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Zarte e O Olho Negro

Zarithon1
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Synopsis
#Horror #Pós-Apocalíptico #Sobrenatural #Dark Fantasy E se você começasse a ter visões do fim do mundo… e elas fossem reais? Zarte, um jovem de 23 anos, vê sua realidade desmoronar quando visões apocalípticas começam a assombrar sua mente. Ele vê cidades em ruínas, sombras famintas rastejando pela escuridão, criaturas impossíveis espreitando entre os destroços e um céu que sangra em tons vermelhos. Mas o pior vem quando essas visões começam a se tornar reais. Quando o caos finalmente irrompe e o mundo se parte ao meio, Zarte desperta um poder que nunca pediu—o Olho Negro. Uma força antiga e faminta que sussurra segredos proibidos e lhe concede habilidades além da compreensão humana. Mas há um preço. Sempre há um preço. Agora, preso entre um mundo que desmorona e outro que emerge das sombras, Zarte precisa encontrar respostas antes que tudo o que ele conhece seja consumido. Criaturas abissais espreitam na escuridão. A própria realidade se desfaz diante de seus olhos. E algo terrível se aproxima, algo que nunca deveria ter sido despertado. O que você faria se o fim do mundo já tivesse começado… e você fosse a única pessoa capaz de detê-lo?
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Chapter 1 - O Início do Fim

Ah, sim, quando tudo começou… Isso já faz tanto tempo, mas até hoje eu nunca me esqueci daquela noite.

O céu estava estranho naquela noite. A cidade, normalmente vibrante, parecia ter adormecido, mas não de forma tranquila. A quietude era espessa, como se algo estivesse esperando, observando. Eu estava sozinho, sentado em um banco de praça que já não lembrava o que era antes. As árvores, com seus galhos secos e quebrados, se curvavam de maneira tortuosa, criando uma rede de sombras que dançavam à luz de um poste solitário. O vento passava com uma frequência tão baixa que quase me fazia questionar se o ar estava preso ali, congelado.

A praça, que um dia foi um ponto de encontro movimentado, agora estava abandonada. O asfalto rachado e as lixeiras entulhadas denunciavam o abandono. Havia um cheiro de terra úmida no ar, como se as raízes das árvores estivessem absorvendo mais do que o esperado, engolindo até mesmo as memórias dos dias passados. Não havia alma viva ao meu redor, a não ser o eco distante dos meus próprios passos. De alguma forma, o mundo à minha volta parecia sufocado, uma quietude impossível de ignorar.

Foi então que aconteceu.

A luz vermelha desceu do céu como uma lâmina, rasgando o pano da noite. Não era como um raio comum, nem algo que pudesse ser explicado pela lógica. Era como se o próprio céu estivesse se rasgando para me mostrar algo que eu não estava preparado para ver. A intensidade da luz me cegou imediatamente, ofuscando tudo à minha frente. Eu tentei fechar os olhos, mas o calor era insuportável, como se meu corpo estivesse sendo consumido por dentro. O brilho vermelhante se refletia nas poças de água ao meu redor, fazendo tudo parecer em chamas.

A sensação de estar sendo engolido pela luz foi avassaladora. Eu não sabia se estava morrendo ou se estava apenas sendo consumido pela presença dessa força. O som do vento, o farfalhar das folhas secas, tudo desapareceu. Só restava o calor insuportável e a dor que rasgava minha visão. Meus olhos começaram a arder, como se estivessem sendo forçados a ver algo além da minha compreensão. Algo muito maior e mais profundo.

Meus pés vacilaram, e eu caí de joelhos no chão frio. A dor que eu sentia era física, mas algo dentro de mim dizia que não era apenas o meu corpo que estava sendo dilacerado. Eu sentia algo escorrer pelo meu rosto, algo quente e denso, e ao colocar as mãos sobre meus olhos, percebi que o sangue estava escorrendo. Mas não era sangue comum — era algo diferente, algo que não deveria estar ali.

Eu gritei, mas a dor foi mais forte que minha voz. A praça ao meu redor começou a desaparecer, o mundo se distorcendo, e no lugar de uma realidade sólida, tudo começou a virar uma confusão de sombras e luz vermelha, como um pesadelo que tomava forma.

