Caminhando pelas ruas agitadas da cidade, eu me perco em pensamentos. Sempre me pergunto o que faria se pudesse reescrever minha história. Talvez a vida fosse diferente. Talvez eu não sentisse esse peso constante em meus ombros. Meus colegas de trabalho costumam me chamar de canalha, dizem que eu não mereço estar na Luxio Corporação. Mas será que eles realmente entendem o que é estar preso em um ciclo de insatisfação e medo?Eu sou Caio, tenho 21 anos e, até hoje, trabalhava em uma empresa que se autoproclamava revolucionária no mercado de jogos para jovens, como você, que está lendo esta novel. A Luxio Corporação estava focada em criar experiências imersivas, algo que me fascinava desde criança. Afinal, quem não cresceu jogando títulos como Resident Evil ou Mortal Kombat?Hoje, porém, a vida decidiu que seria diferente. Nada poderia piorar, pensei ingenuamente ao ouvir aquelas palavras amargas: "Você está despedido." O som da porta do escritório se fechando ecoou pela minha mente como o início de um pesadelo do qual eu não poderia acordar.Voltei para casa com passos pesados, cada movimento parecia exigir uma força que eu já não tinha. "Sou Caio, tenho 21 anos e estou namorando," repetia para mim mesmo, tentando manter uma conexão com algo positivo. Mas o que me esperava ao abrir a porta de casa me faria questionar até isso.Ao abrir a porta, o silêncio da casa me envolveu. "Amor, cheguei," chamei, esperando pelo conforto familiar da voz de Naty, minha namorada. Ela apareceu na sala, mas seu olhar era diferente, distante."Precisamos conversar," disse ela com uma voz tensa, quase inaudível.Meus músculos se retesaram, e meu coração disparou. "O que foi?" Perguntei, tentando disfarçar o medo que começava a me dominar."Caio... não dá mais para ficarmos juntos. Eu soube que você foi demitido e... não vai poder mais cuidar de mim. Eu preciso de estabilidade, você entende, né?"Aquelas palavras me atingiram como um soco no estômago. "Entendo..." foi tudo o que consegui dizer, enquanto ela fechava a porta do quarto com um som que parecia selar meu destino.Agora sou Caio, 21 anos, desempregado, solteiro e sozinho. O vazio que senti naquele momento era profundo, um abismo que parecia me engolir lentamente. Mas talvez, apenas talvez, esse seja o início de algo novo, uma chance de reescrever a história que tanto quis mudar.O silêncio da casa era quase ensurdecedor. O som da porta se fechando ecoava na minha mente como um lembrete cruel de que tudo havia mudado. Sentado no sofá, olhei para o teto tentando encontrar algum significado nas rachaduras da pintura desgastada. A solidão, antes uma sensação momentânea, agora parecia uma companheira constante.As horas passaram devagar. Meu celular vibrou na mesa de centro, mas não tive forças para pegar. Sabia que seriam mensagens dos colegas de trabalho ou notificações de redes sociais, mas nada daquilo importava mais. Eu estava preso em um loop de pensamentos amargos, uma mistura de arrependimento e autocomiseração.Eventualmente, a fome me forçou a levantar. Caminhei até a cozinha, abri a geladeira e encarei as prateleiras quase vazias. Puxei uma lata de refrigerante e um pacote de biscoitos, meu jantar improvisado para uma noite que parecia não ter fim.Enquanto mastigava mecanicamente, a realidade começou a se assentar. Eu estava desempregado e minha namorada me deixara, tudo em um único dia. Era quase cômico, se não fosse trágico. As palavras de Naty ecoavam na minha cabeça: "Eu preciso de estabilidade." E o que eu tinha a oferecer? Um emprego que não existia mais, um futuro incerto e um coração quebrado.Fechei os olhos e tentei afastar os pensamentos. Talvez o problema fosse eu, talvez eu realmente não merecesse nada daquilo. Sempre vivi com a ideia de que poderia alcançar algo grande, mas, na realidade, eu não passava de mais um jovem perdido tentando encontrar seu lugar no mundo.Meu celular vibrou novamente, desta vez com insistência. Relutante, estendi a mão e o peguei. Era uma mensagem de um número desconhecido.Mensagem: "Ei, ouvi dizer que você está procurando um novo começo. Talvez eu tenha algo para você. Encontre-me no bar da esquina amanhã às 18h. Não traga nada, apenas esteja lá."Uma mistura de curiosidade e desconfiança me invadiu. Quem poderia ser? E como sabia sobre minha situação? Não tinha muito a perder, pensei, enquanto apagava a mensagem e deixava o celular de lado.O relógio marcava meia-noite quando me joguei na cama. As sombras do quarto pareciam dançar ao ritmo da minha respiração pesada. O sono era difícil de alcançar, com a mente agitada e o coração pesado, mas, eventualmente, a exaustão venceu.Naquela noite, sonhei com estradas sem fim e portas que nunca se abriam. Acordei suando frio, o amanhecer já tingindo o céu de laranja e rosa. Hoje seria um novo dia, mas o vazio ainda estava lá, me lembrando do que eu havia perdido.Mas algo no fundo de mim dizia que as coisas estavam prestes a mudar. Talvez aquela mensagem misteriosa fosse o começo de uma nova jornada, ou talvez fosse apenas mais uma decepção. De qualquer forma, eu estava prestes a descobrir.