Helena suspirou aliviada, já não precisava mais pagar o aluguel exorbitante que vinha pagando.
De repente, o toque do celular de Vinícius soou abruptamente.
Ele dirigia e não atendeu, mas a pessoa do outro lado claramente não desistia e continuava ligando incessantemente.
Ele conseguiu, com alguma dificuldade, liberar uma mão do volante para pegar o celular do bolso da calça e, em seguida, o passou para Helena, que, confusa, aceitou o telefone:
- Estou dirigindo e não posso atender. Você pode ver quem está ligando?
Helena se sentiu desconfortável, mas também achou difícil recusar.
E, ao ver que o nome exibido era "Daniel", se sentiu ainda mais inquieta.
O toque do celular continuava a ecoar.
Daniel não sabia que sua própria irmã estava segurando o celular de Vinícius, nem que Vinícius estava ao volante, e ligou novamente.
Vinícius perguntou, confuso:
- Helena, quem está ligando? Por que você não atende?
- Vini, eu... Eu não me sinto confortável para atender sua ligação. - Helena tinha planejado como enfrentar sua própria família desde o momento em que decidiu contratar Vinícius como marido de aluguel, mas, ainda assim, ficou um pouco nervosa quando seu irmão ligou.
Ela precisava de um momento para ajustar seus sentimentos.
- É meu irmão quem está ligando. - Helena acrescentou.
Vinícius ficou um pouco surpreso; ele e Daniel eram colegas de universidade, mas tanto no campus quanto fora, sua relação com Daniel não era profunda, se mantendo apenas como colegas.
Depois de tantos anos desde a graduação, não haviam perdido completamente o contato, ocasionalmente se encontravam para tomar alguma coisa, e isso era tudo.
- Eu atendo. - Vinícius reduziu a velocidade do carro e, gradualmente, o estacionou à beira da estrada, em um local onde era permitido parar.
Pegou o celular das mãos de Helena e atendeu à chamada de Daniel:
- Dani, o que houve?
A voz de Vinícius era profunda e sedutora; Helena apreciava muito ouvi-lo falar.
Deixando de lado sua aparência, apenas ao ouvi-lo falar, Helena sentia que não havia feito um mau negócio ao alugá-lo para ser seu marido.
- Não é nada demais, só que meu calouro, Murilo, acabou de me ligar, dizendo que você se casou. Uma grande notícia assim, sendo eu seu bom colega de classe, de qualquer forma, eu tinha que ligar para te parabenizar imediatamente. - Daniel disse, rindo do outro lado da linha. - Vini, quem é essa garota? Muito impressionante, conseguiu conquistar você. Quando vai apresentá-la para a gente? Quando será o casamento? Eu quero ser o padrinho.
Na escola, Vinícius sempre foi uma pessoa que atraía muita atenção, aparentando ser gentil, mas, na realidade, distante e frio.
Muitas garotas nutriam uma paixão secreta por ele, tentando conquistá-lo, mas ele simplesmente as ignorava, sem dar a menor atenção a qualquer boato amoroso.
Quando Daniel soube dessa fofoca por Murilo, não conseguiu conter sua curiosidade e imediatamente telefonou para Vinícius.
Ele estava extremamente curioso para conhecer a garota que havia conseguido fazer com que essa pessoa tão observada se casasse com ela.
Vinícius ficou sem palavras.
Ele ignorou o fato de que Murilo, que gostava de falar dele para os outros, não era apenas seu amigo, mas também seu ex-calouro.
- Vini, vocês já estão com a certidão de casamento, por que esconder? Satisfaça a minha curiosidade ardente, conta aí.
Vinícius olhou em silêncio para a esposa do presidente com quem acabava de se casar oficialmente.
Helena entendeu imediatamente o que ele queria dizer.
Depois de respirar fundo algumas vezes, Helena pegou novamente o celular das mãos de Vinícius:
- Irmão, sou eu.
Do outro lado da linha, Daniel, ao ouvir a voz de sua própria irmã, ficou surpreso, afastou o celular do ouvido e olhou para a tela, se certificando de que realmente estava ligando para Vinícius, ainda em chamada.
