A noite estava perfeita para uma aventura. Rafael, Clara, Diego, Letícia e Marcos se reuniram com mochilas, lanternas e muita empolgação para explorar uma trilha pouco conhecida na Serra Escura. Todos queriam um pouco de adrenalina e, mesmo sabendo das histórias sinistras que envolviam a região, encaravam a experiência como uma simples lenda de cidade pequena.
Com lanternas acesas e risadas que ecoavam pela escuridão, o grupo caminhava entre árvores altas e sombras distorcidas. A cada passo, a trilha parecia mais densa e opressiva, como se algo invisível os observasse. Mas, animados e destemidos, eles ignoraram o incômodo crescente e continuaram avançando.
Conforme o grupo se aprofundava, o silêncio da floresta parecia anormal. Em vez do som usual de grilos e folhas se mexendo ao vento, tudo estava quieto. Até mesmo as risadas do grupo ficaram mais baixas, com cada um sentindo um arrepio crescente de desconforto. Mas, ao mesmo tempo, ninguém queria ser o primeiro a sugerir desistir.
— Vocês ouviram isso? — perguntou Clara, parando de repente.
Os outros se entreolharam. Não ouviram nada, mas ao prestarem atenção perceberam que a floresta estava anormalmente quieta. Logo em seguida, um ruído suave, quase como um sussurro, veio da direção de onde tinham vindo. Diego riu nervosamente.
— Deve ser o vento. Estamos no meio do mato, gente, é normal ouvir barulhos esquisitos — disse ele, tentando manter o tom despreocupado.
Mas o vento não sussurra nomes.
Enquanto se entreolhavam, sentindo o desconforto aumentar, Rafael decidiu checar o celular. O GPS estava sem sinal, algo que eles já esperavam, mas o que os surpreendeu foi perceber que o aplicativo mostrava que eles estavam numa trilha totalmente diferente. O caminho traçado se tornava uma linha confusa, que parecia levá-los em círculos.
— Eu acho que estamos perdidos... — murmurou Rafael, tentando parecer calmo.
— Não, não pode ser — Letícia olhou ao redor, com os olhos arregalados. — Essa trilha deveria ser reta! Como é que a gente acabou aqui?
Mais um sussurro, agora mais perto, os fez gelar. Todos pararam, em silêncio, sentindo um medo quase palpável tomar conta do grupo. O vento parecia soprar em direções diferentes ao mesmo tempo, criando uma corrente de ar gelada que os envolvia como um abraço invisível. Marcos finalmente sugeriu:
— Talvez seja melhor voltarmos...
Eles concordaram, e começaram a seguir o caminho de volta. Porém, quanto mais caminhavam, mais parecia que a trilha se transformava, como se o próprio caminho estivesse se reconfigurando sob seus pés. As árvores assumiam formas distorcidas, suas sombras se alongando e se contorcendo em figuras irreconhecíveis.
Após minutos de caminhada, eles viram, ao longe, uma luz entre as árvores. Achando que poderia ser a saída ou alguma outra trilha que os levaria de volta, correram em direção à luz. Mas, quando chegaram, encontraram algo totalmente inesperado.
Em uma pequena clareira, envolvida por névoa, havia uma vila antiga. As casas de madeira, desgastadas pelo tempo, formavam uma fileira ao longo de uma estrada de pedra, coberta de musgo e folhas secas. Tudo parecia parado, congelado no tempo. Mas, em uma das janelas, eles viram a luz de uma vela tremeluzindo.
— O que é isso? Eu nunca ouvi falar dessa vila — sussurrou Clara, espantada.
Os amigos pararam, observando o local em silêncio absoluto. Apesar de ser uma vila aparentemente deserta, havia uma sensação de que eles não estavam sozinhos. As sombras nas janelas, as portas entreabertas, e o silêncio mortal da floresta os faziam sentir como se estivessem sendo observados.
— Devemos voltar... — sugeriu Letícia com a voz baixa, enquanto os outros, paralisados pelo medo, não conseguiam responder.
Antes que pudessem decidir, um sino ecoou de algum lugar na vila, um som oco e solitário que pareceu anunciar sua chegada. O sino ressoava pela floresta, levando o silêncio a um novo nível de tensão, enquanto os amigos, assustados e sem ter para onde ir, se entreolhavam, sabendo que qualquer passo a partir dali os levaria a um destino desconhecido e aterrorizante.