Aleksander Petrov
Faz dois meses que não durmo em casa, não por vontade própria, mas porque os japoneses não me deixam em paz, talvez isso seja só uma desculpa para não ver a diaba da minha esposa, talvez eu só esteja fugindo dela. Do cheiro viciante dela, do sorriso dela e principalmente da vontade que eu tenho de querer estar sempre ao lado dela, não sei quando começou, só sei que quando dei por mim, já estava sorrindo só de imaginar o rosto dela, isso foi uma chamada de atenção bem alta, por isso fugi de casa, igual a um covarde, com o rabo entre as pernas.
— Senhor, tenho novidades e elas não são boas — Mikhail informa, entrando no meu escritório, ele agora tem passe livre para Ir e vir.
Faz uma mês que mandei investigar a vida dele, e não encontrei nada significante, ele é órfão. Mãe prostituta e pai desconhecido, ele cresceu num orfanato e fugiu de vários lares adoptivos até que finalmente entrou na Bratva. Por mais que pareçam informações simples de alguém que não tem nada a esconder, o moleque se parece muito com o meu pai, quando ele era jovem, se ele for realmente o meu irmão, talvez ele queira vingança. Mas se não for esse o caso, ele será conhecido como um Petrov legítimo e terá todas as regalias que um Petrov tem.
— São boas ou más? Estou precisando de boas notícias — faço uma piada, só para testar o moleque, mas ele se mantém impassível.
— Sinto muito senhor, elas não são boas, na verdade são péssimas — a resposta dele me pegou de surpresa, não estava esperando algo assim, o que pode ser pior que a minha máfia estar de pernas para o ar?
— O que pode ser tão horrível que o ataque dos japoneses? — questiono com cara de poucos amigos.
Quando Mikhail, foi enviado para o Japão, eu não esperava que ele fosse trazer boas notícias para mim, eu me preparei para qualquer tipo de resposta, mas a cara dele, mesmo estando impassível, deixa transparecer um tipo de emoção negativa.
— Bom! O Tanaka, não é mais o chefe da Yakuza, ele sofreu um golpe e parece estar preso na sede da Yakuza — as informações que ele trouxe realmente são péssimas, com o Tanaka sendo mantido preso na sede da Yakuza, o novo líder está se fodendo para o tratado de paz que fizemos.
— Mas que porra, como assim, merda — juto a minha cadeira e dou voltas pelo escritório.
Isso é péssimo para os dois lados, eu e Tanaka não tínhamos uma relação de parceiros de negócios, mas existia respeito entre nós. Esse novo líder provavelmente seja o cunhado dele, o desgraçado sempre quis o lugar dele.
— Ainda tem mais senhor, a péssima notícia não é essa — Mikhail interrompe meu fio de pensamento. Ele está com uma expressão tenebrosa, como se a notícia fosse mais péssima que a anterior. O que pode ser mais péssimo que isso?
— O que é agora? — questiono irritado e porra, a minha vida já está complicada por causa do conselho que não pára de encher o meu saco, ainda tenho que aturar outros problemas.
— Bom! A notícia é realmente péssima, nem sei como fazer isso — Mikhail fala com receio, pela primeira vez desde que o conheci, eu o vejo exitar, como se não soubesse como me dar a notícia.
— Fala de uma vez Mikhail — berro com ele, eu estou realmente puto.
Se a Yakuza decidir se unir a Cosa Nostra, nós estaremos fodidos, as duas máfias têm um bom arsenal de armas perigosas, o que pode gerar muito tumulto no conselho. A única coisa que me deixa tranquilo, é saber que Roberto Constantine, ainda está vivo, com ele vivo, Giana não pode fazer nada, ele continua sendo o líder, mas no momento em que ele fôr morto, a guerra vai começar.
— A família da sua esposa está nisso — ele murmura com medo e receio..
Porra, eu já sabia que tinha um dedo de Giana nisso, mas não pensei que ela fosse tão ousada assim, o marido está vivo, ainda é o líder da Cosa Nostra, mas mesmo assim, ela faz negócios as costas dele. Giana Constantine está se tornando um problema grande para mim..
— Eu já esperava por isso, não me surpreende em nada, Giana Constantine é fria e muito ardilosa — retruco voltando a me sentar na cadeira.
A minha resposta parece ter pego Mikhail de surpresa, parece que ele não está satisfeito com isso, ele tem mais algo a dizer.
— Pode falar Mikhail, parece que não acabou ainda — incentivo e ele coça a cabeça com receio.
— Espero que o senhor não fique ofendido, mas o senhor não acha estranho os japoneses saberem exatamente quando e onde os nossos navios estam? — ele dá seu palpite com um olhar estranho. Ele tem razão, os japoneses sabem quando e como atacar.
Eles sempre estão a um passo de nós, para ter esse tipo de informação, só alguém muito próximo a mim para tirar. Os soldados de baixo escalão não têm esse tipo de informação, então só os de alto escalão e alguém que tem passe livre para entrar na minha casa.
— Também achei Mikhail, alguém de dentro está tiran informações e precisamos encontrar logo essa pessoa — concordo com ele, mas parece que ele já tem um palpite ele parece até convicto.
— Bom! Se o senhor me permite dizer, eu acho que é sua esposa — o moleque fala com certeza, sem medo de nada, sem medo de morrer por causa de sua boca grande.
