Chapter 9 - Capítulo 9

Tia Isabelly acabava de descobrir que, por dez anos, existia uma garota que o senhor secretamente amava!

- Tia Isabelly, estou partindo. - Vinícius se foi de bicicleta.

Helena era uma pessoa comum, e ele finalmente teve a oportunidade de entrar na vida dela.

Naturalmente, ele deveria diminuir sua posição social, primeiramente se integrando à vida dela como um igual, para então, aos poucos, conquistar seu afeto.

Tia Isabelly permaneceu olhando fixamente para o recém-marido que se afastava.

Quando voltou a si, bateu na coxa, desejando correr atrás dele para indagar mais detalhes, porém ele já havia sumido.

- O senhor não é justo, não é justo! - Tia Isabelly estava tão agitada que começou a caminhar em círculos.

Deixar cair uma notícia tão impactante sem explicar, fazendo com que seu coração ardesse de curiosidade, mas sem nenhuma resposta!

- Preciso falar com a Sra.Bianca, ela que mais se importa com o casamento do senhor. - Tia Isabelly disse para si mesma, se preparando para falar com alguém da Mansão dos Soares, mas, assim que atenderam a ligação, ela a desligou. - Os assuntos pessoais do senhor, se ele mesmo não os revela, eu também não devo, o trabalho vem em primeiro lugar!

Tia Isabelly temia que, ao falar com alguém da Mansão dos Soares, acabasse sendo demitida.

Onde mais ela encontraria um emprego tão relaxante e bem pago?

...

Um avião proveniente do País de Aurora pousou lentamente no Aeroporto Internacional da cidade Estrela.

Quando a porta da cabine se abriu, os passageiros começaram a desembarcar, se dispersando.

Vestida com um longo vestido simples, cabelos ondulados soltos e óculos escuros, Nicole, após descer do avião, olhou ao redor com um sorriso nos lábios:

- Cidade Estrela, estou de volta! Vini, estou de volta!

Tirando o celular da bolsa, Nicole prosseguiu caminhando enquanto fazia uma chamada para Bruno Pires.

Bruno, Vinícius e Nicole se conheciam desde crianças e brincavam muito juntos.

Contudo, à medida que cresciam, Bruno e Vinícius se tornaram rivais gradualmente.

Nicole não escolheu apoiar nenhum dos dois apenas porque se tornaram rivais; ao contrário, ela queria usar sua própria força para resolver a inimizade entre os dois.

- Bru. - Disse Nicole com um sorriso. - Voltei, acabei de desembarcar. Você pode vir me buscar?

Bruno, ocupado, iluminou seu rosto bonito com um sorriso ao saber que Nicole tinha voltado:

- Você voltou? Por que não me avisou com antecedência? Assim eu poderia estar te esperando no aeroporto. Sem problemas, estou indo te buscar agora.

- Eu queria fazer uma surpresa para vocês.

Bruno, consciente de que o "vocês" mencionado por Nicole incluía Vinícius, decidiu ignorar essa referência.

- Vou comer algo no aeroporto, dirija sem pressa. - As refeições do avião eram tão ruins que Nicole não as comeu e agora sentia fome.

- Certo, coma algo para não ficar muito faminta, mas também não se encha demais. Depois, te levo para comer no meu hotel. - Bruno disse, se levantando e contornando sua mesa de trabalho.

Os muitos documentos não resolvidos sobre a mesa não eram tão importantes quanto Nicole.

Nicole hesitou por um momento e, então, perguntou cautelosamente a Bruno:

- Bru, se você for organizar um banquete para celebrar meu retorno, poderíamos ir para o Hotel Soares? Eu chamaria o Vini.

A expressão de Bruno mudou levemente, mas ele não parou:

- Vinícius não virá. Mesmo que eu organize o banquete no Hotel Soares para celebrar seu retorno, você não o encontraria por acaso.

Vinícius nunca amou Nicole, sempre foi um desejo unilateral dela, uma suposição equivocada das pessoas ao seu redor.

Nem todos os homens e mulheres que cresciam juntos poderiam se tornar amantes ou cônjuges.

As pessoas ao redor não entendiam Vinícius tão bem quanto seu rival.

- Bem, então vamos para o seu hotel. - Nicole captou o descontentamento nas palavras de Bruno e não insistiu.

Ela ficou fora do país por muito tempo, e a inimizade entre os dois homens devia ter se aprofundado.

Ainda assim, era necessário que ela permanecesse por perto a longo prazo para resolver a inimizade entre eles.

