Todos nós já vivemos um sonho onde criaturas mágicas estão presentes, andando entre nós e trazendo desafios e emoções a nossa vida pacata.
Maya é uma jovem de 25 anos, estudante de psicologia, que não é uma exceção a essa ideia. Com sua pele bronzeada do sol pelos anos vividos no Brasil, seus cabelos longos e escuros que caiam como ondas sobre seus ombros, e olhos verdes que brilhavam com intensidade, Maya transmitia vitalidade e calor. Seu rosto era suave e expressivo, tinha uma beleza única que a acompanhava, uma mistura de fragilidade, força e poder que pairavam sobre si e, apesar de ser considerada velha demais para sonhar com criaturas mágicas, Maya sempre teve interesse por histórias e lendas antigas, bruxas, lobisomens, vampiros e outras lendas que pareciam ser bobas e histórias para assustar crianças. Sonhava com um mundo cheio de fadas, onde as coisas começariam a fazer sentido para ela, onde pudesse se sentir dona de si mesma, onde conseguisse se sentir em casa e livre.
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Desde a sua adoção, aos quatro anos, Maya viveu em um pequeno município do Brasil, onde sua vida era marcada pelo sentimento de solidão. Não conhecia seus pais biológicos, e as perguntas sobre suas origens estavam sempre presentes, ecoando em sua mente, como sombras que nunca se dissipavam. É claro que ela se sentia amada, sua família adotiva demonstrava afeto de sua própria maneira, mas havia nela um vazio que parecia gritar para ser preenchido, um anseio por se sentir livre.
À medida que crescia, Maya passou a perceber que algo a tornava diferente das outras pessoas, e com apenas dezesseis anos, situações inexplicáveis começaram a acontecer em sua vida, incêndios inexplicáveis, objetos flutuantes, sons estrondosos sem origem, e uma intuição assustadoramente aguçada, além de sonhos que, até então, pareciam não ter sentido. Apesar de tentar esconder os acontecimentos, sua família adotiva percebeu e começaram a questionar as raízes de Maya e o que poderia estar por trás de sua natureza peculiar.
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Maya havia viajado com um grupo da faculdade dois anos atrás para Nova Orleans, onde descobriu sua verdadeira identidade como bruxa em uma parte pacata da cidade. Ela conseguia se lembrar de ter passado por um beco escuro e escutado uma voz feminina chamando por ela: "Você tem nosso sangue", dizia a voz, "Você é uma bruxa e não deveria estar nesta cidade. Existem muitos perigos para pessoas como nós aqui! Vá embora!". É claro que Maya ficara assustada, mas a revelação a atingira como um raio de luz em meio à escuridão, havia lido muitas coisas sobre bruxas durante todos os anos que haviam se passado e, sendo sincera, por mais que aquilo parecesse uma brincadeira, fazia sentido e algo tomou conta de si, uma luz, um calor que clamava por ser descoberto. Após a viagem, Maya retornou e conversou com seus pais, descobrindo que sua cidade natal era realmente Nova Orleans e que havia sido levada para o Brasil, apesar de não se lembrar de nada.
Em uma decisão cheia de medos, inseguranças, desejos e anseios por entender o que significava ser uma bruxa, Maya decidiu se mudar para Nova Orleans, onde vislumbrava um novo capítulo, um espaço para se libertar das amarras de seu passado e explorar a magia que há dentro dela. Estava ansiosa por descobrir mais sobre suas origens, mas não sabia que também estava prestes a ser parte de algo maior, prestes a descobrir que o amor e ódio poderiam andar juntos, e que aqueles que deveriam protegê-la, foram os que levaram a destruição de seus familiares e eles desejavam terminar o serviço.
Será que ela estava preparada para tudo que estava por vir?