Ele simplesmente jogou a bomba, se atrevendo a me fazer dúvidar da minha esposa desgraçada. Mas a dúvida dele faz sentido, mas Isabella é covarde demais nunca faria uma coisa dessas.
— Como é que é? Está louco? Ela é sua primeira dama — me sobressalto da minha mesa, mas o moleque não se abala, ele acha que sabe do que está falando.
Parece que antes de vir a minha sala, ele investigou muito bem o que está falando, e parece que a minha maldita esposa está realmente passando informações para os japoneses.
— Pense bem senhor, a família da sua esposa, mesmo com o tratado de paz, está fazendo acordos com a Yakuza contra nós, sua esposa não te ama — a última frase dele me pega de surpresa, como ele sabe disso? Ninguém além da minha mãe, sabe que o nosso casamento é de fachada, todos pensam que eu amo Isabella Constantine.
— Controle sua boca Mikhail, eu não te dei autoridade para opinar sobre a minha vida — falo muito irritado com ele. Onde já se viu? Só porque é o meu irmão, ele acha que já é o Pakhan? Eu ainda sou o mais velho.
— Sinto muito senhor, não quis ofender, mas é suspeito, ela é a única pessoa que tem acesso ao seu escritório e a última pessoa de quem nós dois desconfiamos — ele completa ainda certo de suas palavras.
Ele não está errado, muito pelo contrário, está muito certo. Faz todo o sentido, Isabella não me ama, ela me odeia mais do que tudo, está tentando me seduzir para conseguir poder na Bratva. Ela sente raiva por eu ter escolhido Fiorella antes dela, uma mulher magoada, é capaz de tudo para se vingar e com a minha esposa não é diferente.
— Você tem um ponto, mas eu tenho uma outra suspeita — falo olhando diretamente para ele.
Ele é o filho ilegítimo do meu pai, nunca foi assumido. É bem provável que ele tenha se infiltrado na Bratva, só para se vingar dele ou de mim, talvez queira reclamar seu lugar de direito.
— Sim senhor, pode falar — ele parece apreensivo. Talvez esteja com medo do que eu descobri sobre ele.
— Há quanto tempo sabe que é o meu irmão mais novo? — falo sem delongas. A postura antes altiva de Mikhail é desfeita na hora, ele olha para mim com receio e medo.
Pela primeira vez desde o moleque entrou na Bratva, o vejo fraquejar.
— Desde o nascimento senhor — ele murmura envergonhado.
Vergonha não é o sentimento que alguém que quer uma vingança transmite, se ele está envergonhado talvez não queira que as pessoas saibam que ele é filho de uma prostituta.
— E por quê não me contou — eu quero ouvir as razões dele.
Se ele me der uma boa razão, talvez eu perdoe ele, mas se ele não me der uma razão plausível, ele será encaminhado ao calabouço, não estou nem aí se ele tem o meu sangue. Ele será torturado como qualquer criminoso inimigo da Bratva.
— Eu não quis que o senhor pensasse que estou aqui para tomar o seu lugar ou coisa parecida, eu sou filho de uma prostituta e aceito isso, eu sei o meu lugar — a resposta dele me pega de surpresa, eu realmente não estava a espera de uma resposta tão sincera por parte dele.
Não dá para ver nenhum sinal de mentira em seu olhar, talvez ele esteja falando a verdade. Se não foi ele, então quem foi? Minha esposa? Ela é muito covarde para isso.
— Entendo, você não está mentindo, se estivesse eu descobriria, mantenha isso em segredo só até eu acabar com os japoneses — informo e ele concorda com a cabeça e se retira da minha sala.
Se Mikhail não é o informante, será que minha esposa realmente é a traidora? Eu não poderei deixar isso assim? Se ela for mesmo a traidora, ela será morta e eu farei isso com as minhas próprias mãos.
« Onde está a minha esposa » questiono pelo celular ao segurança dela. Eu não proíbe Isabella de sair casa, mas ela saí sempre acompanhada deles..
« No shopping senhor » o segurança retruca aflito, como se tivesse medo dela.
« Mande ela directo para casa » dou a ordem e desligo o celular.
Faz dois meses que eu não vou para a casa e faz dois meses que ela tem saído de casa sem a minha supervisão, ela vai em shoppings mas ninguém entra nos provadores com ela, e se ela realmente estiver se encontrando com os membros da família dela? E se ela realmente estiver passando informações para o outro lado, se ela estiver mesmo me traindo, eu serei capaz de matar ela?
— O que foi ? — atendo ao celular bem irritado. É o segurança de Isabella, provavelmente, ela está fazendo um escândalo para não voltar para casa.
« A senhora Petrov sumiu, não encontramos em lugar algum » do outro lado da linha o segurança fala tremendo.
Ela sumiu sem deixar rastros, ela fugiu de mim, isso prova que ela está trabalhando para eles, talvez tenham informado a ela que a casa caiu, talvez tenham dito para ela fugir de mim, para se proteger.
Quando eu colocar as mãos nela, eu vou mata-la, vou apertar aquele pescoço com tanta força que ela vai desejar, nunca ter cruzado o meu caminho. Eu fui muito manso com Isabella, eu devia ter sido o diabo com ela, quem sabe ela não se achava no direito de me trair.