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Chapter 8 - Explorando a floresta Velanthar

- "D-droga... o que... m-mãe? ... n-não..." murmurei enquanto dormia.

- "Filho, me desculpe, mas eu preciso ir... Tenha cuidado. Sei que você terá um grande futuro..." disse uma voz, cuja silhueta me lembrava minha mãe, em meu sonho.

Assim começou meu segundo dia naquela floresta. Meu segundo dia depois de perder tudo começou com um sonho da minha mãe, que falava como se estivesse se despedindo. Eu, por outro lado, ao final desse sonho, acordei suado e chorando, ofegante, como se ainda estivesse fugindo de alguém. Naquele momento, percebi que tudo não passava de um sonho, ou, para mim, um pesadelo.

Calmamente, observei as paredes do abrigo improvisado que construí no dia anterior. Raios de luz atravessavam os espaços entre os galhos que usei para erguer aquelas paredes. A manhã havia chegado e, ao contrário do dia anterior, Estalyrion brilhava no céu. Alguns pássaros faziam seus voos matinais, anunciando o início de um novo dia. Eu, agora tendo que sobreviver sozinho, precisava sair do abrigo e começar os preparativos.

Antes disso, coloquei a mão no rosto, respirei fundo e pensei no sonho. Disse a mim mesmo que precisava esquecê-lo, pois minha mãe já não estava mais aqui. Não havia nada mais que eu pudesse fazer, exceto vingar ela e meu pai, que, naquele ponto, eu nem sabia se estava vivo ou não. Mas eu não tinha esperança.

- "...Droga, Dravyn. Nossa mãe se foi, não há nada que possamos fazer... A única coisa que podemos fazer agora é lutar para sobreviver e, quando chegar o momento, vingar ela e vingar meu pai também..." falei para mim mesmo, enquanto passava a mão pelos cabelos.

Enxuguei as lágrimas e bati no meu rosto com ambas as mãos, tentando despertar daquela angústia.

- "...Vamos lá... Isso. Nós vamos sair dessa e vamos vingar eles. Tenho certeza disso..." disse para mim mesmo, com determinação.

Determinando, saí do abrigo improvisado e decidi verificar meus ferimentos. Para minha surpresa, a dor não era tão intensa quanto antes, e eu conseguia andar relativamente bem sem muito apoio. Provavelmente, essa recuperação acelerada era devido ao fato de eu ainda ser uma criança. Mesmo assim, ainda precisava da tala improvisada que havia feito para minha perna.

Fui até o local onde tinha feito a fogueira no dia anterior e recolhi algumas brasas que sobraram dos galhos queimados. As brasas serviriam como um combustível mais duradouro para outra fogueira, além de serem úteis como camada para filtrar água ou até mesmo para escovar os dentes.

Recolhi mais galhos e, com minha antiga invenção, o "Egyptian Bow Drill", acendi outra fogueira. Depois, usei a pedra que havia usado no dia anterior para ferver água. Caminhei até o rio, enchi a pedra com água e a trouxe de volta para ferver. Enquanto a água aquecia, peguei a vara de pesca improvisada e um dos vermes da madeira que havia coletado como isca e voltei ao rio.

Desta vez, com o dia claro e ensolarado, quase instantaneamente consegui pegar algo. Ao contrário do peixe do dia anterior, este lutava muito mais e parecia maior. Achei estranho, mas não desisti.

"...Huff... Huff... Argh... D-droga! Desgraçado, você não vai vencer!" gritei, puxando o peixe com o resto da minha força.

Após uma longa luta, finalmente o tirei da água. Ao me aproximar, não podia acreditar: era um Fylarenn, um peixe extremamente raro cuja carne oferecia propriedades mágicas capazes de acelerar a recuperação de ferimentos, tanto internos quanto externos.

Era perfeito, mais do que perfeito. Com aquele peixe, talvez no dia seguinte eu já estivesse bem novamente, capaz de me mover sem a tala improvisada. Para acabar com seu sofrimento, rapidamente o finalizei com um golpe na cabeça. Eu não queria que ele sofresse, assim como não desejava sofrimento para nenhum outro animal naquela floresta. O sofrimento deveria recair sobre outros seres, não sobre eles.

Preparei o peixe, removendo suas escamas douradas e órgãos internos com uma pedra que havia afiado no dia anterior. Fiz uma nova fogueira, já que a primeira, onde a água estava fervendo, havia se apagado e ainda estava ocupada pela pedra enquanto a água fervida agora esfriava. Depois, suspendi o peixe sobre a chama para assá-lo enquanto pensava no que fazer em seguida.

Decidi criar ferramentas básicas para facilitar minha sobrevivência. Além de facas improvisadas, eu precisava de algo para trabalhos mais pesados, como um machado, já que eu ainda não sabia onde estava ou quanto tempo ficaria ali. Ter um abrigo melhor planejado e compreender minha localização eram prioridades. No fim, comecei a chamar aquela floresta de Velanthar, e com esse nome a floresta seria conhecida por eras.

Assim como a faca improvisada, fiz mais ferramentas, mas dessa vez, melhor estruturadas. Peguei uma pedra maior para usar como base, afiando pedras menores para formar lâminas. Após alguns minutos, parei para verificar o peixe, que já estava pronto.

