Chapter 3 - Capítulo 3

Helena refletiu por um momento e, em seguida, fixou o olhar em Vinícius, o homem a quem conhecia por onze anos.

Mesmo que se tornassem marido e mulher de fato, ela considerou que não haveria desvantagens:

- Então, vamos assinar um contrato, um casamento contratual.

Os olhos de Vinícius se iluminaram:

- Certo, quem redige o contrato, você ou eu?

Helena respondeu prontamente:

- Eu redijo. Após finalizá-lo, mostrarei a você. Se concordar que está adequado, assinaremos e o casamento contratual servirá para cessar os sermões sobre casamento da minha mãe e me trazer paz.

Vinícius sorriu:

- Então, redija agora. Após concluir, me apresente. Se não houver problemas, podemos ir ao cartório esta tarde para formalizar tudo. Por coincidência, estarei livre à tarde.

Helena se sentiu ligeiramente confusa.

Por que parecia que Vinícius estava mais ansioso que ela?

Devia ser imaginação dela.

Sr. Vinicius apenas queria ajudá-la.

- Certo, vou redigir. Em instantes, imprimirei duas cópias do contrato. Sr. Vinicius, fique à vontade e desfrute de alguns petiscos enquanto espera. - Helena falou isso ao se levantar.

Vinícius assentiu com um sorriso, gestualizando com os olhos para ela proceder como desejasse.

Se levantando, Helena se recordou do local em que se encontravam e olhou ao redor, nervosa.

Os demais clientes, ou estavam degustando seu café ou conversando com amigos, sem dar maior atenção a ela.

Parecia que o teor da conversa entre ela e Vinícius não foi percebido pelos outros.

Helena suspirou aliviada e se apressou em elaborar o contrato de casamento.

Após Helena se afastar, Vinícius retirou o celular e realizou uma chamada.

Assim que sua secretária, Sarah, atendeu, ele instruiu em tom baixo:

- Sarah, reagende a reunião das três da tarde para a próxima segunda-feira, às nove da manhã.

Sarah se mostrou um pouco surpresa, considerando a importância da reunião da tarde, mas não questionou, respondendo com respeito:

- Certo, Presidente Vinícius.

Vinícius desligou o telefone.

Meia hora depois, Helena retornou com duas folhas de papel, entregando uma delas a Vinícius antes de se sentar.

Ela disse em voz baixa a Vinícius:

- Sr. Vinicius, por favor, examine o contrato que redigi.

Vinícius pegou a folha, colocou o contrato sobre a mesa e começou a examiná-lo atentamente.

Helena havia estabelecido quatro condições:

Primeira:

"Vinícius se compromete a atuar como namorado (ou marido) de Helena, recebendo uma remuneração mensal de cinco mil reais, a qual inclui alimentação, hospedagem e duas mudas de roupa para cada estação do ano."

Segunda:

"Durante o período contratual, se uma das partes encontrar o verdadeiro amor, poderá rescindir o contrato antecipadamente, sem necessidade de compensação."

Terceira:

"Ao longo do contrato, ambas as partes se comprometem a não interferir na vida privada uma da outra."

Quarta:

"Caso nenhuma das partes encontre o verdadeiro amor durante o período do contrato, este terá duração de um ano."

Helena falou, um tanto envergonhada:

- Sr. Vinicius, inaugurei minha cafeteria no ano passado e enfrentamos prejuízos. Este ano, embora já não estejamos no vermelho, ainda não alcançamos lucro, então é o máximo que posso oferecer. Contudo, asseguro sua alimentação e hospedagem.

Vinícius respondeu despreocupadamente:

- Não tem problema, eu tenho o meu emprego.

Ele então perguntou a Helena:

- Posso fazer algumas alterações neste contrato?

Helena assentiu rapidamente:

- Claro, se houver algo de que você não goste, apenas fale.

Vinícius pediu uma caneta a Helena e, depois de recebê-la, riscou a terceira condição do contrato, devolvendo o papel a Helena e dizendo:

- O contrato só precisa de três condições. Imprima duas cópias novamente, e então assinaremos e colocaremos as nossas impressões digitais.

A partir de agora, ele, Vinícius, seria "mantido" por Helena.

Helena olhou para a cláusula que ele havia riscado, franzindo a testa, e depois de vários minutos, como se tivesse decidido algo, não disse mais nada e seguiu as instruções de Vinícius, imprimindo duas cópias do contrato.

Ambos assinaram os nomes e Helena trouxe um carimbo de tinta, com o qual ambos marcaram as suas impressões digitais no documento.

Vinícius levantou a mão direita para olhar o seu relógio de pulso e disse a Helena:

- A essa hora, o cartório ainda está aberto. Vamos agora fazer o registro.

