O grupo caminhava em silêncio pela floresta, sentindo uma mistura de alívio e exaustão. O ar estava mais leve, e a escuridão que antes os cercava parecia ter desaparecido, como se a aldeia assombrada nunca tivesse existido. No entanto, mesmo após terem escapado, cada um deles sentia um peso profundo, como se algo invisível ainda os observasse.
Letícia quebrou o silêncio, sua voz baixa e hesitante. — Será que… realmente estamos a salvo?
Rafael, tentando parecer confiante, balançou a cabeça. — Sim. Nós completamos o ritual, saímos daquela aldeia e estamos de volta. Acabou.
Mas, no fundo, ele sabia que algo não parecia certo. Ele se sentia observado, como se sombras estivessem os seguindo, embora a floresta estivesse vazia.
Caminharam por mais alguns minutos, até avistarem uma clareira que parecia familiar. A trilha que levava de volta à cidade estava logo à frente, mas algo no ar mudou. O ambiente ficou frio, e uma névoa fina começou a se formar ao redor deles, tomando forma rapidamente, até que uma figura encapuzada surgiu novamente à frente deles.
— Não… de novo, não… — sussurrou Clara, recuando em pânico.
A figura encapuzada permaneceu parada, sem fazer qualquer movimento agressivo. Desta vez, sua presença parecia menos ameaçadora, mas o ar ao redor ainda pulsava com uma energia macabra. Ele ergueu uma mão, como se fosse um aviso, e sua voz soou profunda e ecoante.
— Vocês acham que se livraram da escuridão, mas uma vez marcados, sempre serão chamados de volta.
Rafael deu um passo à frente, sentindo uma onda de raiva e determinação. — Não temos medo de você! Saímos daquele pesadelo, e não vamos voltar!
A figura sorriu levemente, um sorriso sombrio e cínico. — Aquilo foi apenas o começo… vocês entraram onde não deveriam, tocaram o desconhecido, e agora carregam a marca.
Diego, com uma expressão pálida, perguntou, tentando controlar o medo. — Que marca? Do que você está falando?
A figura estendeu a mão, e, num instante, cada um dos amigos sentiu uma sensação de queimadura no pulso. Quando olharam, havia um símbolo escuro, semelhante ao desenho que tinham visto no livro, marcado em suas peles. Era como se um selo invisível tivesse sido deixado em cada um deles.
— Vocês foram avisados — continuou a figura, com um tom de ironia na voz. — A aldeia é apenas uma parte do que agora os aguarda. Vocês se tornaram parte de algo maior… e muito mais sombrio.
Clara deu um passo para trás, horrorizada, tentando esfregar a marca de seu pulso. — Isso… isso não pode ser real! Nós saímos de lá, fizemos o ritual!
A figura desapareceu por um momento, e sua voz ecoou ao redor deles, se misturando ao som da floresta, que parecia ganhar vida.
— O ritual não liberta… ele apenas abre as portas para o que está além. Agora, vocês devem estar prontos, pois aquilo que repousa nas sombras sabe quem vocês são.
A figura se dissipou, e o ar frio se desfez junto com a névoa, como se nunca tivesse estado ali. Os amigos ficaram sozinhos na clareira, respirando com dificuldade, o choque visível em seus rostos. O silêncio era opressor, cada um tentando assimilar o que acabara de acontecer.
Marcos olhou para o grupo, tentando manter a calma. — Então… o que fazemos agora? Como vamos nos livrar disso?
Rafael, olhando para a marca em seu pulso, falou com uma voz mais sombria e decidida. — Não sei… mas se estamos marcados, então vamos descobrir o que isso significa. Se eles acham que vamos nos esconder ou desistir, estão enganados.
Letícia assentiu, ainda assustada, mas determinada. — Se não podemos escapar… então precisamos nos preparar. Seja o que for que está vindo, vamos enfrentar juntos.
Com essa decisão silenciosa, eles começaram a caminhar novamente pela trilha, prontos para buscar respostas sobre a marca, sobre o que quer que estivesse além da aldeia e sobre a escuridão que agora parecia fazer parte deles.