O chão tremeu ainda mais, uma onda de pressão tão intensa que o próprio ar parecia se dobrar sob a força que emanava de Aganju. O calor da terra estava insuportável, a lava que havia sido dispersada pela água de Oxú voltava a ferver nas proximidades, como se quisesse engolir tudo ao redor. No entanto, algo estava diferente. O Deus Aganju, furioso mas também animado, parecia mais determinado do que nunca. Ele observava Keyon, não com ódio, mas com uma ansiedade crescente, como se tivesse se tornado um caçador que, após finalmente encontrar sua presa, agora se preparava para dar o golpe final.
O vulcão de Aganju parecia ter adquirido uma nova vida, pulsando com um brilho avermelhado que iluminava o céu, tornando-o ainda mais ameaçador. Cada movimento do deus parecia acompanhar a dinâmica da própria natureza, uma força viva e orgânica que moldava o mundo ao seu redor. Suas mãos, enormes como montanhas, ergueram-se no ar, e, com um único gesto, a terra sob seus pés se dividiu, abrindo-se em fissuras profundas que liberaram novas fontes de magma.
Keyon, agora no centro da batalha, sentia a energia de Aganju crescer, um poder primal e elemental que ameaçava engolfar tudo. Mas em vez de se sentir intimidado, ele se sentia mais vivo do que nunca. O sangue pulsava em suas veias com a força do próprio universo, e sua mente estava afiada, mais clara do que jamais estivera. Ele havia absorvido as forças de três deuses poderosos, e agora, a ideia de enfrentar Aganju, o deus do vulcão e da terra, não o assustava. Era mais uma oportunidade de testar seus próprios limites, de usurpar mais um pedaço do poder divino que ele tanto almejava.
Os ventos começaram a girar, como se estivessem respondendo à tensão que permeava o ar. A fúria de Aganju estava prestes a explodir, e Keyon sabia que era hora de agir. Ele olhou para as mãos, sentindo o poder dos deuses fluindo através de sua carne. Ele ainda podia sentir a presença de Oxú, com sua água que controlava o fluxo da vida; de Hórus, com sua visão aguçada que o guiava; e de Osíris, com sua energia do além, o controle sobre a morte e o renascimento. Mas agora, ele sentia algo mais. Uma força que vinha de dentro, como se estivesse sendo preparada para se manifestar.
Com um sorriso quase imperceptível, Keyon ergueu sua lança, a arma que ele já havia empunhado inúmeras vezes, mas que agora parecia quase viva nas suas mãos. Cada fibra da lança pulsava com o poder divino que ele havia assimilado. Ele sabia que, se fosse usá-la para derrotar Aganju, deveria não apenas dominar os poderes de Oxú, Hórus e Osíris, mas também integrar em sua alma a fúria e o controle sobre o fogo, a terra e a destruição que Aganju possuía.
— "Você quer mais, não é, Aganju?" — Keyon murmurou, sua voz profunda e cheia de determinação. — "Eu posso sentir seu desejo por mais batalha, por mais poder. Mas eu sou o que você não pode destruir."
A resposta de Aganju foi imediata. Com um rugido que reverberou pelo próprio tecido da realidade, o deus ergueu os braços em um gesto dramático, e do chão começaram a surgir novas colunas de magma, colidindo contra o céu como se quisessem tocá-lo. A terra tremeu sob a pressão, e a energia que emanava do deus parecia engolfar tudo ao redor. O calor aumentou exponencialmente, e o ar ficou irrespirável. A batalha se tornou uma dança caótica de destruição, onde tudo o que não era sólido ou imortal seria consumido.
Keyon não se moveu. Ele se concentrou, sua respiração profunda e controlada, seu corpo preparado para o golpe final. Ele sentiu o poder de Hórus invadir seus olhos, ampliando sua percepção da batalha. Ele podia ver a trajetória de cada pedaço de terra que caía, cada gota de magma que se desprendia da erupção, cada movimento de Aganju como uma onda se propagando pelo próprio universo. Ele viu o poder que o deus estava reunindo, e sabia que precisava agir rápido.
Com a habilidade que vinha de sua experiência e da visão de Hórus, Keyon se lançou para frente. A lança, brilhando com um brilho dourado, cortou o ar em um movimento fluido e preciso. Ele sentiu a energia de Oxú se fundir com sua vontade, e, em um único golpe, a água que ele controlava foi liberada em um torrente impressionante, uma explosão de força que se chocou contra a lava que Aganju havia lançado.
A força de Oxú se encontrou com a fúria de Aganju de forma explosiva. O choque foi tão grande que a terra ao redor deles tremeu violentamente. A água de Oxú não se limitou a extinguir o fogo; ela transformou-o em uma onda de vapor, uma nuvem de calor que obscureceu a visão de Keyon por um instante. No entanto, ele não se deixou distrair. Ele sabia que, no centro do caos, sua lança poderia atingir Aganju.
Mas o deus, agora com um sorriso de satisfação em seus olhos flamejantes, não recuou. Em vez disso, ele canalizou o poder da terra, e uma gigantesca onda de magma se ergueu diante dele, bloqueando o ataque de Keyon. O campo de batalha se transformou em um cenário de pura destruição, onde a terra se dividia e o fogo parecia querer consumir tudo.
Keyon sentiu sua energia se esgotar enquanto a lava de Aganju o forçava a recuar. Mas ele não desistiria. Ele havia absorvido a força de Hórus, Oxú e Osíris, e ele sabia que o poder que ainda possuía estava longe de ser tudo o que ele poderia alcançar. Ele ergueu a lança mais uma vez, e, com um movimento de pura força de vontade, canalizou toda a energia dos deuses que ele havia derrotado em um único ponto. A água de Oxú, o olhar de Hórus e a morte de Osíris se fundiram, criando um campo de energia densa e poderosa que envolveu a lança.
Ele avançou para Aganju novamente. O deus, agora mais animado do que nunca, soltou um rugido primal, e sua forma colossal foi envolta em magma pulsante. A terra parecia se curvar a cada passo que ele dava, como se todo o planeta estivesse sendo moldado pela fúria do deus. Mas, desta vez, Keyon não estava apenas reagindo. Ele estava no controle.
A lança cortou o ar com precisão. A água de Oxú se chocou contra o fogo de Aganju, mas agora havia algo mais: a força de Hórus guiava cada movimento de Keyon, permitindo-lhe antecipar até os ataques mais rápidos. Ele foi capaz de se mover com uma velocidade impressionante, evitando as ondas de lava e magma enquanto, ao mesmo tempo, lançava ataques com sua lança que eram imbatíveis. O choque entre os elementos divinos foi avassalador, mas, com um último movimento fluido, Keyon usou o poder de Osíris para destruir as defesas de Aganju.
O céu parecia se abrir, a terra se estilhaçando sob o impacto. O vulcão que Aganju havia criado estava prestes a ceder sob o poder combinado de Keyon e seus deuses. A batalha entre os dois finalmente estava chegando ao seu ápice, mas Keyon sabia que, ao final, ele sairia vitorioso. Afinal, ele era um Campione — e, como tal, nada poderia pará-lo.