A presença chegou sem aviso. Não a vi, mas a senti. Uma pressão invisível, algo que estava observando cada movimento meu. Eu tentei gritar, pedir ajuda, mas minha voz foi engolida pela luz, pela dor. Nada fez sentido, até que o vazio se instalou, como se o próprio ar ao meu redor tivesse se tornado uma prisão.

Não sabia mais se estava sonhando ou se estava vivendo um pesadelo real. O que aconteceu com a praça? Com o mundo? As árvores, que antes pareciam sombras inofensivas, agora se contorciam em formas grotescas, como se o próprio tecido da realidade estivesse se desintegrando. Eu estava perdido, mas sabia que algo estava prestes a acontecer. Algo que eu não poderia evitar.

E então, vi. Ou melhor, senti.

A batalha.

Era como se algo tivesse me transportado para outro lugar, outro tempo. O campo de batalha estava diante de mim, mas eu não estava lá fisicamente. Eu estava vendo, sentindo, tudo acontecendo de dentro de mim. O cheiro de sangue, de morte, era intenso. O solo estava encharcado com a dor de mil corpos caídos. Eu vi, como se estivesse realmente ali, o último grito de muitos que haviam caído ao meu redor.

Os guerreiros, que por alguma forma pareciam ser meus companheiros, estavam mortos. Cada um deles caído de uma forma brutal, como se a morte fosse um prenúncio inevitável. As sombras ao redor de mim dançavam, como se estivessem se alimentando da miséria dos caídos.

Eu estava sozinho.

Mas, ao longe, pude ver os membros da Sociedade do Sol Crescente. Seus mantos reluziam com uma luz estranha, ofuscante. O líder deles se destacava entre todos. Seus olhos eram frios, calculistas, e seu sorriso parecia o próprio reflexo da morte. Ele sabia que o jogo já havia sido ganho.

"Você perdeu." A voz dele reverberou no ar, cortando o silêncio da batalha. Mas não era apenas a sua voz. Era uma sensação, um pressentimento de que a guerra já estava perdida antes mesmo de começar.

Mas então, algo estranho aconteceu. Pude ver um Olho Negro se manifestando no lugar do meu olho direito. Era de tarde, mas quando aquele olho negro começou a sobrepor o castanho escuro do meu, pude ver o céu escurecer junto com ele. Eu não fazia ideia de como isso era possível, mas quanto mais escuro meu olho ficava, mais negras eram as nuvens que cobriam o céu. E, quando meu olho direito ficou totalmente preto, parecia que a noite tinha chegado antes do tempo. O vento começou a correr com fúria.

Em fúria, a terra começou a tremer sob meus pés, como se não aguentasse o peso do meu corpo. Raios de cores estranhas corriam pelo céu negro, e uma energia estranha parecia envolver o meu corpo.

Foi então que eu escutei: "Perder? Há anos que eu parei de me ver perdendo uma luta, quem dirá contra vermes que serão massacrados até a morte."

Nessa hora um arrepio percorreu o meu corpo. Aquilo parecia eu, mais velho, mais maléfico e do mal. Seu sorriso, enquanto falava com tanta certeza, me fazia tremer todo. Era como ver algo que não deveria existir neste mundo, algo medonho e tenebroso.

Eu vi o poder dentro de mim, algo que naquele momento eu não fazia ideia de onde vinha. Mas era algo que não poderia mais ignorar. A escuridão dentro de mim se espalhou, e eu senti sua presença como nunca antes. Não era um aliado. Era uma força avassaladora, desconhecida, que agora parecia me controlar.

A realidade começou a se desintegrar novamente. Mas, desta vez, não era o medo que me consumia. Era a fúria.

Eu estava de volta à praça, mas o que eu havia visto ainda estava dentro de mim. As imagens, as memórias, a batalha — tudo parecia tão real. Mas como? O que eu tinha visto? Era real? Ou apenas uma premonição? Eu não sabia, mas o peso no meu peito me dizia que o que eu havia experimentado não era algo passageiro. Algo estranho estava por vir.

Eu, de alguma forma, sentia uma necessidade, como se precisasse estar pronto para o que eu ainda não sabia.

E algo me dizia que algo muito errado estava apenas começando.