Chereads / QUERIDA R / Chapter 15 - CHAPTER 15

Chapter 15 - CHAPTER 15

Marcos entrou na oficina de um amigo na rua detrás e pagou pelo conserto da moto que comprara na semana passada, depois de ter regularizado seus documentos e sua carteira de motoqueiro. Uma Honda seminova em vermelho e azul. Colocou o capacete e acelerou. Chegou a chácara que marcara encontro com um grupo de rali distante da cidade, em Colombo. O grupo estava reunido numa montanha baixa que seria o ponto de partida. A chácara era extensa, acomodava apenas alguns chalés e o resto era mato e poucos relevos. Cinco competidores se posicionaram acima da montanha, entre eles, Marcos no quinto lugar. Um carro próximo tocava músicas eletrônicas e alguns rapazes tomavam cerveja. Quando foi dado o sinal, os cinco largaram fazendo as motos rugirem alto. Marcos deixou os quatros saírem na frente e depois os seguiu saltando de uma rampa a pouca distância do ponto de partida a toda velocidade. Areia com folhas e galhos esvoaçaram abruptamente quando as rodas ferozes tocaram o chão. Entrou em várias curvas e obstáculos. Fez o reconhecimento da extensão do local, os outros já deviam estar distantes o bastante. Girou a moto em 180 graus e partiu vorazmente. Recuperou quantidades de bandeirolas amarelas que avistara para cumprir o objetivo da prova. Quando não avistou mais, retornou seguindo uma trilha mais curta. Ao chegar ouvira os gritos dos torcedores vibrando sua vitória.

Ainda longe não pode decifrar se os gritos eram realmente para ele, outro competidor poderia ter chegado antes. Mas ao chegar mais perto do ponto final não viu ninguém além do público que se agitava lá em cima. Deu um sorrisinho por dentro do capacete, girou a moto novamente fazendo os torcedores se agitar eufóricos. Porem seu sorrisinho fora aplacado com a chegada de outro competidor. Para abrilhantar sua chegada antes dele, deu um impulso sobre-humano e surgiu no ar acima da rampa numa manobra incrível deixando alguns boquiabertos. O som estrondoso da moto e pneus em constantes circulares, pareciam dançar pairados no ar, até baterem no chão novamente e expulsarem grama e areia para todo lado. Deu mais um impulso e saltou de novo. O público amedrontado abriu caminho na montanha fazendo uma abertura espaçosamente segura para que o competidor raivoso aterrissasse. Marcos fez a moto quase dançar quando firmou os pneus vorazes no chão além da bandeira que indicava a chegada dando aos torcedores uma visão vibrante do seu triunfo. Os gritos ecoaram mais altos.

O outro competidor chegou no ponto final em segundo lugar. Quando tirou o capacete revelou uma cara nada satisfeita. Desceu da moto e se aproximou de Marcos como se fosse dá os parabéns, mas estirou o braço num punho cerrado e o acertou com fúria.

- Qual é a tua cara? – gritou após sentir o punho estalar os ossos da sua face.

- Você trapaceou – gritou agitando os braços no ar.

- Não – Marcos afirmou.

- Você nem tem o bipe – acusou.

- Que bipe?

O líder da competição tentou acalmar os ânimos explicando que cometera o erro de não ter colocado o tal bipe rotatório na moto de Marcos por ele ter chegado bem na hora da partida, cinco minutos atrasado, o que o fez esquecer de lhe avisar sobre o bipe. No entanto o adversário do segundo lugar não aceitou o esclarecimento do líder e bravejou insatisfeito partindo para cima de Marcos o acusando de trapacear. Os outros competidores chegaram e assistiram a confusão sem tomar partido.

- Você tem de aprender a perder cara – Marcos disse tentando não revidar. Mas fora atingido com rajadas de murros da parte do rapaz que viera em segundo lugar.

- - Olha cara – disse com raiva entre os dentes. – Eu só vim aqui convidado para competir e sair numa boa, com merda de bipe ou não, eu ganhei, segui a rota e peguei as bandeirolas da minha equipe – pegou discretamente o punhal que mantinha preso no pulso por dentro da jaqueta preta de couro. - Mas já que você está pedindo arrego – deu um sorriso sarcástico. – Eu vou te dar o que você quer. Marcos avançou contra ele, socando seu rosto com ferocidade e por fim cravando o punhal entre o ombro e o peito sobre a jaqueta dele pressionando até ver o sangue brotar pela roupa. O cara ficou agonizando de dor, sua garganta segurando o peso do braço de Marcos que a travava. Suas coxas forçadas pelas pernas flexionadas em cima delas pareciam estar presas por barras de ferro.