Como poderia ser sua irmã atendendo:
- Helena, por que é você? Esse é o número do celular do Vinícius.
Helena, já ajustando seu ânimo, respondeu ao irmão seriamente:
- Irmão, a pessoa com quem o Vini se casou sou eu.
A voz de seu irmão era tão alta que as palavras anteriores já haviam sido claramente ouvidas por ela.
Daniel, do outro lado da linha, ao ouvir isso, deixou o celular escorregar das mãos e cair no chão.
Ele devia ter ouvido errado.
Como poderia, a mulher que se casou com Vinícius, uma pessoa tão observada, ser sua irmã!
No momento seguinte, Daniel se abaixou rapidamente para pegar o celular e exclamou:
- Helena, pode repetir? Com quem você se casou? Vinícius? Você o conhece? Você sabe que tipo de pessoa ele é? - Daniel fez uma pausa e continuou. - Você teve a audácia de se casar com ele? Desde quando você ficou tão audaciosa?
A ideia de sua irmã se casar com Vinícius deixou Daniel em desespero.
Mesmo tendo sido colega de Vinícius durante quatro anos, ele não conseguia entender os pensamentos de Vinícius, nem sabia onde Vinícius morava.
Daniel sabia que Vinícius não era a pessoa amável e acessível que parecia ser à primeira vista, mas sim alguém calculista, capaz de ser muito manipulador quando sorria.
Sua irmã era uma pessoa direta, sem muitas artimanhas.
Como ela poderia competir com Vinícius?
- Irmão, podemos conversar sobre isso amanhã? Amanhã terei um tempo. Mamãe quer que eu vá para casa amanhã, então levarei o Vini para conhecer os pais. - Assim que virem o Vinícius, nossa mãe definitivamente não arranjará mais encontros para ela.
Caso contrário, mesmo que ela dissesse ao telefone que tinha um namorado, a mãe deles não acreditaria.
Não era esse o objetivo de se associar ao Vinícius, para acabar com as pressões matrimoniais de sua mãe e ter uma vida tranquila?
Helena desligou o telefone antes que seu irmão pudesse fazer mais perguntas.
Embora ela não conhecesse Vinícius tão bem, eles se conheciam por onze anos, e ela acreditava que o Vinícius não era uma má pessoa.
Daniel, após ser desligado pela irmã, andava de um lado para o outro em seu pequeno escritório, murmurando para si mesmo sem parar:
- Vinícius, seu calculista, se casou com minha irmã. Helena, você realmente tem coragem, até casar com o Vinícius você ousa. Você pode competir com ele? - Daniel fez uma pausa e continuou. - Quando eles começaram a ficar juntos? Eles esconderam muito bem.
Enfim, o coração de Daniel estava uma bagunça total, e ele queria desesperadamente chegar ao lado de sua irmã para entender o que estava acontecendo.
Após a ligação de Daniel, Helena e Vinícius permaneceram em silêncio, nenhum dos dois falou.
Quando voltaram ao Café da Lua Crescente e Helena estava prestes a sair do carro, Vinícius perguntou suavemente:
- Helena, você se arrepende?
Helena se virou para olhá-lo; ele era elegante e bonito, até mesmo em roupas casuais não conseguia esconder sua aura refinada, e falava com suavidade, claramente um cavalheiro muito gentil.
Como ele poderia se tornar uma pessoa tão perigosa na boca de seu irmão? Como se ela estivesse em perigo estando com ele.
Helena achava que seu irmão estava exagerando.
- Vini, somos um casal por contrato, seguimos o acordo. Como eu poderia me arrepender? - Helena respondeu e, após pensar um pouco, acrescentou. - Eu, Helena, nunca faço nada que me faria arrepender.
Ela tinha considerado tudo cuidadosamente antes de propor a Vinícius que fingisse ser seu namorado. Vinícius sorriu:
- Certo, entendi.
Helena piscou, sentindo que havia um significado mais profundo nas palavras dele, mas, ao pensar mais sobre isso, não conseguiu discernir o que era.