Sem ter comido nada até então, decidi fazer daquela refeição meu café da manhã e provavelmente também meu almoço. Antes de começar, agradeci pela comida.

A carne do Fylarenn tinha um sabor indescritível, mesmo sem tempero. Era uma experiência que me fazia sentir como se estivesse no paraíso – ou pelo menos no que eu imaginava ser o paraíso. O peixe era grande, mas tão saboroso que o comi rapidamente. Depois de terminar minha refeição, bebi a água que havia fervido e voltei ao trabalho.

Estalyrion já estava em uma posição no céu que indicava algo próximo às três horas da tarde quando terminei de fazer as ferramentas de que precisava. Eu havia produzido duas pequenas facas, um machado de tamanho médio e, finalmente, uma adaga média que serviria para minha proteção.

Usando pedaços de galhos e as cordas rudimentares que eu havia feito anteriormente, criei cabos para as ferramentas, garantindo que fossem firmes e funcionais. Percebendo que ainda tinha algumas horas até que a noite chegasse, decidi explorar um pouco mais da floresta. No entanto, como ainda estava debilitado, limitei minha caminhada a uma área próxima ao acampamento. Empunhando a adaga recém-fabricada, adentrei a floresta com passos lentos e cautelosos.

A cada passo, a vegetação parecia se tornar mais densa e alta. Para abrir caminho, usei minha adaga, cujas lâminas afiadas me enchiam de orgulho. Depois de caminhar por algum tempo, me deparei com o que parecia ser o topo de uma encosta com vista para um vasto vale. Ele se estendia por quilômetros, com uma cadeia de montanhas delineando o horizonte. Era como se aquele lugar fosse uma espécie de buraco criado por uma explosão massiva ou algo parecido, embora não houvesse sinais de que algo assim tivesse originado aquele cenário. Apesar da altura, eu ainda conseguia ver, de lá de cima, um bando de pássaros de várias espécies, colorindo o horizonte com sua beleza. Enquanto admirava aquela vista, que trouxe um calor ao meu peito que eu não sentia há algum tempo, um grupo de Wyverns apareceu e dispersou o enorme bando de pássaros.

Wyverns, como as memórias que adquiri se referiam a eles, eram quase dragões com asas no lugar das patas dianteiras, e criaturas que não podiam cuspir fogo, mas que usavam veneno — embora não qualquer veneno.

Nos livros que eu tinha anteriormente, lembrei-me de ter visto algo relacionado à névoa da morte e como os Wyverns estavam conectados a ela. Ao contrário do que muitos acreditavam, os Wyverns não injetavam veneno com suas mordidas, mas o transformavam em uma espécie de névoa mortal que, onde quer que se espalhasse, trazia apenas morte — mas apenas para animais, sem causar dano às plantas. O fato de os Wyverns não injetarem veneno, mas transformá-lo em névoa, era porque, ao contrário dos dragões que tinham uma câmara interna evoluída para cuspir fogo, os Wyverns possuíam algo semelhante, mas subdesenvolvido, produzindo calor suficiente apenas para transformar o veneno, que em sua forma inicial era líquido dentro de um Wyvern, em sua forma gasosa. Finalmente, os Wyverns evoluíram para expelir aquele veneno gasoso em seus inimigos, matando-os na dor mais agonizante possível.

Graças ao conhecimento que adquiri, isso ficou claro como o dia para mim, respondendo a alguns pontos que, nos livros que li sobre Wyverns, eram considerados "pontos interessantes mas sem respostas". Sei que, no momento em que vi aqueles Wyverns, deveria ter ficado assustado ou ter voltado ao meu abrigo, mas, em vez disso, fiquei muito empolgado porque nunca esperei ver uma criatura tão próxima de um dragão, tão de perto e viva. Sim, viva.

Wyverns, assim como dragões, estavam desaparecendo rapidamente, principalmente devido aos humanos que os caçavam por puro lazer, para ter suas cabeças como troféus ou para obter o título de "caçador de dragões", dado pelo reino àqueles que realizavam esse maldito feito. Lembrar disso me fez desprezar ainda mais minha própria espécie, e, junto com isso, crescia em meu peito uma raiva contínua e um desejo de vingança.

Normalmente, eu entendia e aceitava que alguns animais precisavam morrer para que outros vivessem, seja por alimentação, competição ou qualquer outro motivo. O peixe que eu havia pescado, por exemplo, morreu para que eu pudesse continuar vivo, e isso era natural, assim como os animais que criávamos apenas para serem abatidos mais tarde, já que eles se reproduziam com essa finalidade, enquanto outros da mesma espécie, mas selvagens, continuavam vivendo normalmente sob as regras impostas pela natureza. Mas a matança indiscriminada de animais tão fantásticos como dragões e Wyverns — que preferiam viver longe de humanos e seres semelhantes — apenas por lazer e para obter objetos decorativos ou títulos era algo que me deixava extremamente irritado, a ponto de fazer meu sangue ferver toda vez que me lembrava disso.

Nesse ponto, decidi retornar e descansar, pois, como havia consumido o peixe que ajudaria minhas feridas a cicatrizarem mais rapidamente, provavelmente no dia seguinte eu já seria capaz de explorar a floresta mais a fundo e, especialmente, aquele vale, pois sentia que algo incrível me aguardava lá. Assim, refiz meu caminho e retornei ao pequeno acampamento.