Chapter 8 - Capítulo 8

Depois que Vinícius partiu, Raquel perguntou à amiga:

- Helena, ele é realmente seu marido? Quando se casaram? Eu não soube de nada. - Raquel fez uma pausa e continuou. - Mas, seu marido agora há pouco estava muito imponente, muito charmoso, definitivamente melhor do que aquele cafajeste do Arthur.

Helena voltou para o caixa e se sentou.

Raquel seguiu ela.

- Apenas fizemos a cerimônia civil, na verdade é... - Helena murmurou ao ouvido da amiga. - Minha mãe não para de arranjar encontros às cegas para mim, estou ficando louca com isso, então recorri ao Vini, o contratei para ser meu namorado falso, para enganar minha mãe e ter um pouco de paz.

Raquel ficou surpresa:

- Contratado? Até para fazer a cerimônia civil?

- Vini disse que resolveríamos tudo de uma só vez, ele é tão bonito e ainda é colega de universidade do meu irmão, o conheço há onze anos, se casar com ele não seria uma perda, então, fizemos a cerimônia civil.

Raquel tocou a testa de Helena algumas vezes, sussurrando:

- Você está louca, não tem medo de ser enganada? Não se pode julgar só pela aparência, você o conhece há onze anos, mas realmente o compreende?

- Não compreendo, mas no fim, ele é um conhecido.

Raquel ficou sem palavras:

- Espero que você não seja enganada. - Ela saiu do caixa. - Vou tentar me acalmar, fiquei chocada com a sua loucura.

Helena deu de ombros.

Um casamento relâmpago era assim tão assustador?

Afinal, ela tinha um contrato.

De repente, o som de uma nova mensagem de texto ecoou, o celular de Helena recebeu uma mensagem.

Ela pegou o celular para ver, era de Vinícius, informando que ele devolveria o apartamento alugado e que retornaria antes do jantar para comemorarem o fato de terem feito a cerimônia civil.

Helena sorriu, incapaz de evitar.

Não era verdade, comemorar o quê?

No entanto, ela não recusou o plano de Vinícius.

...

O Condomínio Estrela era um complexo residencial que combinava apartamentos de luxo com mansões, em um cenário magnífico e de fácil acesso.

Vinícius vivia em uma das inúmeras mansões que possuía, pois ela ficava perto da empresa, e ele quase sempre residia lá.

Sua verdadeira residência era a Mansão dos Soares, a mais famosa e misteriosa da cidade Estrela, localizada na região conhecida como Mansão do Céu Estrelado.

Era uma propriedade extremamente delicada, com arte em seu jardim, de grande beleza.

No entanto, se localizava longe da área ruidosa da cidade, e dirigir do centro até lá levava mais de uma hora.

O sistema de segurança era muito avançado; sem a permissão da família Soares, era impossível adentrar a Mansão do Céu Estrelado.

Se contava que a Mansão do Céu Estrelado era igualmente enigmática, com estranhos que adentravam podendo se perder e não conseguiam sair.

Um som de buzina ressoou, e Vinícius retornou à entrada do condomínio, tocando a buzina, e viu uma mulher de meia-idade se aproximando.

- Senhor. - A mulher de meia-idade o saudou ao abrir o portão do condomínio, com um sorriso no rosto. - O que traz o senhor de volta a esta hora?

Vinícius dirigiu até a garagem, saindo do carro para então responder:

- Tia Isabelly, vim buscar algumas roupas, não vou voltar para cá por um tempo.

Tia Isabelly já estava acostumada com essas idas e vindas de Vinícius:

- O senhor vai viajar a trabalho novamente?

O Grupo Rio Azul possuía muitas filiais, e embora fossem gerenciadas por outros membros da família, às vezes problemas pendentes requeriam a intervenção de Vinícius, o chefe da família.

- Não é isso.

- Então, para onde o senhor vai?

Vinícius, agora um homem casado, estava de excelente humor e não hesitou em compartilhar mais detalhes. Caminhando para dentro da casa, ele revelou:

- Tia Isabelly, parece que fui "adotado" por alguém.

Tia Isabelly parou por um momento, soltando uma risada:

- Senhor, não brinque assim. Quem poderia mantê-lo? Quem teria coragem?