- Nicole, quanto tempo você vai ficar desta vez? - Bruno perguntou com um sorriso, seu humor melhorando.

- Meu trabalho foi transferido de volta para o país, então, a menos que eu viaje a negócios, não deixarei a cidade Estrela. - Nicole, que foi para o exterior havia dez anos, ainda era considerada cidadã do País de Aurora, com seu registro civil mantido na cidade Estrela.

A família Soares tinha um ensinamento ancestral:

"Qualquer descendente que emigre não poderá mais participar da divisão da herança da família Soares."

Ela queria se tornar a próxima matriarca da família Soares, então não podia emigrar.

- Verdade? - Bruno ficou muito feliz. - Bem-vinda de volta, de fato, não há lugar como o nosso país.

Nicole sorriu.

Durante os dez anos no exterior, ela também teve alguns relacionamentos, mas esses homens não eram tão bons quanto Vinícius, nem comparáveis ao Bruno.

Sem comparação, não se sabe qual era realmente o melhor.

Com a comparação, ela aprendeu a valorizar.

Essa foi a razão pela qual Nicole transferiu seu trabalho de volta ao país, para perseguir Vinícius novamente, disposta a fazer qualquer coisa para se casar na família Soares.

...

O sol se pôs.

O céu ao entardecer era como fogo.

Vinícius voltou ao Café da Lua Crescente de bicicleta.

Nesse momento, não havia outros clientes na cafeteria.

Helena estava sentada no caixa, digitando no computador; parecia estar escrevendo algo.

Ao ver Vinícius entrar com uma mochila, ela perguntou casualmente:

- Vini, você já trouxe suas coisas?

- Sim.

Helena então fechou o documento.

Ela estava escrevendo um romance.

Como a cafeteria ainda estava no vermelho, para ganhar dinheiro, ela, que amava ler, tentou escrever um romance.

Surpreendentemente, conseguiu assinar um contrato.

Como era iniciante sem experiência prévia em escrita, o valor base que conseguiu foi de 30 reais por mil palavras.

A editora disse que seu começo foi tão impressionante que fizeram uma exceção para uma novata, dando a ela 30 reais por mil palavras.

Caso contrário, só poderia receber dez reais por mil palavras.

Helena valorizava imensamente o seu trabalho freelance.

Ela se levantava às três da manhã todos os dias para escrever seu romance e continuava escrevendo ao longo do dia, sempre que tinha tempo, e até tarde da noite, pois precisava atualizar dezesseis mil palavras diariamente.

Ao final do mês, após deduzir o imposto de renda, o pagamento por esses textos era suficiente para cobrir o aluguel da loja e ainda lhe restava mil ou dois mil reais para as despesas de vida.

Foi por causa de sua situação financeira apertada que seu namorado de quatro anos acabou se envolvendo com outra mulher mais influente, desprezando ela por não poder ajudá-lo na carreira nem sustentá-lo no cotidiano.

- Raquel, você fica no caixa hoje à noite? Vou levar o Vini ao meu apartamento alugado.

Raquel sorriu para Vinícius e respondeu:

- Pode ir, agora não tem muitos clientes; consigo me virar sozinha.

Helena guardou seu notebook, comprado no Mercado Livre, na bolsa, passou por trás do caixa e disse:

- Vini, vamos.

Vinícius, educadamente, disse à Raquel:

- Srta. Raquel, obrigado por cuidar da loja.

Raquel sorriu:

- Sou sócia da Helena aqui, tenho uma parte nesta loja; cuidar dela não é incômodo, é para mim mesma.

Mas por dentro, ela estava gritando:

"Não sorria para mim assim, ai, meu Deus! Ele é tão lindo! Mais bonito que os atores de novelas."

Helena era realmente audaciosa, alugando um homem tão bonito para ser seu marido.

"Não é à toa que ela escreve romances; tem ideias que uma pessoa como eu, que nem consegue escrever uma redação decente, jamais teria."

O jovem casal saiu da loja.

Helena olhou ao redor, mas não viu o carro usado de Vinícius, o carro esportivo:

- Vamos.

Vinícius subiu em sua bicicleta, deu um tapinha no assento traseiro e disse a Helena:

- Aqui é muito perto da minha empresa, então deixei meu carro lá e comecei a usar a bicicleta, assim não preciso me preocupar com o trânsito.

Helena, sem suspeitas, se sentou na parte de trás da bicicleta, enquanto dava um tapinha na mochila dele:

- Só tem essa mochila?

- Se você "cuidar" de mim, o que mais eu preciso?

Helena ficou sem palavras.