"Como a cidade derribada que não tem muros, assim é o homem que não tem domínio próprio"
— Provérbios 25.28
A bela deusa, se despediu do homem e voltou ao seu reino. Quando seu caminho cruzou com Amaterasu, ela a encarou de forma triste.
"Minha bela irmã, não devia ter feito isso...", falou Amaterasu em forma tranquila, no entanto, continha preocupação.
Tsukiyomi dobrou seus joelhos diante se sua irmã, elegantemente abaixou a cabeça e disse: "Minha irmã, sei da gravidade da minha ação. Não se preocupe. Se algo der errado, sofrerei as consequências."
Amaterasu em passos curtos se aproximou de sua irmã, e ajudou ela se levantar. A deusa da lua, tinha plena consciência do que acabara de fazer. O belo samurai, foi abraçado pelas, as sombras e cabe-lhe controlar, ou ser engolido por elas. Os humanos agora o irão ver como uma praga, que ao passar toda a vida se esvai. Sua caminhada é cheia de pedras e espinhos.
No fundo, Tsukiyomi ficou muito triste em fazer o jovem passar por tudo isso. Não era justo. O que fez foi um ato de egoísmo.
"Tsukiyomi, não precisa de joelhar ou até mesmo implorar-me. Pois, sei, que haverá um dia em que você odiará aquele humano e ele também te odiará. O que fez foi um ato de misericórdia inútil e de egoísmo. Você é responsável por todas suas escolhas. Como eu disse é errado e não devia ter feito, porque eu previ um lamentável futuro. Onde você chora e o humano...", Amaterasu hesitou e não continuou a falar. Dizer a sua irmã, o futuro, poderia sair exatamente de jeito que viu. Não o mudaria, apenas faria que se concretizasse. Mesmo que lutasse eternamente com o tempo, ele nunca poderia mudar.
Presente, passado e futuro não pode ter alterado tão facilmente. Pode se dizer que a possibilidade de mudá-lo é quase impossível.
Ameterasu voltou ao seu trono e Tsukiyomi foi até o seu lago preferido.
O lago prateado.
Era onde ela se sentia mais a vontade de mostrar suas emoções. Ninguém, além dela, tem permissão de entrar. Pois, o lago é a extensão de seu quatro.
Enquanto a deusa se apegava a tristeza, o samurai que ela havia salvado acordou. Olhou em volta confuso, e com sacrifício se levantou. Pelos, os campos verdes ele cambaleou com a mão sobre sua testa.
Si, sentia muito estranho. Era como se algo mudasse drasticamente. Avançou mais alguns passos e pegou a sua Katana. A colocou em sua cintura e em passos vagarosos foi até a aldeia mais próxima.
Durante a viagem, o jovem samurai, encontrou muitos ladrões. No primeiro saque que ele fazia com sua espada, os, homens eram cortados ao meio e seus olhos brilhavam. Todos ao cruzar com ele corria e dizia: "O demônio carmesim!"
No entanto, o homem não entendia o porque ele o chamava desse modo. Ele não possuía olhos vermelhos como conta a história do demônio carmesim. O tempo foi passando, e todos o olhavam com expressão de terror. Nunca permanecia em um único lugar por muito. Necessitava ficar vagando pelos, os campos sombrios e sanguentos.
Resultado da guerra que estava em seu auge. Muitos homens perdiam suas vidas, e o jovem samurai, tirou muitas delas com sua espada.
Em uma bela noite, a luz da lua estava mais intensa que o normal, afastando a escuridão. E homem, estava se banhando em um lago. Abaixou a cabeça e viu pela, a primeira em meses sua face. Ficou surpreso. Realmente, seus olhos estavam vermelhos e seus cabelos estavam mais negros que o normal. Afastou-se do lago decidido esconder seus olhos. Desse modo, as pessoas não o veriam como um monstro, mas sim, como um humano. Encobriu seus olhos com uma faixa preta, que ficava em sua testa.
Já havia treinado bastante em sua vida, e conseguia visualizar o ambiente pelos, os sons.
Passando alguns anos, a escuridão de sua alma ficava mais intensa. Não conseguia mais suprimir sua sede de sangue, por mais que matasse e se banhasse de sangue. Com medo de si mesmo, ele soltou um grito agudo e doloroso. Sua dor era tanta, que ao invés de derramar gotas de água de seus olhos, ele derramava sangue.
Vendo o sofrimento do homem, a deusa decidiu fazer uma visita. O abraçou e sussurrou em seu ouvido: "A escuridão nos atormenta constantemente, por isso devemos nunca desistir. Não tenha medo. Controle-se!"
"Saia! Do que você sabe?", esbravejou o jovem para a deusa. Não se deu o trabalho de levantar a cabeça, então não sabia com quem estava falando. Pensou ser qualquer mulher desemparada no campo de batalha.
