Depois do funeral de Maria, Gabriel e eu partimos em direção ao abrigo com uma nova determinação. Mas a minha mente estava inquieta. Eu não conseguia tirar da cabeça a ideia de que Maria estava se escondendo de alguém quando a encontramos. E esse alguém poderia estar mais perto do abrigo do que gostaríamos de acreditar.
Conforme nos aproximávamos, começamos a fabricar armas improvisadas, utilizando o que tínhamos à mão. Espadas, facas e outros armamentos rudimentares foram feitos a partir dos materiais que encontramos na casa onde pegamos aquelas roupas de couro. Gabriel e eu notamos que esse material, chamado de netrito, parecia afetar os zumbis de alguma forma. Levamos essas roupas conosco, cientes de que poderiam nos dar uma vantagem contra as criaturas que infestavam a região.
Enquanto dirigíamos em direção ao abrigo, conversamos sobre a situação. "Gabriel, você acha que o abrigo é seguro? Ou pode haver alguém lá que represente uma ameaça?", perguntei, preocupado.
Gabriel, com os olhos fixos na estrada, respondeu com seriedade. "O abrigo tem um líder, um capitão chamado Tec Force. Ele lidera uma organização de soldados que defendem os sobreviventes dos ataques dos 'Tec Humans'. Esses 'Tec Humans' são zumbis com consciência, mais fortes e mais inteligentes que os zumbis comuns."
Minha preocupação só aumentou. "E esses Tec Humans têm líderes?"
"Sim," Gabriel confirmou, com uma expressão sombria. "Os líderes deles são chamados de 'Anti-Tec'. São mutantes extremamente poderosos, seres que, de alguma forma, o vírus transformou em algo além de humanos. Eles têm poderes especiais e são dez vezes mais perigosos que qualquer outro zumbi."
Eu respirei fundo, tentando absorver toda aquela informação. "Então é isso. Vamos nos encontrar com esses monstros no abrigo?"
Gabriel assentiu. "Estamos chegando lá. E sim, essa pode ser a hora de confrontar aquele que tirou Maria de nós."
O carro continuava avançando pela estrada deserta, e a tensão no ar era palpável. Cada quilômetro que nos aproximava do abrigo trazia uma sensação crescente de que algo grande estava prestes a acontecer. Eu ajustei minha espada improvisada ao lado, sentindo o peso dela como um lembrete da nossa missão.
Finalmente, o abrigo apareceu à vista. Era um complexo cercado por muros altos e barricadas, com soldados fortemente armados patrulhando a entrada. Gabriel diminuiu a velocidade do carro, estacionando a uma distância segura.
"Estamos aqui," ele disse, com uma mistura de alívio e determinação na voz.
"Vamos entrar e acabar com isso," respondi, sentindo o sangue ferver em minhas veias.
Descemos do carro, prontos para o que quer que estivesse nos esperando dentro do abrigo. O que encontrássemos ali poderia muito bem ser a chave para entender os mistérios que cercavam Maria, o vírus Tecbot, e os líderes Anti-Tec. E, mais importante, para vingar a morte de Maria.
Enquanto nos aproximávamos da entrada, eu sabia que não havia mais volta. O confronto estava próximo, e precisávamos estar prontos para lutar por nossas vidas — e pelo que restava da humanidade.
Após chegarmos ao abrigo, Gabriel me olhou com um brilho estranho nos olhos e disse algo que deveria me motivar: "Pula!". Confuso, respondi: "O quê?". Mas antes que eu pudesse entender, fui empurrado de uma altura considerável, caindo e gritando: "Aaaaaaaa!" até me espatifar no chão. Gabriel, sem perder a chance de me zoar, comentou: "Oxi, não sabe voar?". Levantei, irritado, e disse: "Eu não sou passarinho! E por que me empurrou? Eu poderia ter morrido!". Ele apenas deu de ombros e falou que, como eu me regenero, não havia motivo para preocupação.
Enquanto discutíamos, um grupo de soldados apareceu, exigindo que nos rendêssemos. Um deles apontou para mim e gritou: "Tem um zumbi ali!". Eu, perplexo, respondi: "Eu não sou zumbi!". Mas o soldado, ignorando minhas palavras, avançou em minha direção, iniciando uma batalha.
Gabriel entrou na briga com a mesma intensidade de sempre, eliminando um terço dos soldados rapidamente. Uma soldado feminina, ainda em pé, questionou: "Você não se importa de ter um zumbi no seu grupo?". Gabriel, com um sorriso irônico, respondeu: "Melhor do que estar com uns filhos da puta como vocês!". Ela tentou me atacar, mas antes que pudesse reagir, eu já havia eliminado os outros soldados, restando apenas uma criança no meio do caos.
Descontrolado e dominado pela adrenalina, quase ataquei a criança, mas a soldado gritou: "Nãooo, Noyou!". Parei meu soco no último segundo, confuso: "Quem coloca o nome de alguém de Noyou?". A soldado suspirou aliviada, e Gabriel, vendo a oportunidade, guardou sua espada. Ele então a ameaçou, dizendo que se não colaborasse, o garoto não teria a mesma sorte da próxima vez.Depois de chegar a um acordo tenso com a garota, seguimos em direção ao portão da cidade. Assim que nos aproximamos, ficamos impressionados com a grandiosidade do lugar. As muralhas imponentes davam a sensação de que nada poderia atravessá-las, a não ser o desespero que todos pareciam carregar nos olhos. Era aqui que eu esperava encontrar o assassino de Maria, e esse pensamento alimentava a raiva dentro de mim.
A garota, ainda nervosa, nos guiou até uma estrutura que se destacava no meio da cidade. "Aqui é onde tudo acontece," ela disse, apontando para um prédio robusto com uma grande placa escrita "Força de Defesa". Era uma espécie de guilda de aventureiros, mas com uma pegada militar. Gabriel e eu trocamos olhares – finalmente as coisas estavam ficando interessantes. Entramos no prédio, sentindo uma mistura de excitação e ansiedade.
A cena corta para um lugar escuro e sombrio, onde um homem misterioso, com uma expressão fria e calculista, observa tudo de longe. "Então você veio, Kaio," ele murmura, com um sorriso sinistro se formando em seus lábios. "As coisas vão ficar divertidas."
Esse homem, de 21 anos, se apresenta mentalmente como Henrique, o inimigo declarado de Kaio. Seu ódio por Kaio remonta a cinco anos atrás, durante a faculdade em Nova York. Henrique era um jovem ambicioso, mas sempre se sentia preso nas sombras de seus colegas. Ele queria ser mais do que um figurante, desejava desesperadamente ser o centro das atenções. Até que um dia, tudo mudou.
Um novo aluno chegou à faculdade. "Olá, sou Kaio. Tenho 19 anos, sou brasileiro e espero que possamos nos dar bem," foram as palavras que Henrique nunca esqueceu. Kaio era diferente, irradiava uma confiança natural que incomodava Henrique profundamente. E foi assim que a semente do ódio foi plantada.
No presente, Henrique está determinado a destruir Kaio, não importa o que custe. Ele observa a cidade movimentada, ciente de que seu inimigo está por perto, e mal pode esperar para que seus planos entrem em ação.
De volta à guilda, Gabriel e eu nos inscrevemos como novos membros da Força de Defesa. Não era o que esperávamos, mas ao mesmo tempo, sabíamos que esse era o caminho para descobrir mais sobre o assassino de Maria e os segredos que essa cidade escondia. A missão agora era dupla: encontrar justiça para Maria e sobreviver em um mundo onde as ameaças vinham tanto dos mortos quanto dos vivos.