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Engenheiro Tecnomágico

🇧🇷SilentWalker_2100
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Synopsis
Quando Gabriel desperta em um mundo estranho e esquecido, ele não reconhece mais a si mesmo. Agora chamado Dravyn Skaroth, está sem memórias de sua vida anterior, mas carrega em sua mente vastos conhecimentos científicos, como se sua mente fosse uma biblioteca de eras futuras. Esse novo mundo, Élaris, é rudimentar, marcado por reinos em constante conflito, criaturas mágicas e uma natureza selvagem e indomável. Aqui, a magia é real, mas pouco compreendida, utilizada de forma rudimentar por aqueles que desconhecem seu verdadeiro potencial. Dravyn, inicialmente decidido a se adaptar e usar seu conhecimento para prosperar nesse mundo, logo se depara com a crueldade humana em sua forma mais brutal. Subjugado e marcado pelo sofrimento, ele vê seus ideais serem esmagados. Em seu lugar, a raiva cresce, alimentada pelo desejo de vingança e pelo peso de um remorso que nunca o abandona. Se Élaris e seus habitantes deram a ele uma nova chance de vida apenas para condená-lo, Dravyn decidirá sua própria redenção. E se eles desejam um monstro pior que os demônios que temem, é exatamente isso que terão. Atualizado semanalmente
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Chapter 1 - Como tudo Começou

Um engenheiro, hein? Alguém que, junto com outros profissionais, projeta o hoje e muda o amanhã. Talvez tenha sido isso o que eu fui na minha vida passada. Talvez... Mas, não importa o quanto eu tente, minhas memórias daquele tempo são como sombras: vagas, dispersas e incompletas.

O que permanece na minha memória é limitado, como pedaços de um quebra-cabeça perdido. A única imagem clara é de uma explosão — uma luz brilhante, seguida de um som ensurdecedor. Depois disso... apenas vazio. Quando recuperei os sentidos, já estava aqui, neste novo mundo.

- Algum tempo antes da reencarnação -

- "D-dor... Mas o que aconteceu? Aaargh... D-droga, o que é isso? Por que tem... um buraco na minha... barriga?" murmurei enquanto sangrava profusamente, ainda tonto pela explosão.

- "Merda... M-merda, merda, meeeeerda. Não era para dar errado. Até hoje, nunca deu... cof cof... mas por que quando eu chego aqui... isso... acont...ece..." Essas foram as últimas coisas que me lembro antes da minha visão escurecer e eu ver, ao longe, meus amigos correndo em minha direção, aterrorizados.

Eu sei que deveria estar muito bravo, porque sempre fui desse jeito. Sei que deveria xingá-los e questionar, muitas e muitas vezes, por que não fizeram o trabalho certo, mesmo sendo bem pagos para fazer exatamente isso, e só isso. Mas agora que a minha morte está se aproximando, começo a me fundir com a escuridão, e perdi esse impulso que antes era tão característico de mim. Talvez porque já não valha mais a pena, ou talvez porque nunca quis ser assim. Bem, tanto faz. O que aconteceu, aconteceu.

Peço desculpas aos meus pais por não poder me despedir, e aos meus sobrinhos e irmãs por nunca ter sido fácil de lidar. Aos amores que não floresceram, agradeço pelas lições e pela chance de amadurecer e me tornar o homem que sou hoje. Bem, é isso. Adeus, mundo cruel... Sim, isso é mais o meu estilo... Um... pouco... mais... brincalhão...

- "Então é assim que a morte é?" Perguntei a mim mesmo, agora muito mais calmo.

- "Não sinto nada. Na verdade, sinto uma paz imensurável. Nada de raiva ou preocupação, apenas... paz. Isso me faz ter pena daqueles que ainda estão vivos. Hahaha, tomem isso... Sofram enquanto eu estou em paz, e paguem pelos erros que cometeram. Aquela arma tirou minha vida. Quantas vezes eu disse para terem cuidado com o detonador, mas nunca me ouviram, preferindo fazer errado e levar uma bronca, em vez de fazer direito e com segurança... Se continuarem assim mesmo após minha morte, logo, logo eu os verei de novo... DROGA!! NÃO QUERO VÊ-LOS, NUNCA MAIS. Eu preciso sair daqui logo..." Falei na escuridão.

