Depois de sermos sequestrados e finalmente encontrarmos o caminho de volta, estávamos exaustos. Vimos uma grande agitação na cidade — uma multidão se amontoava em torno de algo. A causa da comoção era Natty, que estava acompanhada de seu avô doente. Gabriel insistiu:
— Precisamos ajudar a Natty.
Eu hesitei, passando direto, mas Gabriel não estava disposto a ignorar.
— Não podemos deixar de ajudar. Algo está estranho — ele insistiu.
Voltamos para uma pousada, mas, exaustos, tivemos que dormir na rua. Eu me acomodei em um banco na praça e, enquanto adormecia, tive um sonho.
Três anos atrás
Lembrava-me claramente de Kaio, o passado que ainda me assombrava.
— Precisamos conversar. Não dá mais para nós dois continuarmos juntos — ela disse, com uma tristeza que eu não compreendia. Corri, fugindo das palavras, sem saber da real situação: seu pai estava gravemente doente, e o tratamento o impedia de ficarmos juntos.
Voltando ao presente
Não havia necessidade de encontrar Natty novamente, mas a lembrança daquele momento ainda pesava. Gabriel me acordou com um barulho vindo de fora. Um homem da Força de Defesa estava intimidando as pessoas, procurando por um tal de Kaio. Reconheci o homem como alguém que havia participado do nosso sequestro.
— O que ele quer? — perguntei, preocupado.
Natty, temendo pela minha segurança, recusou-se a revelar minha localização. O homem, irritado, começou a me atacar. Sua presença trouxe de volta a dor e a fúria que eu sentia.
— Você, filho da puta, que destruiu minha vida — ele começou, com um olhar de vingança.
— O que você quer? Dinheiro? Eu não tenho — respondi, tentando manter a calma.
— Não é dinheiro, desgraçado. Eu vou fazer você sofrer antes de te matar.
Ele começou a falar sobre seu passado, revelando que tinha um rancor pessoal. Ele havia perdido uma garota que gostava e acreditava que eu havia roubado sua chance de vingança.
Eu não pude suportar ouvir essas acusações e dei um soco nele, destruindo parte do ambiente ao redor. Mas, para minha surpresa, ele se levantou sem aparentar ferimentos. Iniciou uma troca de socos intensa, e, em um descuido meu, recebi um soco no estômago que me fez sangrar pela boca. Parecia um golpe de um boxeador profissional.
— Não vou aguentar ficar em pé — pensei, exausto e ferido.
O homem revelou que a garota que ele procurava era Maria e que, para ele, os sonhos e esperanças dela eram apenas ilusões. Ele riu, desdenhando dos sonhos de pessoas como ela.
— Não ria dos sonhos de quem já se foi — eu respondi, com raiva.
Enquanto ele falava, seu corpo começou a se transformar de forma grotesca, com fogos azuis emanando de sua pele. Eu estava no modo berserk, com o vírus Tecbot fluindo por mim, ajudando a curar minhas feridas.
O homem também começou a se transformar, adquirindo uma forma monstruosa. Ele atacava com força brutal, sua habilidade e poder aumentados pela transformação.
— Sonhos são apenas ilusões que as pessoas acreditam — ele gritou, desferindo socos que me lançaram para longe. A área começou a tremer, e a chuva começou a cair.
Mesmo ferido e com muito sangue, eu continuei a lutar, gritando:
— Não fale dos sonhos das pessoas! Maria merecia viver!
Com um soco devastador, mais poderoso do que qualquer outro antes, o impacto fez a área ao nosso redor tremer. O choque era tão forte que fez a terra tremer e a chuva cair com intensidade.
Kaio estava determinado a vingar Maria, lutando não apenas por sua própria justiça, mas também pela felicidade e pelos sonhos daqueles que ele amava. Ele enfrentava o homem, não apenas como um inimigo, mas como um símbolo da dor e da perda que todos enfrentamos