- Helena. - Assim que Helena entrou na loja, sua sócia e amiga, Raquel Teixeira, veio ao seu encontro, apontando discretamente para o homem sentado na mesa do canto e sussurrando. - Seu ex-namorado veio; está te esperando aqui há um bom tempo.
Ex-namorado?
Helena olhou na direção indicada e, de fato, era seu ex-namorado, Arthur Rocha, com quem tinha mantido um relacionamento por quatro anos, antes de ele a deixar por outra mulher mais influente.
- O que ele quer aqui? - Murmurou Helena.
Já se passaram seis meses desde o término, e ela estava gradualmente se recuperando, mas isso não significava que ela desejasse ver Arthur.
Raquel fez uma careta:
- Como eu saberia o que ele quer? Ele entrou, pediu somente um copo de água e ficou sentado lá, imóvel, por tanto tempo que, se eu não o tivesse visto entrar, pensaria que ele estava morto.
Ela e Helena eram amigas próximas; Raquel acompanhou o relacionamento de Helena e Arthur do início ao fim e nutria um grande desprezo por homens como Arthur, que abandonavam suas parceiras por ambições pessoais.
Quando eles terminaram, Helena ficou tão abalada que passou dias em silêncio, o que realmente preocupou Raquel, que não economizou nas críticas a Arthur.
- Agora que ele está aqui, é um cliente. Devemos atendê-lo, mas se lembre de cobrar até mesmo pelo copo de água. - Depois de seis meses, Helena conseguia encarar Arthur com uma emoção controlada.
Como Raquel costumava dizer para consolá-la: "se alguém pode ser levado tão facilmente, então não era um amor verdadeiro."
Foi melhor ter descoberto quem ele realmente era antes de se casarem do que sofrer um divórcio depois de uma traição.
Raquel disse com um sorriso:
- Pode deixar, com certeza faremos a cobrança.
Helena começou a caminhar em direção ao interior do estabelecimento.
- Lena. - Arthur viu Helena e imediatamente se levantou, chamando ela com o mesmo carinho de antes.
Vinícius, que havia entrado logo atrás de Helena, ouviu Arthur chamando sua esposa do presidente pelo apelido carinhoso, "Lena".
Ele olhou para Arthur, seus olhos se estreitando, emanando uma aura perigosa.
Arthur tinha olhos apenas para Helena.
Vendo que Helena não queria falar com ele, ele se levantou rapidamente, puxou uma cadeira e caminhou em sua direção:
- Lena, podemos conversar?
Arthur tentou pegar a mão de Helena assim que se aproximou, mas ela desviou.
- Lena. - Disse Arthur, tentando persuadi-la. - Faz tempo que não nos vemos, vamos conversar direito.
Depois de meio ano, Helena parecia ainda mais madura e charmosa do que antes.
No fundo, Arthur não desejava ter terminado com Helena.
Afinal, estiveram juntos por quatro anos, e certamente havia sentimentos envolvidos.
Mas, como Helena, ele também vinha de uma família comum.
Depois de alguns anos enfrentando muitas dificuldades no mercado de trabalho, Arthur, sempre ambicioso, jurou a si mesmo que se tornaria um homem poderoso.
Por coincidência, a sobrinha do presidente da empresa manifestou interesse por ele e insistiu em se casar com ele.
Embora os pais da sobrinha do presidente tivessem falecido, o casal a tratava como se ela fosse sua própria filha, incluindo ela até mesmo nas ações da empresa.
Diante do interesse de uma mulher com tal status, Arthur não conseguiu resistir e, após estabelecerem um relacionamento amoroso, deixou rapidamente Helena.
Agora, com sua posição na empresa em ascensão, aqueles que outrora o oprimiram tiveram de se submeter a ele, tudo graças aos benefícios que sua atual namorada lhe proporcionou.
- Eu e o Sr. Arthur não temos nada para conversar.
- Lena, você ainda está brava comigo? Eu sei que lhe devo desculpas e estou aqui para pedi-las. - Arthur sorriu, pedindo desculpas, mas Helena não conseguia encontrar sinceridade em suas palavras.
Mesmo que pudesse, ela não aceitaria seu pedido de desculpas.
- Sr. Arthur, nós não somos íntimos, por favor, não me chame de Lena. - Helena falou e tentou se afastar novamente.
Arthur rapidamente estendeu a mão e segurou ela.