- "Socorro, alguém me ouve? Droga, SOCORRO!!" Continuei gritando, mas não houve resposta.

De repente, uma luz apareceu naquela escuridão, e comecei a ouvir alguns sons, semelhantes ao choro de uma criança. Segui aquela luz, que crescia cada vez mais, até que, de repente, se expandiu e tomou conta de toda a escuridão. Acabei desmaiando novamente.

- Um novo Começo -

Choro de bebê

- "Olha, mamãe, parabéns! Aqui está o seu filho..." disse uma mulher com roupas antigas e estranhas.

- "Meu filho! Você é lindo. Tem os olhos do seu pai," disse a mulher deitada na cama, com os olhos cheios de lágrimas.

Boom... Boom... A porta se abre

- "Eu vim o mais rápido que pude! Elaris, meu amor, você está bem? Isso... isso é..." Um homem grande perguntou à mulher na cama.

- "Sim, Taryn, este é o nosso filho," disse a mulher, emocionada, com um grande sorriso no rosto.

- "Não posso acreditar, meu filho, MEU FILHO!!" Exclamou o homem, incrédulo, com os olhos cheios de lágrimas.

Naquela noite, houve uma celebração na pequena vila onde minha família e eu vivíamos. Meu pai, Taryn, era um homem alto, forte, com uma grande barba. Ele era o lenhador da vila e também um excelente caçador quando necessário. Minha mãe, Elaris, era uma mulher bonita, com longos cabelos castanhos e lisos, ligeiramente cacheados nas pontas. Ela se dedicava ao estudo de plantas medicinais. A festa naquela noite foi grande, apesar do tamanho da vila. Durante a celebração, as pessoas bebiam, dançavam, comiam e, claro, vinham até minha mãe e a mim para parabenizá-la e me ver.

As crianças da vila conheciam bem meus pais, pois algumas costumavam pegar remédios com minha mãe, enquanto outras ajudavam meu pai e os outros homens na coleta de lenha ou, às vezes, na caça. Elas se perguntavam como eu seria, então vinham animadas e em grande número para me ver.

- "Uau, tia, ele parece muito com o tio Taryn," disse uma criança.

- "Sim, mas ele também lembra um pouco a tia Elaris," respondeu outra.

- "Qual é o nome dele, tia Elaris?" Perguntou uma terceira criança.

- "O nome dele é Dravyn. Dravyn Skaroth," respondeu minha mãe.

E, em meio a tudo isso, a festa continuou durante a noite, banhada pela luz da fogueira, pelas estrelas e pelas duas luas, acompanhada das conversas e risadas dos adultos e da correria e gritos das crianças.

Alguns meses se passaram, e eu já começava a andar, o que era extremamente difícil para uma criança tão pequena. Isso encantou meu pai, mas preocupou minha mãe.

- "Olha, Elaris! Nosso filho já começou a andar, mesmo sendo tão pequeno! Isso é incrível! Será que ele é um... um prestígio, como o pessoal diz? Alguém que nasce uma vez a cada tanto?" Exclamou meu pai, empolgado, soltando uma grande risada, satisfeito.

- "Taryn, é prodígio, não prestígio. E eu não sei se ele é algo assim, mas se for, me preocupa. Você sabe que o reino costuma levar crianças assim para lugares desconhecidos, só para alimentar a guerra no norte e no sul," respondeu minha mãe, preocupada.

De fato, nosso reino, chamado Cedrus, estava passando por tempos difíceis. Os reinos de Falthur, ao norte, e Columbus, ao sul, estavam constantemente em guerra conosco, buscando expandir seus territórios férteis e garantir mais recursos. Isso porque uma antiga profecia dizia que uma grande era de sofrimento e escuridão se aproximava, trazida por uma colossal tempestade de neve. Segundo essa previsão, a luz do sol e das estrelas desapareceria, e tudo o que vivesse na terra, que não estivesse devidamente preparado, pereceria diante do inverno, que poderia durar anos ou até um século inteiro. Quando tudo isso acontecesse, alguém surgiria para iniciar uma nova era nunca vista antes por todos os povos de Élaris. No entanto, isso era algo que eu só entenderia alguns meses depois.

