As duas tomaram sorvete na rua mais movimentada de Curitiba. Visitaram quase todas as lojas. Entraram num restaurante. Assim como Rafaela, Lúcia completou seu prato com as preparações do Buffet.
- Você tem certeza que vai comer tudo isso, amiga?
- Sim.
- E a sua dieta? Aquela dieta esquisita do outro mundo.
- Já era.
- Sério? Certeza?
- Vamos se sentar e comer tá.
- Vamos, por que quero muito encher a pança.
Elas comiam e conversavam eletrizadas quando viram Adonis se aproximar.
- O que é carniça? nunca viu ninguém comer não é? - Implicou Rafaela encarando Adonis que ficou de pé do lado da mesa.
- Ah! Uma carniça comendo outra, não, nunca vi - Adonis debochou.
- Será que você não se toca nunca, odiamos você - Declarou Lúcia mordendo um pedaço de bife. Ele fez cara de nojo pelo gesto dela.
- Você já era uma caída, agora ficou mais ainda da ralé - Adonis a criticou.
- Não é da sua conta.
- Eu só vim avisar que quando acabar com seu protetorzinho de bosta no torneio fightboys, meu prêmio será você. Lindinha - disse convicto saindo do local.
- Mais que babaca. Como um tipo desses, pode ser vegetariano e querer ser protetor de animais? Não entendo, não consigo engolir nenhum pedacinho do que ele prega ou diz. Ele sempre fodeu com a gente em todos os sentidos - Disse Rafaela revoltada.
- E eu não sei.
Poucos minutos depois de comerem, Lúcia se sentiu mal novamente. Pediu para Rafaela esperar e foi ao banheiro. Vomitou tudo que comera. A amiga impaciente viu que estava demorando e foi vê-la. Rafaela se surpreendeu com Lúcia babando no sanitário.
- Que? Amiga, você tá bem? – pôs a mão nas costas de Lúcia.
- Não, infelizmente não.
- Vamos ao médico.
- Não, não precisa.
- Claro que precisa. Olha só você, como está pálida.
Rafaela tocou na testa de Lúcia. - E ainda tá suando frio?
- Não, ainda tenho que ensaiar hoje...
- Nem pensar, tá maluca?
Rafaela a ajudou. Pagou a conta e saíram.
Marcos as viu próximas daí.
- Que tá rolando? - Perguntou preocupado vendo Lúcia apoiada em Rafaela quase sem ficar em pé.
- Ela se ferrou com a comida do restaurante.
Marcos olhou a placa do restaurante aturdido.
- Mas ela não é vegana? Vegetal sei lá...
- Não. Quer dizer é. Mas era... Tá, só me ajuda com ela. Ok.
Marcos a colocou nos braços. Rafaela pediu para levá-la até sua casa que fica perto da Praça Osorio. Quando chegaram, entraram pela portaria que fica ao lado do salão de beleza de seus pais Ellen e Camargo. Subiram pelo elevador.
Marcos a deitou no sofá.
- Eu quero vomitar mais... - Murmurou Lúcia a ponto de não segurar a garganta.
Marcos alcançou um lixeiro e a deu. Ela pôs o resto indigesto para fora. Rafaela chegou com um chá de boldo.
- Toma. Minha vó disse que boldo é bom para o estomago.
Lúcia se sentou e bebeu. Sua palidez era visível. Sua pressão baixa a deixou fraca. Não se aguentava nem sentada.
- Temos que leva-la para o hospital - disse Marcos.
- Não, minha mãe vai ficar preocupada - Protestou Lúcia.
- Não posso deixar você assim.
- Não, não.
- Teimosa! - Falou Marcos irritado.
- Já sei, cuida dela. Eu vou fazer uma sopa de legumes, talvez possa ajudar a recuperar o ânimo. Faz tempo que ela é vegana, então deve ser por isso que não se deu bem com aquela comida cheia de bife e ainda para piorar, o babaca do Adonis apareceu para nos atormentar. Aquele cara realmente é indigesto.
