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Chapter 2 - Capítulo 2: A Cavaleira, Cleo

O sol estava a pino quando Keyon, sentado sob a sombra de uma acácia em pleno coração da savana africana, refletia sobre os poderes que havia adquirido de Hórus. Ele descobrira que seu domínio incluía a manipulação dos ventos, a capacidade de enxergar além das limitações humanas e uma força física que parecia infinita. Contudo, o mais intrigante era a conexão que ele sentia com o céu — uma força pulsante que o fazia querer dominar mais, descobrir mais.

Enquanto analisava mentalmente essas habilidades, ele sentiu algo. Uma presença. Um predador? Não. Era algo mais... poderoso e distinto. Levantou-se, segurando sua lança com firmeza, pronto para o que quer que fosse.

De trás de uma formação rochosa, surgiu uma figura impressionante. Uma jovem de pele escura e brilhante como ônix, olhos dourados como o sol e cabelos cacheados presos em uma longa trança adornada com miçangas douradas. Ela usava uma armadura de placas leve, decorada com gravuras tribais e o símbolo de um leão rugindo sobre o peito. Em sua mão direita, ela segurava uma lança longa e elegante, que parecia vibrar com energia própria.

— Keyon de Moçambique, disse ela, sua voz carregada de determinação e respeito. — Eu sou Cleo, da Ordem dos Cavaleiros de Anansi.

Keyon franziu o cenho, intrigado. A Ordem dos Cavaleiros de Anansi era lendária, um grupo que, segundo os mitos, guardava a África contra criaturas sobrenaturais e intervenções mágicas que desestabilizassem o equilíbrio.

— Você veio me caçar? — ele perguntou, girando a lança e assumindo uma postura defensiva.

Cleo sorriu. Era um sorriso confiante, mas sem arrogância.

— Não vim para lutar contra você, mas para servi-lo, Rei Demônio.

A menção ao título fez Keyon relaxar um pouco, embora permanecesse cauteloso.

— Por que alguém da sua ordem serviria a um godslayer? Não é sua missão proteger a África contra seres como eu?

Cleo deu alguns passos em sua direção, a lança ainda em sua mão, mas com a ponta voltada para baixo.

— Você é diferente. Campiones são reis naturais, abençoados — ou amaldiçoados — pelos céus. Minha missão é proteger o continente, e você agora é a força mais poderosa que ele tem. Servir a você é o melhor caminho para garantir que esse poder seja usado para o bem.

Keyon a avaliou em silêncio. Ele podia ver que ela não era apenas bela, mas também letal. Cada movimento seu era calculado, fluido, como o de uma leoa pronta para atacar.

— E se eu decidir que não quero uma cavaleira? — ele provocou, um leve sorriso brincando em seus lábios.

Cleo ergueu sua lança, e a energia ao redor dela mudou. Era como se o espírito do leão gravado em sua armadura e arma despertasse. Um rugido ecoou, embora nenhum animal estivesse por perto.

— Então provarei que sou digna de estar ao seu lado, derrotando você em combate.

Keyon não pôde evitar um sorriso mais largo. Ele adorava um desafio.

— Muito bem, Cleo. Mostre-me do que é capaz.

Cleo não esperou por mais palavras. Ela avançou como um raio, sua lança se movendo em um arco brilhante. Keyon percebeu imediatamente que ela era, de fato, tão habilidosa quanto as lendas sugeriam. Cada golpe de sua lança era preciso, cada movimento fluía para o próximo com uma graça quase sobre-humana.

Porém, ele agora era um Campione. Seus reflexos e força estavam muito além do humano. Ele bloqueou os golpes com sua própria lança, desviou de ataques impossíveis e contra-atacou com força suficiente para desarmar qualquer adversário comum.

Mas Cleo não era comum.

Quando Keyon desferiu um golpe devastador, ela desviou no último segundo, usando a energia de sua lança para criar uma explosão de vento que o empurrou para trás. O espírito do leão em sua arma parecia rugir com aprovação, concedendo-lhe uma força que rivalizava com a dele.

O duelo durou minutos, mas para ambos parecia uma eternidade. No final, Cleo foi a primeira a recuar, ajoelhando-se e fincando a lança no chão.

— Você é digno, Keyon. Não sou páreo para o poder de um deus que caiu, mas posso ser sua espada e escudo.

Keyon olhou para ela, o peito ainda arfando com o esforço da batalha. Ele sabia que a força dela era real, e que sua lealdade seria um trunfo inestimável.

— Levante-se, Cleo, — disse ele, estendendo a mão. — Aceito sua lealdade, mas saiba disso: se você falhar comigo, não terei misericórdia.

Cleo segurou sua mão, seu olhar fixo no dele.

— E se você falhar comigo, Rei Demônio, saiba que não hesitarei em lhe lembrar do seu dever.

Os dois se entreolharam, e pela primeira vez, Keyon sentiu que havia encontrado alguém que realmente podia andar ao seu lado.

E assim, a primeira aliada do Oitavo Godslayer foi escolhida.