O horizonte, agora tingido de uma mistura de dourado e vermelho, refletia a tensão que ainda pairava no ar. O poder de Aganju havia sido finalmente quebrado, sua presença já não mais marcando o cenário devastado. As ruínas de seu domínio estavam quietas, como se o próprio solo se lamentasse pela queda do deus da terra e do fogo. Era estranho, pensou Keyon, como o fim de um deus tão poderoso parecia tão… pacífico. A morte de Aganju não havia sido uma vitória fácil, mas para Keyon, a batalha era mais do que apenas uma questão de força. Ela era uma questão de ascensão, de provar a si mesmo que ele, como Campione, estava além de tudo o que até mesmo os deuses poderiam compreender.
Ele se encontrava em pé, suas botas cravadas no solo quente e quebrado, o calor ainda queimando o ar ao seu redor. Em sua mão, a lança que havia sido forjada com o poder de Hórus, Oxú, Osíris e agora Aganju, brilhou intensamente. A arma agora refletia a fusão de todos esses poderes divinos, algo que poucos, se não nenhum, deus poderia sequer imaginar possuir. E, mais importante ainda, ela agora representava o controle absoluto que Keyon tinha sobre os destinos dos deuses que uma vez caminharam sobre a Terra.
Ao seu lado, Cleo, sua fiel cavaleira, estava silenciosa, mas a intensidade de seu olhar era inegável. Ela havia observado a batalha com uma mistura de respeito e cautela. Cleo era uma guerreira de uma habilidade notável, mas o que Keyon agora possuía ultrapassava os limites do que qualquer ser humano ou divino poderia compreender. Ela sabia que se unisse àqueles como Keyon, não haveria mais lugar para incertezas. Seria apenas uma questão de tempo até ele tomar seu lugar entre os maiores seres do universo.
Mas o que mais surpreendia Cleo não era apenas o poder avassalador de Keyon. Era a maneira como ele parecia se equilibrar entre a arrogância e a humildade, entre o desejo insaciável de poder e a compreensão das suas próprias limitações. Ele não era um deus em si, mas algo ainda maior: ele era o Campione. Ele havia transcendido a necessidade de deuses, apenas para assumir seu próprio lugar como o governante do destino.
Logo após a derrota de Aganju, uma presença surgiu no horizonte. Cleo já havia notado a chegada, mas foi Keyon quem primeiro reconheceu a silhueta que se aproximava com passos firmes. Era a mensageira de Aganju, que antes havia sido a portadora das palavras do deus, uma figura de força e graça inquestionáveis. Sua forma, que antes emanava a imponência de um deus, agora estava marcada com uma aura de transformação. A derrota de seu senhor não havia destruído seu espírito, mas lhe conferira uma nova perspectiva. Ela, como tantos outros, agora se encontrava diante de Keyon, o Campione, e estava pronta para aceitar sua nova realidade.
Ela se aproximou, os olhos cintilando com uma mistura de desafio e aceitação. Embora tivesse sido uma mensageira, seus olhos agora carregavam uma nova determinação, um brilho que apenas aqueles que haviam presenciado a queda de um deus poderiam entender.
"Eu sou Nayara," disse ela, a voz firme, mas com uma suavidade que revelou uma aceitação silenciosa. "Fui criada para servir a Aganju, mas sua derrota… minha lealdade já não faz sentido. Se o poder de Keyon é maior do que o de qualquer deus, então é nele que devo confiar."
Keyon observou Nayara com um olhar profundo. A maneira como ela falava, sem medo e com uma sinceridade esmagadora, fez com que ele não apenas a reconhecesse como uma aliada potencial, mas como alguém que poderia se tornar uma peça importante em sua jornada. Ela não era uma simples mensageira, mas uma criatura de poder inegável, alguém que, com o tempo, poderia se tornar uma força de peso dentro do grupo.
"Você sabe como é," Keyon respondeu com um sorriso calculado. "Os Campiones não aceitam fraquezas. Se você está disposta a se juntar a mim, terá que provar que pode lidar com isso."
Nayara fez uma pausa, o olhar penetrante de Keyon não deixando espaço para hesitação. Ela sabia que este era o teste final, o momento em que sua própria existência seria redefinida por sua escolha. Ela não hesitou, seu corpo se endireitou e, com uma ligeira reverência, ela se curvou para ele.
"Sim, Campione Keyon. Estou disposta."
Com isso, a mensageira de Aganju se tornou parte do grupo, e as consequências dessa decisão reverberaram como um eco em todo o campo de batalha. Nayara, com sua força divina ainda presente, não seria mais uma mera serva. Ela se tornaria uma aliada inestimável, uma força ao lado de Keyon, com poderes que, embora diferentes dos de seus companheiros, ainda poderiam ser manipulados para fortalecer o time. Sua lealdade agora não estava mais com os deuses, mas com aquele que possuía o poder de os derrubar.
Cleo, ao observar a transformação de Nayara, se aproximou com cautela. Ela sabia que a relação entre Keyon e Nayara seria fundamental para o futuro do grupo. Mas, assim como sempre fizera, Cleo não hesitou em aceitar a nova dinâmica. Ela sabia o que era ser leal a um Campione, a sabedoria que vinha de servir ao maior. Ela já havia decidido seu lugar ao lado de Keyon, e agora, com Nayara ao seu lado, ela se sentia mais confiante do que nunca. Juntas, elas formavam uma unidade que nada poderia quebrar.
"Você fez a escolha certa," disse Cleo, seu tom amigável, mas com a autoridade que só uma cavaleira poderia ter. "Agora, temos mais uma aliada. E mais um poder ao nosso favor."
Nayara, com os olhos firmes em Cleo, assentiu. Não havia mais desconfiança entre elas, apenas uma compreensão silenciosa de que todas agora caminhavam juntas sob a liderança de Keyon. O Campione não era mais apenas um homem; ele se tornava um símbolo de algo muito maior. Ele representava o poder dos deuses, o controle absoluto, e, mais importante, a capacidade de reescrever as leis do universo.
"Eu percebo," Nayara respondeu, suas palavras carregadas com uma sabedoria antiga, mas nova para ela. "O poder de Keyon… é mais do que força. Ele transforma o próprio destino. Eu vi isso com Aganju. E eu vejo isso agora."
Keyon sorriu de forma enigmática, olhando para o grupo agora reunido. Ele sabia que, embora tenha derrotado deuses e tomado seus poderes, seu maior desafio estava apenas começando. O mundo estava mudando, e ele, como Campione, seria o agente dessa mudança. Junto a Cleo, Nayara e os outros que se uniriam a ele, Keyon estaria pronto para continuar sua jornada, caçando mais deuses, desafiando os limites do poder e reescrevendo o curso da história.
"Agora," Keyon disse, sua voz profunda e autoritária, "o que fizemos até aqui foi apenas o começo. Temos muito mais a conquistar, e eu farei com que cada deus que cruzar nosso caminho entenda que eles são apenas peças no meu tabuleiro. E o próximo movimento é meu."
Com isso, o grupo se preparou para seguir adiante, as sombras de deuses antigos deixando espaço para um novo reinado. O Campione estava em ascensão, e ninguém — nem mesmo os próprios deuses — poderia impedir seu domínio.