera.
Ele ficou surpreso.
— Carol você nunca bebeu álcool. — Sua expressão ficou tão fofo de culpado.
Sorri para quebrar aquele clima chato.
— Porque, você acredita que eu não aguento um pouco de álcool?
— Não é isso, é que...
Antes que ele pudesse terminar, segurei na sua mão, já que ele havia sentado ao meu lado.
— Por favor Bryan. Você nunca me negou nada. — sorri — E ainda tem tudo o que está acontecendo o meu irmão... As brigas dos meus pais... Essa oferecida.
Minha voz estava embargada, mas parei abruptamente quando percebi que toquei no assunto da oferecida, olhei rapidamente para ele e ele parecia estar pensando em alguma coisa.
— Então você ficou com ciúmes da Ana Paula? — ele sorriu divertido, mas até mesmo esse sorrido me fez ter pensamentos impróprios, que isso? O que está acontecendo comigo? — Eu não tenho nada com ela. — olhei para ele saindo dos meus pensamentos.
— Não fiquei com ciúmes. — tentei disfarçar com um breve sorriso — Olha quem fala. — pausei pensado no incidente de hoje. — Falou o cara que quase matou o Carlos na frente da escola toda, porque será, em?
— Porque eu fiquei com raiva quando vi aquele moleque fazendo graça, é diferente! — Bryan disse olhando nos meus olhos ao se aproximar um pouco do meu rosto sorrindo, havia ali um brilho diferente.
— Não é diferente não! — Continuei a olhá-lo
— É sim! — Ele insistiu se aproximando mais um pouco, fazendo o meu coração dar um solavanco.
— A é? — perguntei, Bryan apenas concordou com um levantar de sobrancelha. — Então eu quero ver. — falei.
Que Deus me ajude. Me levantei e ele me seguiu com o seu olhar, no pequeno espaço entre ele e a mesa, me sentei em seu colo virada para ele. Sem dar tempo dele reagir, coloquei minhas mãos sobre o seu rosto e o beijei...