- "Guerra no norte e no sul, hein... Já passou tempo suficiente. Essas pessoas ainda não entenderam que a profecia estava errada? Já se passaram anos e não há neve nem desaparecimento do sol e das estrelas. Aquilo era só para enganar o povo!" Disse meu pai enquanto bebia uma caneca de cerveja.

- "Sim, mas para aqueles no comando, é muito fácil espalhar mentiras e motivar guerras para ganhar mais e mais possessões," respondeu minha mãe, indignada.

- "Mesmo que nosso filho seja um prodígio, não vou deixar ninguém levá-lo de nós," concluiu minha mãe, determinada.

- "Não se preocupe, Elaris. Eu não vou deixar isso acontecer. Vou proteger vocês dois com a minha vida, se necessário," respondeu meu pai, exibindo seus músculos e sorrindo confiantemente.

Alguns meses depois, completei um ano. Minha mãe insistiu em fazer uma festa de aniversário para mim. Sabendo que seria inútil recusar, meu pai concordou prontamente. A festa foi marcada para o início da semana seguinte, apenas dois dias depois da ideia. No dia da celebração, a casa estava uma correria. Meu pai foi caçar com alguns amigos para garantir o banquete, enquanto minha mãe preparava o local, os temperos e alguns itens que ela comprou no mercado da vila. Ela também convidou os moradores para a celebração.

Para mim, tudo parecia uma grande bagunça. Eu era muito jovem para entender o que estava acontecendo. Quando a noite caiu, os convidados já haviam chegado. Assim como no dia do meu nascimento, a festa estava grandiosa. Mas dessa vez, recebi presentes: brinquedos, roupas, itens de cuidados e até um Hornock, um grande mamífero quadrúpede que fornecia carne e leite, com dois chifres, amplamente utilizado para carregar cargas.

No entanto, o presente que mais me encantou veio de uma senhora idosa da aldeia: um livro ilustrado com animais daquele mundo. Entre os seres retratados estavam Hornocks, Howliths, Serpentias e, o que mais me fascinou, dragões. Eu devorava o livro inúmeras vezes, minha imaginação acesa com o sonho de um dia encontrar um dragão de verdade.

Com o passar dos meses, aprendi rapidamente a falar o idioma local, o que surpreendeu meus pais, que mais uma vez, começaram a se perguntar se eu poderia ser verdadeiramente um prodígio. Mas a preocupação de minha mãe também cresceu, já que ela temia que outras pessoas percebessem o quanto eu estava aprendendo rápido. Para me proteger, ela me proibiu de mostrar minhas habilidades em público.

- "Mãe, você poderia me comprar mais livros? Quero aprender mais coisas," pedi um dia, já cansado do velho livro de animais que havia ganhado da senhora.

- "O-o que? Você quer mais livros?" ela respondeu, com os olhos arregalados de surpresa.

- "Não prefere brinquedos ou algo assim?"

- "Não, mãe. Eu prefiro livros. Com o que eu aprender, posso fazer meus próprios brinquedos. Assim, você não precisaria gastar tanto dinheiro. Eu até poderia fazer brinquedos para você vender," expliquei, com seriedade.

O rosto de minha mãe mudou, claramente surpresa com minha maturidade, algo que uma criança da minha idade ainda não deveria ter. Depois de um longo tempo pensando, ela finalmente falou.

- "..Sigh.. Está bem, filho. Eu vou ao mercado e compro mais livros para você. Mas lembre-se do nosso acordo: não conte isso para ninguém, entendeu?"

- "Sim, mãe. Eu prometo." respondi, muito feliz.

Enquanto eu sorria de alegria, a preocupação de minha mãe aumentava. Meu pai, sempre um apoio tranquilo, tentou tranquilizá-la, dizendo que a aldeia era isolada e ninguém nos trairia.

No dia seguinte, minha mãe voltou do mercado com três livros: um sobre conceitos básicos de matemática, outro sobre geografia e o último sobre magia. Assim que os vi, corri para abraçá-la.

- "Esses são para mim?" perguntei, com os olhos brilhando de alegria.

- "Sim, Dravyn. Eles são seus." minha mãe respondeu com um grande sorriso

Eu, radiante de felicidade, a abracei novamente antes de mergulhar ansiosamente nos livros, com minha sede por conhecimento cada vez maior.