- Srta. Helena, quanto você ganha por mês?
Helena Lima parou de mexer o café com a colher por um instante e levantou os olhos para olhar o homem à sua frente, Heitor Nascimento.
Ele era seu par no encontro às cegas de hoje, apresentado por um intermediário que havia dito à sua mãe que este homem era uma boa escolha, um supervisor em uma grande empresa, com uma renda muito boa, ganhando dezenas de milhares por mês.
Helena, sendo forçada a se casar aos vinte e quatro anos de idade pela insistência de sua mãe, a ponto de temer voltar para casa, estava mais uma vez em um encontro às cegas para conhecer esse suposto homem de qualidade.
Para sua surpresa, ele começou a conversa perguntando diretamente sobre sua renda.
- Esta cafeteria é minha. - Helena manteve a compostura.
Depois que Heitor olhou ao redor e mostrou um olhar de aprovação, ela adicionou:
- Mas ainda não começou a dar lucro.
Ao ouvir isso, a expressão de Heitor mudou, e ele perguntou:
- Então você está dizendo que está operando no prejuízo agora?
Helena acenou com a cabeça.
Heitor, franzindo a testa, disse:
- Então, isso é dinheiro que você investiu sozinha ou pegou emprestado de alguém? Quanto você deve?
- Fiz uma parceria com um amigo, pegamos um empréstimo, devo cerca de cento e dez mil. - Helena respondeu honestamente, notando que ele já parecia desaprovado.
Bom, ela também não gostava desse homem.
- Srta. Helena, essa é sua dívida antes do casamento. Eu não vou ajudar você a pagá-la depois que casarmos. Você deve estar endividada agora, então provavelmente também não possui uma propriedade, certo? Eu tenho dois imóveis no meu nome, são bens que adquiri antes do casamento. Depois de casarmos, você pode morar neles, vamos pagar a hipoteca juntos, mas não colocarei seu nome no título da propriedade. - Heitor fez uma pausa antes de continuar. - Srta. Helena, eu não sou mais jovem, meus pais querem netos. Depois de casados, espero que você fique grávida e tenha filhos logo. Não foi fácil para meus pais criarem a mim e a minha irmã; eles trabalharam duro a vida toda. Depois que você tiver filhos, eles não ajudarão a cuidar deles, você terá que fazer isso. Eu não cozinho e o trabalho me mantém ocupado, você terá que cuidar das três refeições do dia e das tarefas domésticas; eu não poderei ajudar. No entanto, gosto de limpeza e ordem; você deve manter a casa arrumada para não afetar meu humor quando eu chegar em casa. E ainda...
- Sr. Heitor... - Helena interrompeu Heitor, que claramente não ficou satisfeito por ser interrompido.
Helena não se importava mais se ele estava satisfeito ou não e disse, sem rodeios:
- Sr. Heitor, me desculpe, mas você procurou a pessoa errada. Não consigo atender às suas condições. Por favor, procure outra mulher que queira ser babá de graça para sua família. Este café é por minha conta.
Dizendo isso, ela apontou para a porta, fazendo um gesto para que ele saísse.
O rosto de Heitor ficou vermelho de raiva, provavelmente não esperava que Helena fosse tão direta.
Ele sempre se considerou um ótimo partido, com uma boa renda, e pensou que, ao concordar em se encontrar com Helena, estava fazendo um grande favor a ela. Considerando que Helena era jovem e bonita, ele relutantemente concordou em se casar, mas Helena não estava sendo agradecida.
De repente, ele se levantou, retirou a carteira e puxou uma nota de cem reais, colocando ela com força sobre a mesa, e disse a Helena:
- Posso muito bem pagar por um café, não preciso que a Srta. Helena pague.
Ele guardou a carteira de volta no bolso, afastou a cadeira, se virou e saiu.
Depois de andar alguns passos, parou, se virou para Helena e disse:
- Uma mulher como a Srta. Helena, que não está disposta a se dedicar à família e que não sabe ser cortês, nunca conseguirá se casar.
Helena pegou sua xícara de café e, junto com a xícara, lançou ela em direção ao Sr. Heitor, gritando:
- Saia!
Sr. Heitor não esperava que Helena realmente lançasse algo nele, foi atingido em cheio, e seu terno branco ficou manchado de café.
Ele estava extremamente irritado, e todos os clientes ao redor começaram a olhar para eles.
Como não queria discutir com Helena, ele simplesmente disse:
- Um bom homem não discute com uma mulher ruim.
Após dizer isso, saiu às pressas.
- Que tipo de pessoa é essa, dizendo que é um bom partido! - Helena resmungou, sentindo que foi uma total perda de tempo.
