O motorista saiu do carro e estava quase chamando o senhor de "senhor", à maneira da tia Isabelly, quando, após um leve toque dela, se recordou da mensagem que o senhor lhe enviou.
Se corrigindo prontamente:
- Vinícius, podemos ir agora?
O motorista tentou manter o tom de voz semelhante ao de um motorista de aplicativo, evitando qualquer formalidade excessiva, para não levantar suspeitas da esposa do presidente.
- Podemos sim. - Vini estava bastante satisfeito com a colaboração entre a tia Isabelly e o motorista, planejando aumentar o salário de ambos após o retorno da casa dos sogros.
Vinícius estendeu a mão para pegar os presentes da tia Isabelly, mas ela e o motorista, em um movimento coordenado, rapidamente colocaram todos os presentes no carro, o enchendo completamente.
Helena pensava que a tia Isabelly havia comprado coisas demais, mas não disse nada na frente do Vini para não constranger a tia Isabelly.
Afinal, a tia Isabelly estava fazendo um favor.
- Meu querido sobrinho, Lena, já está ficando tarde, é melhor irem logo. Me mandem uma mensagem quando chegarem. - Disse a tia Isabelly, após ajeitar as coisas, se virando e falando com um sorriso para o jovem casal.
- Tia Isabelly, minha bicicleta, por favor, cuide dela para mim.
- Claro. - Ali era o Hotel Soares, até a bicicleta do presidente podia ser deixada destrancada sem que ninguém ousasse tocá-la.
Vini disse isso como uma reação natural, para não levantar suspeitas em Helena.
Ele levou Helena para o carro, e ela acenou para tia Isabelly, se despedindo.
Assim que o carro partiu, Helena disse ao Vini:
- A tia Isabelly é muito carinhosa, ela deve ter uma ótima relação com a sua mãe, né? Ela te trata como se fosse seu próprio sobrinho.
A tia Isabelly trabalhava na família Soares havia mais de uma década, acompanhando o crescimento do Vinícius.
- Sim, é uma boa relação. - Vinícius mentiu sem demonstrar qualquer sinal, com total naturalidade.
O falso, em sua boca, soava como verdadeiro.
- Você deixou a tia Isabelly comprar coisas demais.
Vinícius, com um brilho nos olhos escuros e um sorriso nos lábios, disse:
- Oficialmente, estou indo conhecer os sogros. Na primeira visita, é importante deixar uma boa impressão para o seu pai e sua mãe.
Helena o olhou com admiração e elogiou:
- Vini, sendo tão dedicado, certamente terá um grande futuro, com promoções e aumentos salariais na empresa.
O motorista, ouvindo as palavras da esposa do presidente, quase não conseguiu conter o riso.
O senhor já era o detentor do poder no Grupo Rio Azul, como poderia receber uma promoção ou aumento?
- Já que peguei o seu dinheiro, devo fazer o trabalho direito. Com o dinheiro dos outros, se deve resolver os problemas deles de forma adequada.
Helena acenou em concordância.
- Helena, se você estiver cansada, pode se encostar em mim e dormir um pouco. Quando chegarmos, eu te acordarei.
- Você sabe onde é a minha casa?
- Não se esqueça de que eu e seu irmão fomos colegas de classe por quatro anos. Embora nós dois tenhamos mantido apenas uma amizade de colegas, eu ainda sei onde sua família mora. - Vinícius não deixou de pensar em estabelecer uma boa relação com Daniel.
Mas as personalidades deles eram completamente diferentes, dificultando a formação de uma amizade mais próxima, então permaneceram apenas como colegas e amigos.
No entanto, Vinícius conhecia muito bem a situação da família Lima.
Durante todos esses anos, ele nunca buscou incomodar Helena ativamente, mas tinha todas as informações sobre ela sob seu controle...
Helena riu:
- Eu tinha esquecido disso.
Quando Vinícius viu um fio de cabelo solto nela, usou os dedos para levantá-lo gentilmente e colocá-lo atrás da orelha dela.
Este gesto foi feito de forma muito natural e suave, e enquanto fazia, seus olhos escuros brilhavam olhando para Helena.
A curta distância, frente a frente, Helena não pôde deixar de exclamar novamente:
- Vini, você é realmente muito bonito.
Homens como o Vinícius realmente eram de alta qualidade, se comparados aos encontros arranjados que a mãe dela preparou, não havia comparação.
