Na vasta extensão da savana africana, Keyon cresceu cercado por histórias e mitos que seu avô, um renomado griot (contador de histórias), narrava com entusiasmo à luz do fogo. Keyon sempre ouvira falar de deuses antigos e dos feitos lendários de heróis que ousaram desafiá-los, mas nunca imaginou que seu destino o colocaria no centro dessas lendas.
Aos 21 anos, Keyon já era conhecido em sua terra natal, Moçambique, por seu espírito aventureiro e habilidades impressionantes em artes marciais. Tendo treinado desde jovem com mestres locais, ele dominava várias técnicas de combate, adaptando-as com criatividade e eficácia. Além disso, sua paixão por mitologia e história o tornava um autodidata, capaz de discutir sobre civilizações antigas com qualquer estudioso.
Foi essa curiosidade que o levou ao Egito, numa expedição arqueológica às grandes pirâmides de Gizé. Keyon trabalhava como guia e tradutor para uma equipe internacional que explorava um complexo subterrâneo recém-descoberto. Algo na energia do lugar o fascinava, uma sensação inexplicável de estar à beira de algo grandioso.
Naquela noite, enquanto a equipe descansava, Keyon decidiu explorar uma passagem que os arqueólogos haviam considerado perigosa demais. Com uma lanterna em mãos e uma lança tradicional que sempre carregava consigo, ele desceu sozinho, motivado por sua inquietação e desejo de aventura.
Dentro do túnel estreito, Keyon encontrou inscrições antigas nas paredes que descreviam um ritual proibido para invocar Hórus, o deus egípcio do céu e da guerra. Intrigado, ele começou a ler as palavras em voz alta, sem perceber que sua pronúncia fluente estava ativando algo muito além de sua compreensão.
Um vento poderoso encheu o túnel, apagando sua lanterna e deixando-o na escuridão. Uma luz azul intensa surgiu, revelando a forma de Hórus em toda sua glória divina: um jovem imponente com cabeça de falcão, olhos que brilhavam como o sol e um cetro que parecia conter o poder do firmamento.
— Mortal insolente, você ousa me perturbar em meu descanso eterno? — a voz do deus ressoou, misturando fúria e curiosidade.
Keyon não era do tipo que recuava diante de uma ameaça. Mesmo com o coração batendo forte, ele ergueu sua lança, determinado a se defender.
— Eu não pretendia ofendê-lo, mas já que está aqui, não recuarei se quiser lutar.
Hórus riu, uma risada que ecoou como um trovão. "Muito bem, mortal. Mostre-me sua coragem, e talvez eu o deixe viver."
O duelo que se seguiu parecia um espetáculo de outro mundo. Hórus atacava com rajadas de vento e luz, enquanto Keyon, com reflexos sobre-humanos, desviava e contra-atacava usando técnicas que combinavam força, agilidade e inteligência. Mesmo sem poderes divinos, ele conseguiu ferir o deus levemente ao usar sua lança para desviar a energia de um golpe direto.
Porém, Hórus era um deus, e sua força superava em muito a de Keyon. Em um momento crítico, o deus convocou um tornado de energia que lançou o jovem contra as paredes do túnel. Ensanguentado e quase derrotado, Keyon lembrou-se de uma inscrição que havia lido anteriormente sobre a fraqueza de Hórus: o olho esquerdo.
Num ato de puro instinto, ele arremessou sua lança com todas as forças, atingindo o olho esquerdo do deus e rompendo seu poder momentaneamente. Surpreso e enfraquecido, Hórus recuou, mas o dano já havia sido feito. A lança havia penetrado sua essência divina, e o deus caiu, sua energia fluindo em direção a Keyon.
Keyon caiu de joelhos, sentindo um poder imenso invadir seu corpo. Imagens de Hórus e suas memórias divinas inundaram sua mente: batalhas antigas, segredos do universo e uma conexão com o próprio céu. Ele sentiu sua força física e espiritual crescerem além dos limites humanos, e quando abriu os olhos, percebeu que havia se tornado algo mais.
Quando emergiu das ruínas, a equipe arqueológica ficou perplexa com sua aparência: seus olhos brilhavam com uma luz dourada, e uma aura poderosa emanava dele. Keyon, no entanto, sabia que sua jornada estava apenas começando.
Nos dias seguintes, Keyon descobriu que havia se tornado um Campione, um matador de deuses. Ele sentia a necessidade irresistível de entender mais sobre esse novo poder, e suas pesquisas o levaram a descobrir sobre outros Campiones, como Godou Kusanagi, na distante terra do Japão.
Mas Keyon não queria ser apenas um Campione. Ele queria crescer ainda mais forte e provar seu valor desafiando outros deuses. Seu foco voltou-se para as divindades africanas que, segundo suas pesquisas, ainda vagavam pelo continente.
Com sua lança sempre em mãos e uma determinação inabalável, ele partiu para caçar deuses e reunir aliados poderosos. Keyon sabia que sua jornada o levaria a enfrentar perigos ainda maiores, mas ele estava preparado. Afinal, não era mais um simples mortal — ele era Keyon, o oitavo Godslayer.
E sua lenda estava apenas começando.