A deusa então puxou o jovem pela gola. Já havia perdido a paciência. Em seguida, apontou para o campo atrás do jovem. Tsukiyomi hesitou, mas puxando ar ela gritou: "Já se deu conta do que está fazendo!? Olhe ao seu redor! Você está destruindo tudo!"
O samurai se assustou com a agressividade da mulher, mas naquele momento ele estava irado. Depositou sua destra na mão que segurava sua gola e esbravejo: "Olha aqui, você não pode chegar aqui e di-", o jovem samurai foi interrompido por uma forte presença. O ar ficou pesado, e assim começou a ser sufocado.
"Se eu bem me lembro não mandei você falar alguma palavra", Tsukiyomi falou em tom intimidante. O samurai ainda não havia visto o rosto da mulher, mas quando levantou a cabeça para encará-la, ficou impressionado. A mulher tinha cabelos pretos longos, sua pele é branca, seus olhos eram prateados e alta. Usando roupas bastante sofisticadas. E, se olhos não o engavam algumas partes de seu kimono era de ouro.
"Linda", o samurai murmurou baixinho. Tsukiyomi ouviu, porém, não estava no melhor ânimo para ficar feliz com o elogio. "Por favor, pare… eu não quero ver mais...", a deusa implorou já com lágrimas escorrendo de seu rosto. Durante estes anos já carregou muita dor em seu peito. Ela não se importava com as pessoas que morriam pela, a espada do samurai, mas sim, em ver o samurai se perdendo.
O homem imediatamente virou-se para trás e viu o campo cheio de corpos podres. As aves de rapina sobrevoando sobre eles, e outras comendo sua carne. O ar cheirava puramente sangue. Ver aquela montanha de corpos fez o samurai fazer um exame de consciência.
Ele que fizera aquilo? Já não era demais? Porque havia feito?
Ah, sim! Porque estava com sede! Não estava em sua sã consciência!
Não!
Isso só é uma mera desculpa!
Era… era porque queria achar paz, e somente isso lhe trazia paz.
Olhou para suas mãos e vestes, as viu encargada de sangue. Seu corpo começou a tremer, sua respiração ficou funda, e todas as atrocidades que havia feito vieram todas de uma vez á sua mente. Ocasionando uma dor de cabeça insuportável. Levou as mãos até a cabeça, e soltou um grito de angústia.
Como? Como? Como?
Não aguentava mais aquela tortura.
Chegando em um estado crítico, o homem começou a chorar insaciavelmente.
A deusa agarrou forte suas vestes, e mordeu seu lábio inferior. Não poderia ajudá-lo mais do que isso. Havia prometido a sua irmã que não faria nada além de acordá-lo. Seu trabalho já estava feito. Deu tudo de si para chorar em silêncio, mas acabou chorando alto.
"Desculpa… desculpa… desculpa", Tsukiyomi repetia diversas vezes. Em um choro convulsivo ela disse também: "É tudo culpa minha! Eu…devia ter escutado minha irmã! Nada acabara desse jeito!"
Tsukiyomi seu interior lhe xingava por ser egoísta, e não ter pedido a opinião do homem.
"Isso não pode ser revertido. Peço desculpas por lhe fazer viver, quando você devia ter morrido há muito tempo", Tsukiyomi estava desabafando a toda a situação ao alto. Não pensou que o homem ouviria.
Enquanto chorava, o samurai conseguiu escutar todas as palavras que Tsukiyomi praticamente cuspia. Se deu conta que aquela mulher era muito mais especial que imaginava. Apesar que deste do início pensou que ela não era uma mulher muito comum. Rastejou até os pés de Tsukiyomi, isso deu um pequeno susto na mulher. Fazendo ela se acalmar um pouco e prestar atenção no jovem perante a ela.
"Não se desculpe. Você não fez nada de errado. Eu que peço desculpas por ser tão fraco", disse o samurai puxando a barra do haori da deusa. Com a desculpa do homem, ela se sentiu pior ainda. Até porque era realmente culpa dela. Devia ter prestado mais atenção na lua ao fazer o ritual.
"Acredito que você não tenha percebido, mas não só seu cabelo e olhos mudaram. Seu corpo, mente, e outras coisas foram adicionadas. Você consegue falar com as criaturas 'imaginárias'", Tsukiyomi revelou. Enxugou as lágrimas e apontou para a floresta. "Vá até aquela floresta. Converse com o espírito antigo da raposa, e passe pelo, o teste do mesmo. Mostre-me sua real força, belo samurai", pediu Tsukiyomi já ficando transparente e sumindo lentamente.
O jovem não entendeu direto o que aquela era, mas compreendeu o recado dela. Olhou determinado para a floresta, e em passos firmes foi em direção da mesma.
O que está ação trará ao jovem samurai? Sua vida irá finalmente chegar ao fim?