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Chapter 10 - CHAPTER 10

Impaciente, Lúcia ligou o mp3, arrastou a cama e treinou a coreografia.

Marcos acabara de chegar com sua mãe e pode escutar o som alto que vinha do quarto de Lúcia. A mãe entrou em casa. Ele olhou para os lados da rua e atravessou. Subiu na arvore e ficou escondido a vendo dançar. Fixou seu olhar no busto dela que estava firme entre as alças do colam. As maças na qual sua mãe se referira estavam ali guardadas, duras, resistentes e chamativas. Emitiam as emoções mais sublimes que despertavam a maior das curiosidades em qualquer rapaz. Aquela que era secreta, que só um homem poderia desvendar da forma mais especial que não podia ser só com o olhar. Tinha que ser no toque de seus lábios com suavidade e poesia.

Ele as lia com apreciação como um belo poema, fascinado nos passos giratórios que o corpo que as sustentavam dava. As desejava, desejava provar dessas maçãs, dar a primeira mordida, saborear seu sugo, seu néctar e sentir a maciez da sua polpa. Desejava profundamente que seu sabor fosse somente para seus lábios e ninguém mais.

Seu celular tocou. Teve que descer.

Sua mãe o esperava na janela de casa ligando para seu celular. Ele entrou. Sentou-se à mesa e almoçou com sua mãe.

- Olha - a mãe chamou a atenção dele pondo duas maças a mesa.

Ele olhou estranhando a mãe.

- Duas maçãs. O que tem?

- São lindas, perfeitas, redondas e grandes. É raro achar este tipo de maçã no mercado. Eu adoro maçãs argentinas, são as melhores. Parecem duras por fora, mas quando se morde logo se sente sua maciez e não machuca a gengiva. A melhor sobremesa. Prove - Disse Mayara saindo da mesa.

Agitado, Marcos esperneou provocado pela mãe.

- Que tipo de mãe é você? - Disse chateado. - Que fica oferecendo maçãs ao filho com intenções sujas, quer que eu cometa um crime é? - Falou alto.

- Você cometeria um crime por umas maçãs? - A mãe gritou de lá do quarto.

- Sim. Mas não por essas maçãs aqui - respondeu baixinho.

- Que? Não entendi! - Disse Mayara ao não escutar a voz do filho.

- Nada! - Ele gritou.

***

O clima estava mudando. As nuvens cinza anunciavam chuva, mas inicialmente um vento forte soprou. Lúcia parou e fechou a janela do seu quarto quando viu os pingos de chuva fresca entrar. Tomou banho e depois desceu para comer com sua mãe. A mesa estava repleta das novas preparações que Clarice tinha feito seguindo as receitas veganas que lera num livro. Desde que a filha tinha decidido seguir esta dieta, ela não se opôs. No início ficou preocupada, mas foi se acostumando, pesquisando e consultando nutricionistas. Esforçou-se e aprendeu muitas saborosas receitas para agradar sua filha e vê-la mais que tudo crescer nos estudos em busca de seu sonho de ser uma grande bailarina profissional.

Sempre procurou apoia-la nas suas decisões. Ela mesma quando era adolescente praticava dança. Dançou balé clássico quando criança, depois bellydance e por fim quando estava para ser bailarina profissional quebrou o tornozelo se acidentando num ensaio. Aos dezessete anos conheceu seu esposo Virgílio que trabalhava como corretor de imóveis. Logo se casaram. Apesar dos pais de Clarice não aceitarem o relacionamento. Pois ainda era muito jovem. Mas a gravidez foi o motivo para concordarem.

Ficaram casados até quando Lúcia completou doze anos. A situação financeira do casal estava instável. Clarice teve que trabalhar e terminar seus estudos e Virgílio não conseguia emprego fixo. Tinha largado a universidade de administração. Clarice herdara a casa dos seus avós que também ajudaram a criar Lúcia e pagavam o seu colégio. Virgílio recebeu a oportunidade de viajar para os Estados Unidos e conseguir um emprego lá e com o tempo pode enviar uma boa pensão para sua filha.

Ele era um pai bom na época em que fora casado com Clarice, mas passara a sentir ciúmes exagerados dela, quando esta teve que trabalhar como secretaria e depois se formou em enfermagem. As frequentes brigas não sustentaram o amor dos dois, então se separaram.

Lúcia começou a comer provando a refeição opulenta que a mãe fizera.

- Você é demais mami. Tá tudo uma delícia, não aguento. Acho que o melhor é continuar sendo vegana.

- O melhor é não passar mal por ai comendo comida de restaurante. Não coma depressa, faz mal.

Clarice provou e concordou com a filha.

- Nossa! Eu fiz tudo isso, nem acredito.

- Agora me fala o nome das receitas, por que não sei nada, só sei que vou me empanturrar aqui - disse Lúcia de boca cheia.

- Calma! Devagar filha. Lasanha de berinjela frita com creme de batata, molho de carne de soja e queijo de soja. Salada mista com vinagrete e especiarias. Risoto de arroz integral. Legumes e folhas verdes no vapor com azeite grego extra virgem. E sopa de lentilha cremosa. E finalmente a bomba que vai deixar você tinindo de energia.

- Que é? Tem mais?

- Suco de cenoura com laranja, espinafre, couve e semente de linhaça.

- Assim eu vou explodir - disse seguido de um arroto abafado.

- Assim eu decididamente seguirei esta dieta também. Não é nada mal.

Clarice observou a filha alguns minutos, o quanto havia crescido. São mais amigas do que mãe e filha. Às vezes se pega a observa-la sem acreditar que a mocinha na sua frente estava se tornando uma mulher. A via mais como uma irmã mais nova sendo acompanhada por uma irmã mais velha.

- As suas colegas de dança não se incomodam por você ter mais seios que elas?

Lúcia engasgou quando a mãe mencionou esta parte de seu corpo. Não era novidade falar sobre assuntos que se referissem à estética ou genética feminina. Porem poucas vezes tinha a chance de conversarem sobre namoros ou sexualidade, não que fosse um tabu para elas. Na maioria do tempo cada uma estava focada nos seus objetivos. Lúcia nos estudos e na dança. Clarice no trabalho e em dar o melhor para filha.

- Nunca havia pensado sobre isso ainda - respondeu limpando a boca com guardanapo.

- Sabe. Quando eu tava na sua idade e estava a um passo de receber a chance de entrar numa companhia profissional de balé moderno, minhas colegas tinham raiva de mim.

- Por quê?

- Ora! Era por causa dos meus seios. Quando eu assistia as apresentações dos outros grupos de dança, não tinha uma garota com seios maiores que o meu. Eu até tinha vergonha.

- Bom até agora ninguém nunca reclamou dos meus - disse inclinando a cabeça para alcançar seu busto.

- Lembro como eu sofri.

- Mesmo?

- Mesmo. Era chato dançar em dupla, os rapazes reclamavam, perdiam a concentração. As outras meninas eram como tabuas. Quase não tinham seios - ela riu.

- Ui! Os seus deviam ser arrasadores! E ainda continuam sendo.

- E você herdou da mamãe aqui um belo par de melões.

- Mãe? Ah... Não são tão grandes assim. São médios, regulares.

- Oh! Que modesta você.

As duas ficaram rindo com o papo descontraído sobre as partes do corpo uma da outra.