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Chapter 14 - Cap. 14

Acerta o alvo.

Bryan Fernandes

Não demorou muito, já tínhamos passado pela pracinha e a bagunça ali estava feita, cheia de gente, som alto, garotas se esfregando... Pietro passou devagar cumprimentando alguns caras e outras meninas até passavam a mão nele...

— Oloco, vai logo com essa merda! — Falei estressado, 'eu nem queria estar aqui.'

— Tô indo, pô! — Ele acelerou a moto e saímos fora da pracinha...

— Nem parece mais o cara que estava me falando do André mais cedo! — Proferi enquanto ele pilotava pelas vielas da favela.

— Qual foi! Eu já falei que eu não matei o André... — Ele diminuiu a velocidade. — Só que a primeira coisa que você tem que aprender nessa porra é que tudo o que você faz, você é flagrado pelo Bola. Ele sabe de tudo o que rola nesse morro e, por esse motivo, deve saber quem matou o André e o verdadeiro motivo! A gente era amigo de verdade, mano. Entramos nessa vida só pela grana. Mas e aí, tu acha que é fácil sair?

— Eu sei que não é! Mas tu tá tranquilo demais...

— Vai adiantar eu ficar nervoso ou ficar procurando pistas à vista de todos? Só vai dar mais motivos pra eu ser pego pelo tribunal e amanhecer numa cova... — Ele parou a moto e me olhou. — Tu fica esperto, mano. Você tá chegando agora; para armarem pra você é num piscar de olhos. Entrar é fácil, sair é difícil, mas cair... qualquer um te derruba... Mano, eu não teria ido atrás de você se não fosse sério. O André confiava em você para limpar a merda dele e tu viu que não era brincadeira. O Bola tava decidido em pegar a sua mina; tu acha que ele desistiu? Só vai esperar você pisar na bola... Então não ferra! Não quero ser o culpado de você amanhecer na cova. Afinal, fui eu quem fez você chegar até ele e estar nessa agora.

— Demorou! Vou confiar em você por ora! Mas o restante tem que ser conquistado. Vamos ver se você tá comigo ou com o Bola. Agora não se preocupa comigo que eu sei me cuidar... Agora bora colar nessa porra! — Proferi olhando sério para ele.

— Demorou! — Referiu ele ligando a moto e seguindo...

Não demorou muito e após cortar caminho por mais algumas vielas, subimos no topo do morro, onde avistamos um barracão... Ele parou a moto e nós descemos; ele me olhou e começamos a caminhar na direção do lugar. Tinha uns caras na entrada e eles abriram o portão...

Quando olhei, parecia uma festa particular... Som alto e várias mulheres semi-nuas dançando, homens se esfregando. De cara, a mesma mulher que eu vi mais cedo veio em nossa direção e pelo caminho encontrou outra mulher; então veio as duas. Uma grudou no Pietro e a outra tentou se agarrar em mim.

Dei um passo para trás e ela sorriu; então se virou e no ritmo da música começou a esfregar sua bunda na minha frente! Certo que foi rente com o meu pau...

— Que merda, garota! Vai se esfregar em outro!! — Proferi estressado, dando um passo para trás e levando minhas mãos aos bolsos... Cara, essas mulheres nem me fazem efeito!

Senti um braço se voltar no meu ombro e, quando olhei, o tal Bola estava me levando para o meio do pessoal, junto do Pietro que estava do seu outro lado.

— Se tem muita coisa para aprender, menor... — Ele me olhou — Uma delas é não rejeitar nossas garotas. Elas estão aí, mano, para o seu prazer.

— Trabalho para você, mas dispenso esse tipo de diversão... Eu tô tranquilo quanto a isso — proferi olhando para ele.

— Porque tu tem uma fiel? — Ele me olhou curioso.

— Eu... — Voltei minha atenção ao Pietro e ele disfarçou e negou. — Não! Mas eu tô tranquilo quanto a isso!

— Então, meu amigo, aproveita e caça aí. Temos de todos os tipos...

Que ódio de ouvir um homem falando de uma mulher como se elas fossem algum tipo de objeto. Mano, que nervoso!

— Tá bom, vou entender o seu silêncio como um não... Demoro! Então eu soube do que rolou com os vermes... Chega aí que vamos trocar uma ideia. Pietro, faz as honras — disse ele olhando para o Pietro.

Pietro caminhou na nossa frente e abriu uma porta nos fundos do local, dando visão de um terreno cercado com muros altos! Entramos e tinha vários alvos na parede... Observei e vi quatro pitbulls amarrados com correntes: um marrom, dois cinzas e um branco...

— O que rola aqui? — indaguei olhando-os.

— Treinamento, mané! — proferiu um cara entrando atrás de nós. Quando voltei minha atenção a ele, vi que era o mesmo cara com quem o André estava discutindo aquele dia...

— De boa, rapaziada! Hoje o treino vai ser do menor aqui — disse o Bola dando alguns tapas nas minhas costas. — Cadê a sua arma? — Ele me olhou sério.

Puta que pariu, não acredito que eu esqueci aquela merda em casa!

— Ah não, Bola! Tu quer ensinar uma criança a ser bandido? O cara não carrega nem a arma — disse o mesmo otário me encarando.

— Criança é o seu pai! — encarei-o. Esse cara acha que eu tenho medo dele! Porém observei o Pietro passando atrás dele sério, passando a mão na nuca. — Mas é... eu deixei em casa!

— Não calma aí! Pietro descola uma arma lá para o treino... — disse o Bola sorrindo. — Aí menor, arma a gente anda vinte e quatro horas na cintura; não sabemos quando vamos precisar puxar o gatilho!

Apenas afirmei. Em seguida, aquele cara ficou me encarando como se eu fosse algum tipo de caça divertida... Na sequência, Pietro retornou com um revólver, entregando-o ao Bola. O mesmo de onde estava apenas mirou e ao atirar acertou no centro do alvo!

— Frago menor! Acerta o alvo lá... — proferiu ele me entregando a arma. — Mas isso aqui não é treino como dos vermes não! Treinamos sob pressão pra saber se tu aguenta... — Após ele ficar sério, se voltou ao Pietro. — Aí cola lá na frente do alvo!

— O quê? — perguntou ele surpreso.

— Qual foi manin? Bota o peito lá na frente logo mano! Tô pedindo não... — proferiu ele olhando-o sério. Pietro saiu caminhando enquanto coçava sua nuca. — Aí menor tu vai ter o alvo acima da cabeça do manin para acertar; lembrando que acertar ou matar membro da facção é pena de morte.

— Ah essa vai ser boa de ver! — O mesmo otário falou rindo ao parar ao lado do Bola e cruzar os braços.

— Fica de boa aí caveira! Deixa o garoto mostrar pra que veio! — Ele me olhou e sorrindo disse: — Segura firme porque a bicha dá um tranco...

Respirei fundo e quando olhei para os alvos, o Pietro estava na frente de um com seus braços para trás, me olhando sério...

— Aí Pietro tá de colete né? No mínimo vai levar pelo menos um no peito! — gritou o mesmo otário de sempre rindo.

Vontade que eu tô é de acertar na cabeça desse cara que já está me tirando do sério! Puta que pariu, nunca peguei numa arma; esse Bola tá de sacanagem comigo! Minhas mãos estão suando pra caralho; se eu acerto o pia vou morrer e ele vai atrás da Carolzinha...

— Vai mano atira ou tá com medo? — ouvi novamente esse puto se manifestando.

Respirei fundo, segurei a arma firme, apontei no alvo acima da cabeça do Pietro. O mesmo respirou fundo e cuspiu no chão enquanto eu atirei...