A cabeça do Vinícius baixou um pouco, se aproximando discretamente, enquanto seus lábios se curvavam em um sorriso afetuoso, quase fazendo com que Helena se perdesse nele.
Ela ouviu sua voz calorosa e envolvente:
- Você acha que, além de eu ser bonito, eu sou bom em outros aspectos?
Helena, que não percebeu Vinícius se aproximando, riu e disse:
- Tudo é bom, Vini realmente é um homem de alta qualidade. Eu só gastei cinco mil para alugar o Vini para ser meu namorado; eu que saí ganhando.
O motorista quase fez uma parada brusca.
Meu Deus!
A esposa do presidente só gastou cinco mil para alugar o senhor?
Essa não era o ponto.
O ponto era, o senhor e a esposa do presidente não eram realmente casados?
Então, por que a tia Isabelly estava tão feliz, dizendo a eles que agora tinham uma esposa do presidente, que o nome dela era Helena e que, daqui para a frente, quando a vissem, deveriam respeitá-la como respeitavam o senhor?
Não era à toa que a tia Isabelly não avisou as pessoas da Mansão dos Soares.
Afinal, o senhor foi "alugado" pela esposa do presidente para ser o namorado.
Felizmente, o motorista se recuperou a tempo de não fazer uma parada brusca.
Ele também não ousou olhar para trás, nem falar, tentando ao máximo diminuir sua presença.
Ao mesmo tempo, se sentia um pouco apreensivo, pois tinha acidentalmente ouvido um segredo do senhor.
O senhor iria matá-lo para silenciá-lo?
O olhar de Vinícius se tornou enigmático.
Essa mulher, ela não tinha nenhuma reação a ele.
Mas não importava, ele tinha uma vida inteira para fazê-la se apaixonar por ele.
Agora, era apenas o começo; ele não precisava se apressar.
- Realmente estou cansada; vou me encostar e tirar uma soneca, Vini, quando chegarmos, me acorde. - Helena se inclinou para trás no assento do carro, fechando os olhos para descansar.
Logo, ela adormeceu.
Depois que adormeceu, seu corpo começou a se inclinar descontroladamente em direção ao Vinícius.
Vinícius estava mais do que disposto a aceitá-la.
Cuidadosamente, ele a aconchegou em seus braços, permitindo que ela repousasse contra seu peito para dormir.
- Felipe. - Vinícius chamou com uma voz baixa.
O motorista, Felipe, imediatamente afirmou:
- Senhor, eu não ouvi nada.
Vinícius apertou os lábios, reconhecendo a discrição do Felipe:
- O que acontece entre mim e a Helena, vocês não devem divulgar. Quando for apropriado, eu mesmo a levarei de volta.
Helena não conhecia sua verdadeira identidade, e ele temia assustá-la.
Melhor ir com calma.
Quando os dois desenvolverem um sentimento mais profundo, ele revelará sua verdadeira identidade para Helena.
- Não se preocupe, senhor, nós guardaremos o segredo para o senhor. - Sabendo que o senhor foi "alugado" pela esposa do presidente, apenas eles sabiam.
Tia Isabelly, mesmo sendo a governanta, não falou com as pessoas da Mansão dos Soares, então eles certamente não diriam nada.
- Vocês cooperaram muito bem agora há pouco. Quando eu voltar, vou aumentar o salário de vocês.
O motorista ficou imediatamente feliz; receber dinheiro, claro, era motivo para alegria.
Ele disse sorrindo:
- Senhor, é nosso dever.
- De agora em diante, sempre que eu e a Helena estivermos juntos, vocês não devem me chamar de senhor. Helena ainda não sabe minha verdadeira identidade; eu temo assustá-la. - Se essa garota soubesse que ele era da família Soares, com certeza faria um escândalo para se divorciar dele.
Ele definitivamente não queria um divórcio.
Ele nunca se divorciaria nesta vida!
Felipe assegurou:
- Sim, eu garanto que não farei nenhum erro. - Após uma pausa, Felipe ainda perguntou. - Senhor, você e a Srta. Helena assinaram a certidão de casamento?
- Ela é a esposa do presidente de vocês; a certidão de casamento foi assinada, mas... Isso não diz respeito a vocês, saber demais não é bom para vocês. - Vinícius não entrou em detalhes sobre sua situação com Helena.