Desta vez, Helena não conseguiu evitar sua mão a tempo e foi agarrada por ele.
No instante seguinte, uma mão grande agarrou a mão de Arthur, que segurava Helena.
A força do aperto devia ter sido significativa, pois Helena notou uma mudança na expressão de Arthur, que logo soltou sua mão.
Vinícius estava ao lado de Helena, sua estatura era imponente, superando até mesmo a de Arthur.
Embora seu belo rosto não demonstrasse raiva, os olhos profundos fixados em Arthur fizeram-no sentir um arrepio, tal era a frieza daquele olhar.
- Quem é você? Não precisa se meter! - Arthur tentou retirar sua mão, mas sem sucesso.
Ele puxou com força, mas foi inútil, e seu rosto ficou rubro de esforço.
Vinícius olhou com desprezo para Arthur.
Quando Arthur tentou novamente puxar a mão com força, Vinícius a soltou.
Devido à força excessiva, ao ser solto, Arthur perdeu o equilíbrio, recuando alguns passos e acidentalmente esbarrando em uma mesa, se contorcendo de dor.
O desajeitado Arthur rapidamente se apoiou na mesa para se estabilizar, em seguida, se endireitou e ajustou o terno de vinte mil que vestia, alisando a gravata antes de olhar com raiva para Vinícius:
- Quem você pensa que é? Estou falando com minha namorada; não é da sua conta.
Vinícius virou a cabeça para olhar brevemente para Helena antes de fixar o olhar novamente em Arthur, com um sorriso sarcástico nos lábios:
- Como assim sua namorada? Eu não sabia que minha esposa do presidente tinha se tornado sua namorada.
Arthur ficou atônito.
Helena pensou consigo mesma, com uma ponta de ironia:
"Vini assumiu o papel de marido muito rápido. Se fosse ator, certamente alcançaria o nível de uma grande estrela."
Arthur, incrédulo, olhou para Helena e apontou para Vinícius, perguntando em descrença:
- Lena, é verdade o que ele disse? - Arthur fez uma pausa antes de continuar. - Você não estava em encontros arranjados várias vezes, sem sucesso? Você claramente ainda não me esqueceu; é por isso que não teve sucesso em tantos encontros.
Hoje, ao procurar Helena, Arthur soube que ela havia enfrentado várias tentativas fracassadas de encontrar um parceiro, o que o levou a acreditar que Helena ainda não o havia superado.
Com isso em mente, e agora que ele possuía status, posição e dinheiro, pensou em manter Helena como sua amante, compensando assim a beleza que faltava em sua atual namorada, a qual ele considerava uma perda para si.
Vinícius deu dois passos à frente, estendeu o braço e agarrou a gravata de Arthur, o trazendo para perto.
Então, com uma voz calma, mas carregada de aviso, disse algo que reverberou nos ouvidos de Arthur:
- Sr. Arthur, não é? Escute bem, Lena não é alguém que você pode chamar assim; ela é minha esposa do presidente. O único homem que pode chamá-la de Lena sou eu!
Helena quase aplaudiu.
Vini era tão assertivo! Contratá-lo para ser seu marido foi a decisão correta; não apenas evitou a pressão de sua mãe para se casar como também ensinou uma lição ao insolente.
No entanto, ouvir Vinícius chamá-la de "esposa do presidente" a deixou um tanto desconfortável.
Provavelmente porque eles haviam acabado de firmar um casamento de conveniência, e ela ainda não estava habituada.
- Você sabe por que a Lena não obteve sucesso em tantas tentativas de encontrar um parceiro? - Vinícius se virou para Helena, oferecendo a ela um sorriso gentil, o que acelerou seu coração.
Meu Deus, o sorriso do Vini se tornava cada vez mais cativante.
Quando Vinícius voltou sua atenção para Arthur, ainda sorria, e sua voz era suave, como se a pessoa que acabava de emitir um aviso severo não fosse ele.
Então disse:
- Porque Lena estava me esperando; por isso, ela não obteve sucesso em tantas tentativas.
Arthur ficou sem palavras.
Helena também ficou sem palavras:
"Aquilo era uma declaração de amor?"
Raquel observava tudo com interesse.
Arthur demorou para se recuperar da fala.
Desafiadoramente, provocou Vinícius:
- Além desse rosto pálido e bonito, o que mais você pode oferecer a Helena? Você não tem nada a oferecer; além disso, ainda vai depender dela.