O céu de lava acima de Keyon parecia se abrir como uma cortina de fogo, e o próprio chão onde ele pisava tremia com a força de Aganju. O calor da terra ardente queimava a pele de Keyon, mas ele permaneceu imóvel, com a mente focada. Ele sabia que estava diante de uma oportunidade única, um teste divino. As palavras de Aganju reverberavam em sua mente: "Você possui a força para desafiar os deuses e governar este mundo, mas será digno do poder que tenho a oferecer?"
O poder que Keyon possuía não era mais algo comum. Ele não era o mesmo jovem que antes buscava entender mitos e histórias; ele era agora um homem que havia derrubado deuses, que possuía a força de Hórus, Oxú e Osíris, três das entidades mais poderosas da mitologia africana. Esse poder corria em suas veias, não mais como uma ideia abstrata, mas como uma extensão de sua própria essência.
Quando o primeiro golpe de Aganju foi desferido, a terra tremeu com tal força que o próprio solo parecia estar se rachando. Uma torrente de magma explodiu do chão, como uma onda de lava prestes a consumir tudo. Aganju, com seu corpo colossal de rocha vulcânica, havia conjurado a fúria de um vulcão, lançando uma erupção diretamente em direção a Keyon. O calor era insuportável, o brilho ofuscante, mas Keyon não se moveu. Ele sabia o que precisava fazer.
A aura de Hórus, o deus da visão e do céu, envolveu o corpo de Keyon. Seus olhos brilharam com uma intensidade dourada, refletindo a clareza e o foco de uma águia observando sua presa de grandes distâncias. Keyon sentiu suas capacidades sensoriais se expandirem, sua percepção do mundo ao seu redor se ampliando de forma sobrenatural. Ele viu o movimento de cada pedacinho de terra se erguendo, a lava se aproximando com a lentidão de uma ameaça iminente, mas tudo estava claro como o dia.
Com a velocidade de um raio, Keyon se moveu. Ele não se limitou a esquivar-se da erupção de lava; ele cortou através da onda flamejante, seus reflexos amplificados pela habilidade de Hórus. Seus braços estavam como lâminas, cortando o ar com precisão milimétrica, ao mesmo tempo em que seu corpo parecia dançar em um ritmo que desafiava a lógica. Ele estava em sintonia com o fluxo do espaço ao seu redor, e a pressão da lava parecia se dissipar ao tocar sua pele, como se o próprio ar estivesse se curvando à sua vontade.
E então, como se ele fosse uma extensão da própria terra, Keyon usou o poder de Oxú. A deusa da água e da fertilidade, com seu domínio sobre os rios e as tempestades, parecia agora fluir através dele. Keyon sentiu a conexão com a água em seu interior, e, num movimento fluido e quase imperceptível, sua mão ergueu-se diante dele. Um rio de água cristalina se formou a partir de nada, com uma força que desafiava a própria natureza. O rio serpenteou até a erupção de lava, e ao entrar em contato com o magma, uma explosão de vapor denso foi liberada, criando uma cortina de fumaça. A água de Oxú e o fogo de Aganju se chocaram, criando um mistério de vapores que se retorciam no ar.
"Este é o meu poder", Keyon pensou, o fogo de Aganju e a água de Oxú se confrontando, mas se equilibrando sob sua vontade. Com esse controle, ele sentiu que dominava o próprio ciclo de vida e morte, a terra e o céu, o calor e a frescura. Ele não estava mais à mercê dos deuses. Ele os comandava.
No momento seguinte, os olhos de Keyon brilharam mais uma vez. Hórus, com sua sabedoria ancestral, já havia colocado em seu corpo a força da visão aguçada, mas agora ele sentia o toque de Osíris, o deus da morte e da ressurreição. Esse poder se concentrou em seu peito, onde uma energia gélida e densa formou-se, como uma sombra invocada das profundezas. Osíris o havia tocado com seu domínio sobre a morte, mas também sobre o renascimento.
Keyon ergueu os braços, como se invocasse um campo de forças que emanava de sua alma. O poder de Osíris fluía através dele, dando-lhe a habilidade de ver além do presente, de tocar as camadas ocultas da realidade. A terra sob seus pés começou a responder a sua vontade, moldando-se conforme o seu desejo. Rachaduras surgiram nas fundações do chão, e figuras negras, como sombras da morte, emergiram do solo — não como inimigos, mas como extensões de seu poder, como forças que ele havia despertado com sua conexão com Osíris.
Mas Aganju não recuou. O deus vulcânico rugiu, e o céu de fogo se tornou ainda mais opressor. O calor se intensificou, a lava fluindo como rios de destruição. O chão tremia com a fúria de um ser imortal que não reconhecia limites, um deus que não aceitava ser desafiado por um simples mortal, não importa o quão poderoso ele fosse. Aganju disparou contra Keyon, uma onda de magma que parecia não ter fim, uma explosão apocalíptica que queria consumir tudo ao seu redor.
Mas Keyon, agora movido pela força de Oxú e pela visão de Hórus, não se intimidou. Ele se preparou para a batalha final. Sua mão ergueu-se para o céu, e ao comandar a água, ele gerou uma torrente tão poderosa que a lava foi repelida, afastada por uma força que parecia ser o próprio ciclo da vida e da morte. O poder de Oxú, a água purificadora, entrou em ação, engolindo o fogo, resfriando a terra, e criando uma barreira que bloqueava a fúria do deus Aganju.
O terreno tremeu enquanto Keyon canalizava o poder de Osíris. Ele não mais tentava lutar contra Aganju em um nível físico. Em vez disso, ele buscava o ciclo da morte e renascimento, o fluxo eterno da vida que ninguém poderia interromper. Ele se transformou no próprio portal entre a morte e a ressurreição, e uma onda de energia escura e vibrante se formou ao seu redor, expandindo-se como uma onda sísmica.
A batalha entre os dois se intensificou. Aganju, furioso, lançou-se em uma última investida de destruição, sua forma imensa se tornando uma torrente de lava que cobria tudo à sua frente. Mas Keyon, agora equipado com os poderes de três deuses, não apenas resistiu à investida — ele a absorveu, transformando a energia de Aganju em uma explosão controlada de fogo, água e terra. A batalha foi um espetáculo de elementos em colisão, com o poder da destruição e da renovação dançando em um equilíbrio perfeito.
Quando a fúria de Aganju finalmente se acalmou, o terreno estava marcado por uma cicatriz profunda, mas Keyon ainda permanecia de pé. Sua energia estava exausta, mas ele sabia que havia superado o teste. Ele tinha mostrado a Aganju, e a todos os deuses, que ele não era apenas mais um mortal. Ele era um Campione, um deus entre homens, e a batalha por sua terra estava apenas começando.