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Chapter 12 - CHAPTER 12

- Então, me conta sobre os Estados Unidos - disse vasculhando a estante de livros de Marcos.

- Minha mãe tava trabalhando de camareira em um hotel chique de Miami e eu treinava Muay Thai com meu tio Gil na Tailândia. Quando voltei para Miami fiquei um tempo trabalhando de guardador de volumes. Limpador de limusines. Até ganhava bem – contou enquanto Lúcia se debruçou na cama ao seu lado. – Meu tio ganhou uns torneios.

- Sério? Devia ter sido emocionante – comentou dando um sorriso cativo.

- Eu curti muito Nova York.

- Nova York? Nossa!

- Eu vi teu pai por lá.

- Mesmo? – ela arregalou os olhos para ele.

- Foi mesmo.

- Como ele estava? Estava bem? Da última mensagem ele me disse que estava super bem e ganhando muito como secretário numa empresa de economia.

Marcos engasgou ao ouvir. Preferiu esconder a real situação do pai dela. Sabia que o pai deve ter falado isso para deixar a filha ciente de que estava tudo bem. Bufou.

- É.

- É o que?

- É mesmo. Ele tava super bem.

- Por que vocês voltaram? Minha mãe comentou que sua mãe não parecia bem de saúde.

- Sua mãe sabe? – disse assustado.

- Sabe o que? O que minha mãe deveria saber?

- Nada – ele saiu da cama com gosto de irritação na boca.

- Sua mãe tá...

- Nada – rebateu. Tirou a calça sem se importar em constranger a amiga.

- Ah meu deus – disse se retraindo na cama. – eu to aqui.

- E daí? Já tomamos banho juntos e pelados. E nossas mães até acham natural – disse indo de cueca para o banheiro.

- Mas éramos crianças. Crianças inocentes.

- Que tal a gente ser criança inocente de novo aqui no meu banheiro – convidou.

- Você sendo idiota de novo.

- O chuveiro tá uma delícia. Igual você.

- Tarado.

- Lúcia! – A voz de Mayara soou nas batidas da porta. A menina foi pega de surpresa. Pulou da cama e tentou abrir a porta.

- Desculpa dona Mayara, seu filho trancou a porta, me sequestrou aqui e não sei onde está a chave.

- Mas que menino travesso, sua mãe quer voltar pra casa. Peça para ele abrir.

- Ok... – Quando viu Marcos molhado só de toalha indicando para ela fazer silêncio.

- Ela vai depois mãe – gritou respondendo. – Estamos ensaiando para o concurso artístico do colégio. Avisa a mãe dela lá.

- Ok. Mas não a deixe trancada ai seu abusado. Você não é dono da menina.

- Sou – ele disse baixinho fitando perigosamente Lúcia que bufava de raiva por ele tê-la colocado nessa situação.

- Idiota – esbaforiu para ele. Procurou pela chave, mas não encontrou. Quando viu. Marcos a havia pego e a mostrava na mão como uma chantagem.

- Me dá essa chave – ordenou.

- Vem aqui buscar lindinha – ele prensou os beiços.

- Eu vou gritar e chamar minha mãe.

- Oh, tá com medo de lutar escudeira.

- Claro que não.

- Então vamos lembrar os velhos tempos – balançou a chave.

- Com uma condição.

- Qual?

- Como faço para me inscrever no Fightertube – ele quase riu.

- Aquilo não é pra você – buscou uma roupa no guarda-roupa.

- Não é pra mim, mas é para Ingridy, não é mesmo – fez uma careta.

- Hum... Tá com ciúmes?

- Não, jamais. Por que teria? – suas mãos suavam frio. Mordeu os lábios.

- Não me provoca com essa boca garota.

- O que o honrado lutador de Muay Thai vai fazer?

- Isso – ele tirou a toalha e foi na direção dela. Lúcia tapou a boca e se virou contra a porta cobrindo o rosto.

- Isso é trapaça.

- Pois fique sabendo, sou um bom trapaceiro – prendeu a cintura dela na toalha encostando-a no seu corpo.

- Para por favor – pediu envergonhada.

- Não se preocupe, não irei fazer nada. Não sou o canalha do Adonis – a soltou e procurou se vestir. – Pode se virar escudeira. Ela se virou devagar. – Pega meu laptop ai na mesa – ela o fez. – Traz aqui na cama – se mostrou receosa. – Não vou fazer nada, juro – levantou as mãos em defesa. Lúcia sentou na cama e abriu o laptop dele. – Vou te inscrever no Fightertube como associada, mas com outro nome, depois você pode mudar a senha se quiser.

- Tudo bem – falou retraída. Ele fez um carinho na bochecha dela enrubescida.

- Seu tio sabe que você...

- Não, nem sonha. E se souber pode até me matar por isso.

- Então por que você faz? – Ela trouxe o queixo dele com os dedos para encará-lo. Ele relutou e afastou o olhar. – Tenho minhas razões – teclou no laptop. – E você tem de prometer que...

- Eu prometo – confirmou antes que ele terminasse. Ele a mirou por minutos até sentir confiança na sua promessa. Depois se voltou para a tela do laptop. – Pronto.

- Valeu. Agora vou poder admirar você dando socos – fez movimentos com os punhos. Ele sorriu admirando a cara dela de brava. – Aqui não tem o endereço do clube – disse arrastando a seta pela tela.

- O endereço que tem aqui é falso.

- Falso? Tá bom, tipo os cabelos da sua maior fã, Ingridy – entortou a boca ao falar o nome da suposta rival.

- Quero que tome cuidado com a Ingridy – ele alertou.

- Por que?

- Por que aquela lá é uma vadia.

- Caraca.

- Ingridy anda se roçando com Adonis de vez em quando.

- Por isso ela é uma vadia?

- Não é só por isso. É por coisa pior.

- E o que seria?

- Esses vídeos que estão aqui no site não são postados por mim. São feitos por ela e sem minha autorização – Lúcia ergueu as sobrancelhas. - Ela convenceu quase todas as garotas do colégio a se inscrever.

- Ui!

- Estou puto com ela. Se pudesse arrancaria os cabelos dela.

- To vendo. Quem sabe eu faça isso por você.

- Opa, seria interessante ver uma guerra de cabelos.

- Eu tenho um pouco de decência e não bato em garotas. É covardia demais.

- Isso é bom. Considerando que as vezes você me agarra sem minha autorização.

- Eu acho que você gosta.

- Eu gosto? Para de ser convencido espinhoso.

- Escudeira.

Os dois riram por alguns instantes. Marcos liberou Lúcia de seu quarto. Ela se despediu de Mayara e ele a deixou em frente à sua casa. Quando Lúcia deu as costas para entrar ele a puxou e beijou. Soltou-a. – Não podia deixar você ir sem antes ter sua boca na minha.

- Você é mesmo um espinhento.