A pedido insistente do líder, Marcos por sua vez cedeu descravando o punhal sem piedade e limpando o sangue na manga da sua jaqueta.

- Dá o prêmio de vinte mil pra ele. Eu to fora – disse ao subir na moto. Deu partida e se foi.

O clube quase lotado, mas com espaço o suficiente para os jovens dançarem. piscava suas luzes aleatoriamente. Lúcia, Rafaela e Jânio dançavam alegremente na pista. Curtiam ao máximo para aproveitar o primeiro fim de semana juntos. Durante o intervalo das músicas Jânio tomou coragem e foi até Rafaela. Suas mãos suavam e tentava se conter para não desistir de se declarar para sua amiga. Ele não era um rapaz feio, mantinha o cabelo curto chanel com mexas, físico definido, magro, moreno pardo, olhos pequenos e charmosos, lábios finos e media 1,76 de altura. Seu pai era descendente de indígenas kaiovas, filho de mãe polaka, assim como a ex-esposa, mãe de Jânio. Sua miscigenação lhe dava uma beleza exótica. Fez curso de DJ nos Estados Unidos nas férias aumentando sua paixão por fazer batidas eletrônicas. Também havia se apaixonado por sua amiga secretamente e as vezes isso o sufocava, somente Lúcia o encorajara para se declarar, mas tinha medo de gaguejar e estragar tudo. Porem hoje. uma determinação se apossou dele desde que viu Rafaela num estilo ousado e recatado. Ela era uma morena afro de cabelos até os ombros que alisados chegava até a cintura. Media 1,68 de altura, lábios generosamente grossos, olhos castanhos e amendoados, magra e corpo padrão Beyonce.

Ele se aproximou devagar apreciando a cada passo a posição que ela se encontrava na parede próxima ao pequeno corredor que levava aos banheiros. Salto 14 com presilhas douradas, calça preta justa, corset jeans escuro, pulseiras e brincos dourados que realçavam a cor da sua pele e cabelos em penteado viking. Seus lábios brilhavam com o gloss, entre abertos como esperando por um beijo. Imaginou como seria beija-la, apertar sua cintura com suas mãos e cheirar seu pescoço. Parou tímido quase tremulo.

- Eu já te disse que você arrasando hoje? – engoliu seco para evitar gaguejar. Rafaela deixou o celular e levou o olhar para ele.

- Não é mesmo – confirmou fazendo uma pose de modelo na direção dele.

- É... Você tá muito linda. Eu sempre achei... – diminuiu o tom da voz.

- Eu deixei você caidinho né Jan – lançou um olhar sedutor para ele. Jânio ficou apático com a descontração dela para consigo. – Eu sei – manteve o olhar fixo no dele. – É.... Eu sei do seu segredinho.

- Segredinho? – franziu o cenho surpreso.

- Sim – disse puxando o ombro dele. – Por isso eu caprichei hoje só pra você – o coração dele bombeou sangue como nunca para veias. Sua pele esquentou e a respiração ficou descontrolada.

- Eu... Rafa... Eu – percebeu a tolice ao gaguejar e calou subitamente desviando os olhos dela.

- Por que você não vem mais perto e me beija logo – deu um sorriso malicioso e irrecusável.

- Será um prazer – sorriu de canto fazendo Rafaela morder o beiço inferior e cair na sua nobre sedução.

Os lábios dos dois se tocaram devagar. Nunca haviam beijado alguém de fato. O beijo começou tímido, suave. Jânio saboreou o gosto e resolveu manter a boca exigente pedindo mais. Apertou a cintura dela com as mãos do mesmo jeito que imaginara. Ela não o apartou e ele aproveitou a deixa. para explorar as costas dela com a mão. Rafaela sentiu a pele queimar e as pernas bambearem, confessou internamente que Jânio era capaz de conquistar qualquer garota com esses beijos gentis, exigentes e maliciosos. E foi dominada por um ciúme só de pensar outras garotas numa fila só para receber um beijo dele. Como não havia percebido antes que seu amigo tinha um interesse mais íntimo por ela? Como pode deixar passar Jânio despercebido, talvez até nutrisse um interesse mais profundo por ele e não tinha se tocado antes. Talvez fosse medo de arriscar uma amizade tão sincera por uma noite como essa, mas não se arrependeria jamais, agora sabe que nunca irá.

Latest chapters

Related Books

Popular novel hashtag