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Chapter 6 - Capítulo 6: O Chamado de Aganju

O amanhecer sobre Ndola trouxe consigo uma calma incomum. O céu estava tingido de laranja e dourado, com as primeiras luzes do dia refletindo sobre as construções de vidro da cidade e as colinas distantes. As ruas começavam a se preencher com pessoas indo para seus afazeres diários. Era um cenário que sugeria normalidade, uma rotina tranquila que escondia as complexidades da vida em uma cidade onde seres sobrenaturais e humanos coexistiam, mas ainda estavam distantes de uma paz verdadeira.

Keyon e Cleo estavam em um dos quartos do hotel em que estavam hospedados, uma estrutura de luxo localizada perto do centro de Ndola. O quarto era grande, com paredes decoradas com tapeçarias africanas de cores vibrantes, que representavam cenas da vida e da mitologia africana. Uma janela ampla dava vista para o movimento da cidade, e as cortinas de linho branco estavam abertas, permitindo que a luz suave do sol preenchesse o espaço.

Keyon estava sentado à mesa, estudando um antigo tomo de mitologia africana que ele havia trazido com ele. O livro estava repleto de ilustrações detalhadas de deuses e criaturas sobrenaturais, além de símbolos que ele ainda tentava entender completamente. O conhecimento que ele possuía sobre mitologias de diversas culturas o tornava um especialista, mas cada novo deus ou força sobrenatural que encontrava parecia possuir suas próprias peculiaridades, o que o fazia desejar entender mais. Cleo, sentada ao seu lado, examinava com atenção um conjunto de runas antigas que Ayo Okafor havia dado a ela para usar como parte da proteção contra ataques divinos. A imagem de Cleo, com seus olhos atentos e a postura impecável, passava uma aura de força e dedicação que combinava perfeitamente com sua identidade como cavaleira.

Foi então que, de repente, a calma foi interrompida por um som suave e penetrante que parecia vir de todos os cantos do quarto, como um eco distante. Era uma melodia etérea, uma canção que reverberava no fundo da mente de ambos, como se fosse algo profundo e ancestral, chamando-os.

Keyon parou, o livro que estava lendo repousando sobre a mesa enquanto ele se erguia. Cleo também levantou-se imediatamente, sua lança a seu lado, como sempre. Ela sabia que algo estava prestes a acontecer. O som parecia se intensificar, como se estivesse se aproximando, até que uma figura etérea apareceu diante deles, surgindo do ar como se fosse formada por luz e sombras dançando na mesma frequência.

A figura era uma mulher, mas não como qualquer outra. Seus olhos brilhavam com a intensidade do fogo, e sua pele, de um tom profundo de marrom, era adornada com tatuagens tribais que pareciam pulsar com um poder primordial. O cabelo dela, como fogo e fumaça, estava preso em uma coroa de ramagens de árvores antigas, e sua presença exalava uma força incontrolável, uma autoridade tão profunda que fazia o ar ao redor parecer mais denso. Ela vestia uma capa de pele de leopardo, que se movia como se tivesse vida própria, refletindo a natureza selvagem e imponente da mulher.

Keyon e Cleo, acostumados à presença de deuses e criaturas poderosas, não se intimidaram. Mas a mulher diante deles emanava uma aura que não era apenas divina; ela era algo mais. Ela tinha o poder de um deus, mas havia algo mais profundo nela, uma conexão com a própria terra e os elementos que a compunham. Ela sorriu para Keyon, um sorriso que parecia refletir tanto respeito quanto desafio.

— Você é Keyon Dlamini, o oitavo Campione, — disse ela, sua voz suave, mas com um peso que fazia cada palavra soar como um trovão. — E eu sou a mensageira de Aganju. O senhor dos vulcões e da terra. O deus do fogo e da força. Aganju o convoca.

Keyon não hesitou. Ele sabia que seu caminho o levaria a este momento, mais cedo ou mais tarde. Cada deus que ele havia derrotado, cada poder que ele adquirira, era uma preparação para o que estava por vir.

— Aganju? — perguntou ele, com sua voz calma e ponderada, embora houvesse uma leve curiosidade em seus olhos. Ele sabia pouco sobre Aganju, o deus africano associado à força bruta, ao magma e à fúria da terra. Um deus do fogo, da destruição, mas também da criação. Sua presença no mundo era uma força imparável, algo que poderia tanto criar como destruir tudo o que tocava.

A mensageira assentiu, seus olhos flamejantes agora se fixando intensamente em Keyon.

— Sim. Ele viu a ascensão de um novo poder entre os mortais, alguém que desafia o domínio dos deuses. E ele acredita que, apenas um Campione, um rei demônio, poderá trazer equilíbrio à terra. Aganju deseja uma audiência com você. Ele quer que você comande seu poder. Ele quer que você se prove digno.**

Keyon trocou um olhar com Cleo. Ele sabia que este era mais um chamado para testar sua força, mais uma chance de provar que sua ascensão não era apenas sorte, mas uma inevitabilidade. Ele não estava em busca de poder por desejo egoísta, mas para cumprir seu destino e proteger a terra africana de ser subjugada pelas forças divinas.

— Diga a Aganju que estou pronto. — a resposta de Keyon foi firme, cheia da mesma autoridade que a mensageira exalava.

A mensageira sorriu, como se tivesse esperado essa resposta. Ela fez um gesto com as mãos, e uma luz dourada e flamejante envolveu o corpo de Keyon. Cleo, sempre alerta, preparou-se para qualquer eventualidade, sua lança em mãos. Mas nada aconteceu.

De repente, Keyon sentiu como se fosse puxado para o solo. O mundo ao seu redor parecia distorcer-se, e ele viu-se sendo engolido por uma grande fissura no chão, como se a terra estivesse se separando para revelá-lo a algo maior. Ao redor dele, a luz dourada se intensificava, tornando-se quase insuportável, e uma sensação de calor extremo envolveu seu corpo. Ele sentiu o poder de Aganju sendo transmitido a ele, uma onda de fogo e força bruta que fazia cada fibra de seu ser vibrar com o poder primordial da terra e do magma.

A sensação foi indescritível, como se estivesse sendo esmagado pela própria terra e, ao mesmo tempo, imerso em um oceano de chamas. A fúria de um vulcão, o calor do magma, e a força da terra comprimindo tudo à sua volta. Quando a luz começou a diminuir e o calor cessou, Keyon se viu em um novo lugar, um vasto campo de lava que se estendia até onde os olhos podiam ver. O céu estava em chamas, com rios de magma correndo como veias pulsantes, e uma figura imensa e imponente se erguia diante dele, como um gigante de rocha e fogo.

Era Aganju.

O deus estava ali, em toda a sua grandiosidade, sua forma feita de rocha vulcânica e chamas dançantes. Seus olhos eram dois poços de magma, e sua presença era como a força de um terremoto, sua voz retumbando como o som do próprio planeta.

— Keyon Dlamini, o oitavo Campione. — a voz de Aganju era profunda e poderosa. — Você agora está diante de mim, o senhor do fogo e da terra. Você possui a força para desafiar os deuses e governar este mundo, mas será digno do poder que tenho a oferecer?

Keyon sentiu uma onda de poder em seu corpo, como se a terra sob seus pés estivesse lhe oferecendo sua força. Ele sabia que este momento era o teste definitivo. Era sua chance de provar que seu lugar como Campione não era um acidente. Ele era um rei, e estava pronto para reivindicar o poder de Aganju.

— Eu sou digno, Aganju. Estou pronto para comandar o seu poder e proteger minha terra.

A batalha entre os deuses estava prestes a começar.