Deixa ela em paz.
Caroline Almeida
'três anos depois...'
Naquela noite meu irmão não apanhou, mas saiu de casa enquanto meu pai gritava com ele da calçada, foi como a tia Agnes me contou no dia seguinte que acordei em sua casa, depois disso meu irmão retornou apenas uma semana depois. Bryan também havia me dito que a minha mãe tinha decido atrás de mim, mas me deixou dormir e o meu pai passou o restante da noite a culpando pelas escolhas do meu irmão...
André depois daquela noite se envolveu ainda mais, ficava apenas durante o dia em casa e quando meu pai chegava do serviço, meu irmão saia e retornava apenas no outro dia cheio de tatuagens e ate com um brinco em uma de suas orelhas. Minha mãe chorava de preocupação e o meu pai a culpava por tudo o que estava acontecendo quase todos os dias, várias veses ela pedia que a tia Agnes cuidasse de mim durante o período em que o meu pai chegava bêbado, porque ela não queria que eu presencia-se os dois brigando mais uma vez, é meu pai já bebia, mas com o caos em casa ele só aumentou suas doses diárias.
Os últimos três anos eu passei mais na casa do Bryan doque na minha própria, ele foi tudo pra mim, me distraia bastante, me levava para passear, subia e descia o morro comigo, as veses me levava para a escola e buscava quando não estava trabalhando. Ele trabalha de ajudante de pedreiro e eu acho ele todo lindo de jaqueta, já disse isso a ele e agora ele fica se achando por causa disso, mesmo no calor vai de jaqueta o que me faz rir sempre.
As veses eu penso, sobre o que o Bryan é pra mim? Talvez eu veja ele mais do que um amigo, eu sei que tenho apenas dezessete anos e ele vinte e um, mais eu gosto dele... Bryan é diferente, ele também é amigo do meu irmão porém não é envolvido, como que eu sei? Passamos a maior parte do seu tempo livre juntos.
No período da manhã estou na escola e ele no serviço, as veses ele vem me buscar quando seu dia de trabalho está tranquilo, a parte da tarde passo fazendo tarefas e ajudando a minha mãe, enquanto ele termina o seu dia de trabalho e ao final dele passa em casa para toma café conosco e desce embora para tomar um banho, já que a tia Agnes trabalha no período noturno, cuidando de uma senhora de idade á alguns meses fora do morro, o que fez a minha mão me pedir para que eu não vá mais a noite na casa deles, já que iríamos ficar sozinhos.
Então agora quase sempre vejo meus pais brigar, com isso sinto falta de estar com o Bryan neste período, porque mesmo sabendo que eles estão brigando, Bryan me faz esquecer... Eu acho que realmente eu goste dele.
— Caroline Almeida?
Olhei em volte e percebi a classe toda me olhando, eu estava com a ponta do lápis em minha boca, enquanto vagava em minha mente, respirei fundo me ajeitando na minha carteira.
— Caroline, você entendeu o que eu disse? — o professor me perguntou novamente, agora me olhando sério.
— Claro que ela não entendeu, né professor! Ela tá que nem besta olhando pra sua cara. — Carlos o garoto mais insuportável da sala falou com um ar de deboche, ele insiste em ficar no meu pé. Ele tem dezoito anos por ser um repetente e se acha por causa disso. Eu acho que não é motivo de orgulho.
— Desculpa professor! — Falei abaixando minha cabeça, com raiva desse garoto, todos os alunos começaram a rir, com esse idiota vaiando.
— Silêncio classe... — o professor pediu — Caroline. — ele me olhou — Eu havia dito que, vamos ter uma prova daqui á duas semanas. Quero que toda a sala esteja preparada, sabemos que ciências não é difícil, basta prestar bastante atenção! — Professor terminou o seu pronunciamento ainda me olhando, o que me fez abaixar a minha cabeça envergonhada ao agradecendo pelo sinal do final da aula tocar.
Hoje foi a última aula, meio-dia graças a Deus! Recolhi minhas coisas guardando dentro da minha bolsa, coloquei apenas uma alça nas costas e me retirei da sala junto com o restante da turma. Não tenho amizades, apenas colegas que converso durante o período escolar até porque sou um pouco tímida. Caminhei até a saída do portão da escola e após passar por ele no meio deste monte de alunos do ensino médio, senti alguém segurar no meu braço.
— Aí avoada, você dorme dentro da sala ou o que, em? — Carlos riu debochando ao lado de algumas meninas e meninos que me olhavam atentamente. O popular do colégio por repetir de ano, todo mundo quer estar com ele, menos eu.
— Me deixa em paz, eu não te fiz nada, para você ficar me atormentando. — falei me virando.
Senti minha mochila sendo arrancada das minhas costas, quase cai para trás, mas me equilibrei voltando minha atenção para ele, só para ver ele balançando minha bolsa de um lado para o outro no alto da minha cabeça, feito uma criança.
— Quer que eu te deixe em paz? — ele sorriu — Vem pegar a sua bolsa então! — ele olhou para todos a sua volta sorrindo vitorioso, e os meus olhos se encheram de lágrimas.
— Ai! — é a voz do Bryan? — Ela disse pra você deixar ela em paz panaca!!! — ele gritou.
Antes mesmo que eu pudesse procurar onde ele estava, vi algo passando rápido por mim e o barulho do Carlos caindo no chão e a minha bolsa do seu lado, meus olhos se arregalaram instantaneamente. Quando percebi que era Bryan que se abaixou perto dele, segurou no seu colarinho e começou a soca-lo com raiva. De onde ele veio? Alunos correram para ver a briga, enquanto eu fiquei parada em choque, eu nunca havia visto ele bater em ninguém, Bryan sempre foi tranquilo.
— Deixa ela em paz entendeu? — Sua voz demonstrava ódio, enquanto o garoto tentava se defender ou se proteger do seu punho.
— Bryan para!!! — Segurei no seu braço o interrompendo de acertar Carlos mais uma vês, não por dó, porque o Carlos merecia isso e muito mais, só que Bryan não é assim. Ele me olhou com seu olhar suavizando — Bryan, para por favor!!! — implorei
Ele sorriu e eu consegui ver um lindo brilho se formar em seus olhos azuis, antes que ele conseguisse se levantar, Carlos o acertou com um soco no rosto, Oh! Droga, Bryan caiu para trás e eu também me desequilibrei... Bryan me ajudou a levantar rapidamente, arrumando meu cabelo, ele tinha um corte no canto da sua boca e eu toquei sentindo minhas lágrimas caírem.
— Aí vagabunda!!! Tu precisa trazer o seu macho para te defen...
Carlos gritou comigo e deu alguns passos na minha direção olhei para ele por cima dos ombros do Bryan e de olhos arregalados dei um passo para trás, mas antes que Carlos pudesse terminar de concluir suas palavras, Bryan se virou em fúria o segurando pela garganta e o jogando no chão feito um boneco. Ouve o barulho do impacto do corpo do garoto, batendo na calçada. Ele gemou dolorosamente, enquanto Bryan subiu sobre ele e começou a enforca-lo com suas duas mãos. Eu tentei, mas não consegui tirar Bryan de cima do garoto, ele estava em ódio mortal.
— Bryan para!!! Bryan por favor!! — tentei puxá-lo, mas ele não se moveu, tentei empurrá-lo, mas foi inútil, ele vai matar. Olhei em volta e todos estavam de boca aberta impressionados, mas ninguém fazia nada — Bryan para!!! Alguém ajuda, por favor!!!
— Aí Carol afasta!! — agradeci a Deus por ouvir a voz do meu irmão...