Com um homem tão bizarro, ela preferiria permanecer solteira a se casar com alguém assim.
Alguns dos clientes, que estavam prestes a sair, pararam para assistir à cena do encontro às cegas de Helena, permanecendo para ver o desenrolar da situação.
Após a confusão ter acalmado, um dos homens falou algumas palavras aos outros, e então esses homens saíram primeiro.
O homem se aproximou de Helena e chamou:
- Helena.
A voz suave chegou aos ouvidos de Helena, que instintivamente olhou para o homem que se aproximava.
Ela se levantou de repente, um sorriso radiante se espalhando pelo seu rosto charmoso:
- Sr. Vinicius, o que você está fazendo aqui?
Vinícius Alves respondeu com um sorriso:
- Combinei de encontrar alguns amigos aqui, mas você não estava quando cheguei.
Esse era o motivo pelo qual Helena, sendo a proprietária do Café da Lua Crescente, não tinha visto Vinícius entrar.
- Posso me sentar? - Vinícius perguntou educadamente.
Helena rapidamente pediu que ele se sentasse e chamou o garçom para limpar a mesa novamente.
Depois, ela disse ao Vinícius:
- Sr. Vinicius, espere um momento, vou pessoalmente preparar um café para você.
- Não precisa, só uma água para mim está bom. - Ele já havia tomado uma xícara de café e, se tomasse outra, não conseguiria dormir à noite.
Helena então serviu pessoalmente um copo de água para Vinícius e pediu ao garçom que trouxesse alguns petiscos.
Vinícius era colega de universidade do irmão mais velho de Helena, Daniel Lima.
Quando Daniel estudava na universidade, sempre retornava da cidade Encosta para cidade Estrela durante as férias de verão e inverno, e Vinícius, apesar de ser apenas um conhecido do seu irmão, acabava viajando de trem com ele de volta para casa, pois ambos eram da mesma região.
Helena, que era cinco anos mais nova que seu irmão, sempre acompanhava o pai à estação para recebê-lo, onde também encontrava Vinícius.
Embora cada encontro fosse breve e ela nem sequer soubesse onde Vinícius morava, se conheciam havia onze anos.
Mesmo que nos últimos anos ela não tivesse visto Vinícius, ainda seria capaz de reconhecê-lo de imediato.
- O que aconteceu há pouco? - Perguntou Vinícius, com serenidade.
Ao mencionar o incidente recente, Helena voltou a mostrar uma expressão de impotência e desabafou com Vinícius:
- Sr. Vinicius, eu só tenho vinte e quatro anos, mas minha mãe está me pressionando tanto para casar que estou quase com medo de voltar para casa. Toda vez que ela sai e encontra alguém conhecido, pede para me apresentarem homens, organizando encontros às cegas para mim. - Helena fez uma pausa antes de prosseguir. - Este mês, ela me ligou dez vezes por dia, me pressionando sem parar, e eu já passei por cerca de dez desses encontros às cegas.
Vinícius comentou:
- Sua mãe está de fato um pouco ansiosa.
Ele a conheceu quando tinha apenas treze anos, e, sem se dar conta, ela já estava com vinte e quatro.
- Sim, o homem com quem fui obrigada a sair hoje supostamente seria um bom partido, mas acho que ele era mais para um tipo excêntrico. - Helena fez uma pausa antes de continuar. - Com um homem tão estranho, não é surpresa que ele ainda não tenha se casado, estando já nos trinta e poucos anos. Ele sempre espera que os outros façam sacrifícios, querendo obter benefícios sem oferecer nada em troca.
Vinícius olhou para Helena e disse:
- Uma pessoa como você não deveria precisar de encontros às cegas. Deveria haver uma longa fila de homens querendo te conhecer.
Ele quase viu essa garota crescer, de uma adolescente tímida para uma mulher madura e charmosa, cada gesto dela exalando uma atração encantadora.
Logicamente, não deveria lhe faltar pretendentes.
Helena torceu os lábios e explicou:
- Quando estava na universidade, tive um namorado com quem estive junto por quatro anos. - Helena fez uma pausa antes de prosseguir. - Seis meses atrás, ele me deixou por uma mulher mais influente e poderosa, e desde então minha mãe teme que eu esteja tão ferida pelo canalha que não queira me casar, então ela tem pedido a todos que me apresentem homens.
Ela estava apenas em uma fase de iniciar seu próprio negócio, sem tempo para romances.
Também não negava que, após quatro anos de relacionamento, ser deixada por dinheiro e status tinha sido uma grande dor.
Ao ouvir Helena falar sobre o término com o namorado, os olhos de Vinícius cintilaram, seu olhar se tornou profundo e enigmático.