Helena hesitou:

- Mas, Sr. Vinicius, eu só tenho a minha carteira de identidade. O livro de registro familiar está com a minha mãe.

Voltar para pegar o livro de registro familiar levaria várias horas e, nesse tempo, o cartório já estaria fechado.

Vinícius sorriu e disse:

- Você tem a sua carteira de identidade, podemos ir à delegacia e fazer uma declaração, isso também serve para realizar o procedimento de casamento. Por sorte, tenho amigos trabalhando tanto na delegacia quanto no cartório.

Helena se sentiu um pouco confusa novamente, parecia que Sr. Vinicius estava mais ansioso do que ela.

Minutos depois, Vinícius levou Helena para fora da cafeteria.

Ele a guiou até um carro esportivo, destrancou o carro e gentilmente abriu a porta para Helena, sinalizando para que ela entrasse.

Olhando para o luxuoso carro diante dela, e sob a influência do seu irmão que era muito apaixonado por carros, Helena reconheceu que este tipo de veículo valia vários milhões de reais.

Sr. Vinicius era rico?

Percebendo a confusão de Helena, Vinícius explicou:

- Eu comprei este carro de segunda mão de um amigo de um amigo, custou apenas alguns milhares de reais, ajuda a manter uma certa imagem quando estou fora.

Helena ficou sem palavras.

O carro do Sr. Vinicius, se fosse novo, custaria milhões de reais.

Mesmo sendo de segunda mão, certamente valeria mais do que alguns milhares de reais, especialmente parecendo tão novo.

Mas isso era assunto do Sr. Vinicius, e ela não queria se intrometer.

Depois que Helena entrou no carro, Vinícius fechou a porta para ela e pegou o celular para fazer uma ligação.

Em menos de dois minutos, Vinícius entrou no carro e, enquanto colocava o cinto de segurança, disse a Helena:

- Já falei com meu amigo, vamos à delegacia fazer a declaração e depois ao cartório para realizar o procedimento.

Helena assentiu:

- Sr. Vinicius, os seus amigos são realmente incríveis.

Vinícius sorriu; os seus amigos eram, de fato, muito eficientes.

O carro começou a se mover, e Helena, cautelosamente, começou a perguntar sobre a vida de Vinícius, pois, embora se conhecessem por onze anos, não eram próximos, e até o seu irmão sabia pouco sobre a situação de Vinícius.

- Sr. Vinicius, onde você mora? Onde trabalha? - Após perguntar, Helena rapidamente explicou. - Não é que eu queira investigar a sua vida pessoal, mas já nos conhecemos há onze anos e eu ainda não sei onde você mora. Agora que vamos nos casar por contrato, acho que deveria saber onde você vive.

Vinícius respondeu com bom humor:

- Moro no Condomínio Estrela, que fica um pouco longe do meu trabalho. Por isso, aluguei um apartamento lá, para evitar a viagem de volta todos os dias. Trabalho no Grupo Rio Azul.

Ao ouvir que ele morava de aluguel, Helena suspirou aliviada, temendo que ele tivesse uma identidade complicada que pudesse trazer problemas para ela, como seus pais achando que eles não eram compatíveis e oferecendo um cheque de cinco milhões para que ela se afastasse.

- As condições no Grupo Rio Azul são boas, não são? Os apartamentos no Condomínio Estrela são bem caros, o aluguel mensal não é baixo. - De qualquer forma, ela não tinha dinheiro suficiente para alugar um apartamento no Condomínio Estrela.

Vinícius respondeu pacientemente:

- As condições no Grupo Rio Azul são muito boas. Entrei lá logo após me formar na universidade e tenho trabalhado lá por vários anos. A renda é suficiente para me sustentar. - Ele olhou de relance para Helena e acrescentou. - Mesmo depois de casado, posso sustentar uma esposa do presidente e filhos.

Helena elogiou:

- Naturalmente, o Sr. Vinicius é realmente um homem de qualidade.

Vinícius aceitou o elogio com um sorriso.

Uma hora depois.

No cartório.

Um homem da mesma idade, que Vinícius estava esperando na entrada, avançou de forma sorridente ao ver o carro de Vinícius se aproximando lentamente.

Quando o carro parou, seu sorriso era tão brilhante que poderia competir com o sol no céu.

Vinícius e Helena desceram do carro, um após o outro.

O homem olhou para Helena e perguntou com um sorriso a Vinícius:

- Sr. Vinicius, esta é a minha cunhada?

Vinícius se virou para Helena, que, sem timidez aparente, estavam apenas fingindo ser um casal , estendeu a mão direita de forma confiante:

- Olá, meu nome é Helena.