- O que esse idiota foi fazer lá?
- Foi encher nosso saco como sempre.
Marcos bufou de raiva.
- Disse que ia acabar com você na arena. E que prêmio dele ia ser nossa amiguinha ai que está quase desfalecendo - Contou Rafaela.
- Eu vou arrancar o estomago dele fora – disse Marcos bufando.
- To doida pra ver isso – Rafaela salivou.
- Preciso avisar para minha mãe que vou demorar a chegar - disse Lúcia ligando o celular. Poucos minutos a mãe atendeu e ela explicou o que acontecera. Sua mãe ficou extremamente preocupada pedindo que tomasse cuidado ao voltar.
Lúcia descansou e tomou a sopa.
- Faz tempo que acontece isso com ela?
- Um tempo... Tipo... Quando ela resolveu sair da dieta de capim.
- Você é uma amiga bem compreensiva - ressaltou Marcos.
- É eu tento.
- Obrigada amiga, sua sopa salgada está ótima - agradeceu Lúcia.
- Valeu Lu.
Lúcia respirou fundo e se levantou.
- Tenho que ir Rafa, já tá escuro.
- Você vai com ela né Marcos.
- Ok - concordou ele.
Ele pegou as bolsas. Despediram-se de Rafaela e se foram.
Lúcia foi com cabeça apoiada no ombro de Marcos no ônibus. Ao chegar na parada da rua, desceram. A mãe dela já a esperava no portão de casa. Cumprimentou Marcos.
- Nossa! Você é o filho da Mayara?
Ele ficou sem graça quando a mãe de Lúcia piscou o admirando.
- Como cresceu. Você é aquele moleque que cortava os cabelos da minha filha?
- Sou, Dona Clarice.
Clarice abraçou a filha e pediu para que entrassem. Faz tempo que ele não entrava pela porta da frente. A sala lhe trouxe a nostalgia das visitas que sua mãe fazia a vizinha.
- Não mudou quase nada né, espinho... - Disse Clarice observando o olhar do rapaz pela sala.
Lúcia riu quando a mãe se referiu a ele com o apelido errado.
- Acho que não - respondeu.
- Faz um favor querido.
- Sim.
- Leva minha filha para o quarto dela?
- Mãe não precisa - interrompeu Lúcia.
- Será um prazer senhora.
- Senhora tá no céu, sou Clarice para você.
- Ok.
- Vou preparar uma sopinha de legumes e já levo para vocês.
- Pelo menos a sopa da minha mãe é melhor que a da Rafa - falou Lúcia olhando para Marcos que a seguia na escada.
- Deixa as bolsas ai. Eu vou tomar um banho e escovar a boca bem escovada - entrou no banheiro e se preparou para o banho.
- Escova bem mesmo, pois vai precisar - Ele debochou sentando na poltrona.
Quando entrou na banheira, Lúcia se lembrou da toalha. '' Droga''
Quando terminou ficou se contendo para não ter que pedir para Marcos lhe passar uma toalha. Vendo que ela demorava bateu na porta para saber se estava tudo bem. Ela com vergonha pediu que lhe trouxesse uma toalha. Imediatamente ele a atendeu lhe passando a toalha.
- Você pode sair agora.
- Para que?
- Eu vou me vestir.
Ele atrevidamente a apertou num abraço.
- O que você tá fazendo?
Ele fitou seu rosto com paixão. Jogou-se com ela na cama e beijou-a.
- Minha mãe... - Falou Lúcia sem folego. Ele a beijou com mais vigor.
- Você tá me machucando...
- Eu to doido para tirar essa toalha de você... - Sussurrou passeando os olhos no busto dela que aspirava exaltado pela forte respiração.
- Minha mãe tá chamando, sai – o empurrou.
Ele conteve-se e saiu do quarto suspirando. Desceu e disse que precisava ir para casa. Clarice entendeu, e o deixou ir, agradecendo pelo que fez por Lúcia.