O senhor era um membro da família Soares, apenas seguindo o sobrenome da mãe, mas ainda era o líder do Grupo Rio Azul.

Vinícius sorriu, sem se prolongar na explicação.

Ele subiu as escadas, voltou para o quarto e, no closet, procurou sem encontrar nada que lhe agradasse.

Se virando, ele saiu do quarto:

- Tia Isabelly.

Tia Isabelly apareceu rapidamente na escada.

- Tia Isabelly, chame o Otávio, por favor.

Otávio era o jardineiro responsável pelas plantas do jardim, quase da mesma idade que ele.

- Claro. - Tia Isabelly prontamente foi procurar Otávio, que chegou em menos de dois minutos.

Vinícius já estava no andar de baixo.

- Senhor, o senhor me chamou?

- Otávio, por acaso você comprou roupas novas para você?

Otávio piscou, confuso, mas respondeu honestamente:

- Sim, adquiri duas peças novas no Mercado Livre há alguns dias.

Ele passou os dias entre as plantas, se sujando de terra, então não precisava de roupas caras que pudessem ser danificadas.

- Me dê elas. Quanto custam? Eu te pago.

- O quê? - Otávio ficou atônito, duvidando do que ouviu.

Até a tia Isabelly pareceu muito surpresa.

- Senhor, minhas roupas foram adquiridas no Mercado Livre. - Otávio lembrou ao senhor.

- Eu sei, me dê elas, estou precisando com urgência. Não se preocupe, eu pago, e pago o dobro.

- Mas...

Otávio olhou para a tia Isabelly, buscando ajuda, e ela, não sabendo o que o senhor pretendia, mas acostumada a obedecer, disse ao Otávio:

- Se o senhor pediu, vá buscar.

- Está bem. - Após alguns minutos, Otávio entregou a Vinícius as duas peças de roupa novas que comprou no Mercado Livre. - Senhor, as roupas estão lavadas, nunca foram usadas.

Vinícius pegou as roupas, percebendo de imediato que a qualidade não se comparava à de suas próprias roupas, mas não mostrou desdém.

Ele retirou algumas notas de cem da carteira e as entregou a Otávio.

- Senhor, não é necessário tanto dinheiro.

- Pegue!

Com um olhar severo de Vinícius, Otávio se arrepiou e rapidamente aceitou as várias notas de cem.

Apesar de sua aparência gentil e educada, isso era apenas uma fachada.

Como poderia ser o líder do Grupo Rio Azul se fosse fraco e complacente?

- Tia Isabelly, aquela bicicleta que você usa para se exercitar, me empreste.

Tia Isabelly ficou sem palavras.

Sem se importar com a sua concordância, Vinícius, carregando uma mochila preta, saiu da majestosa casa principal.

Tia Isabelly voltou a si e correu atrás dele, gritando:

- Senhor, o que exatamente você está fazendo?

Será que ele realmente foi "mantido"?

Mas, sendo "mantido", não deveria se vestir melhor, comer melhor, usar coisas melhores?

Por que o senhor estava deliberadamente mudando sua imagem, querendo parecer uma pessoa comum, ou até mesmo pobre?

- Aqui está a chave do cadeado da bicicleta. - Tia Isabelly entregou a chave do cadeado da bicicleta para Vinícius. - Senhor, você me deixou completamente confusa.

Vinícius subiu na bicicleta, soltando uma bomba com um sorriso:

- Tia Isabelly, me casei. Sua esposa do presidente se chama Helena.

Tia Isabelly ficou extremamente confusa.

O senhor se casou?

A esposa do presidente se chamava Helena?

Helena?

Onde ela já ouviu esse nome?

Ah, sim, a protagonista daquele álbum de fotos que o senhor escondeu cuidadosamente na estante.

Esse álbum, tratado como um tesouro pelo senhor, só foi descoberto por ela ao limpar e arrumar o escritório.

O álbum estava cheio de fotos de uma garota da adolescência até a juventude, cada foto acompanhada de anotações manuscritas pelo senhor, detalhando a data e o local da foto, o nome da garota e sua idade de forma clara.

Anteriormente, todos pensavam que o senhor gostava da Srta. Nicole, a tia Isabelly também pensava assim, até encontrar aquele álbum e perceber que não era o caso.