"O segredo é não correr atrás das borboletas. É cuidar do jardim para que elas voltem."
— Sabedoria Oriental
O belo samurai deu os primeiros sinais de que estava acordando. Estava muito confortável. Sobre a grama verde, leves raios de sol batendo sobre seu rosto. A primeira coisa que encontrara em sua frente, foi um belo animal tão branco quanto a neve, o encarando com seus profundos olhos âmbares. O homem se assustou, e quase acerta um, tapa no corpo do animal, porém, ele fora mais rápido. Pulou passos para trás e se sentou comportado.
"Vejo que já acordou humano", falou calmo. O samurai franziu o cenho confuso. Aquela era mesmo a raposa que estava em cima da cabeça dele? Não era muito grande?
"Você realmente é aquela raposa irritante de minutos atrás?", perguntou o samurai com sinceridade. Mal percebendo que o que havia dito era uma tamanha ofensa.
"Quer dizer horas atrás, não é mesmo? Meu jovem, você ficou desacordado por pelo menos quatro horas", esclareceu a raposa ignorando a ofensa.
Finalmente o samurai despertou completamente. Lembrou-se do teste e havia lutado com uma sombra parecida com ele. Olhou freneticamente para os lados, procurado por algo. O animal não deixou de perceber isso, e o respondeu antes dele perguntar.
"O derrotou", foi a única coisa que a raposa disse. Fazendo-o compreender tudo. Aquilo confirmava que ele havia passado no teste da raposa.
"Isso quer dizer que eu passei, certo?", se levantou animado. Um tanto orgulhoso pelo, o seu feito.
A raposa abaixou a raposa, e se fez de abatida. Fazendo, com que, o jovem pensasse haver falhado. Sua alegria foi para o alto, e um clima fúnebre pareou sobre o local. Contudo, é ouvida risadas.
"Jovem, devia ter visto sua cara agora!", comentou a raposa ainda rindo. O samurai quase perdeu a paciência. "Sim, você passou. Meus parabéns! Nunca pensei que um humano como você fosse passar no meu teste!"
O homem livrou-se de costas para o animal e suspirou.
"Para onde pensa ir?", o animal perguntou.
"Para onde o meu coração desejar", respondeu o homem. A raposa apenas riu.
"Possui a melhor das bússolas, meu jovem. Desejo boa sorte. Visite-me quando desejar. Será bem-vindo", convidou a raposa. O samurai voltou a encará-la, e sorriu. Agachou-se na altura do animal, e estendeu a mão. A bela raposa levantou uma orelha, e abaixou a outra. Mesmo confusa, deu-lhe a pata.
"Que nossos caminhos se cruzem mais uma vez", desejou o samurai. A raposa subiu a árvore rapidamente e deixou o samurai partir.
O homem partiu e vagou por vários cantos do país. E, se instalou em um lugar onde ninguém, ou melhor, nenhum humano pudesse o alcançar.
ATUALMENTE — FUKITSUNA MORI
— Espere um minuto! — Pediu Itsumo em voz alta — Está me dizendo que nem mesmo você sabe o resto da história?
O lobo ficará surpreso em ver o garoto que parecia tão calmo, levantar a voz desse modo. Até, porque, deste que havia o encontrado o garoto; só falava de modo que só ele ouvira.
Antes de responder, o lobo olhou para os outros ao redor. E, sentiu-se que Itsumo mataria ali mesmo se não o respondesse da maneira que ele desejava.
"Bem… sim. A únicas criaturas que sabem a história toda é a Tsukiyomi-sama, o espírito antigo da raposa e as Yuki-Onna", respondeu o lobo tentando não fazer contato visual com Itsumo. Que suavizou o olhar assassino, e apenas suspirou e cruzou os braços. Tombou a cabeça pro, lado e ficou pensando na pessoa que poderia saber a história toda. O garoto de cabelos prateados apareceu em seus pensamentos. Ficou feliz, mas só por um instante. Mukanshi já ficava convencido o suficiente quando ele lhe faz uma pergunta, ainda mais para contar uma história. Cortou a possibilidade de perguntar para Mukanshi.
— Ah! Pouco importa o final da história! — Se auto convenceu-se disso — O importante é que sei o que estes olhos significam — Cobriu um dos olhos, com uma mão.
Itsumo se levantou, e iria embora sem nem ao menos agradecer. O lobo iria deixar passar, mas Itsumo soltou "ah".
— Muito obrigada! Por me contar a história — Curvou-se. O lobo soltou um riso baixo.
"Jovem, fique até o amanhecer. A floresta é traiçoeira está hora", pediu o lobo.
Itsumo pensou até em recusar, no entanto, a noite não estava das melhores para ele ser atacado. Levantou a cabeça, e observou atentamente a lua vermelha. Sinal que em algum lugar muito sangue havia sido derramado. Sua sede de sangue era maior também nessas noites. Podia acabar matando alguém próximo e não queria que isso acontecesse novamente.
Suspirou e voltou a se sentar com os lobos. Três aproximaram-se, em seguida, deitaram-se ao redor de Itsumo. Na intenção de o esquentar. Noites são muito frias.
"Eles gostaram de você", riu o labo quando Itsumo voltou a lhe lançar um olhar fulminante.
— Muito obrigada! — Sussurrou para os lobos, os acariciando.
Enquanto isso, no outro lado da floresta, encontravam-se Mukanshi e Hanasaki sozinhos. Passando por diversos caminhos, onde plantas queria os devorar, de animais perigosos; eles chegaram a uma velha cabana. Avistando-a Mukanshi, segura a mão de Hanasaki e a puxa. A garota ficou surpresa e queria dar um murro em Mukanshi, porém, não sentiu más intenções em seu ato. Abaixou seu punho e suspirou.
"Nem mesmo Itsumo pegou em minha mão...", pensou Hanasaki. Mas logo espantou esse pensamento. No que diabos pensava?!
Chegando na cabana, um vento gelado soprou, fazendo Hanasaki ter calafrios. Pressentiu que algo não ótimo se aproximava. Mukanshi ainda segurando a mão de Hanasaki, a puxou para atrás de si.
— Cuidado — Sussurrou — Fique atrás de mim.
Para Hanasaki isso soou quase uma ofensa. Bufou, e tomou a frente abruptamente. Puxou o corpo de Mukanshi para trás, no entanto, tropeçou. O jovem fora rápido o suficiente para a segurar. Envolveu suas mãos na cintura da garota, levando ambos ao um equilíbrio. Seus rostos estavam próximos demais. Hanasaki por pura raiva, o empurrou com força. Um tropeçou no pé do outro agora.
Ambos esqueceram da possível ameaça.
— Sua idiota — Comentou já no chão, e Hanasaki sobre seu corpo — Só estava tentando ajudar! Não está vendo!
A garota não se importou estar sobre o corpo do garoto, apenas juntou as sobrancelhas.
— Quem é a idiota?! — Esbravejou — Eu já havia me equilibrado, você que tentou dá uma de herói! O idiota aqui é você!
— Hã? — Mukanshi tentou a intimidar. Trocaram olhares de ódio, rangendo os dentes. No entanto, não durou muito, pois Mukanshi percebeu em posição estavam — Agora dá para sair de cima de mim?
Hanasaki finalmente percebeu em que posição estavam. Levantou-se imediatamente. O jovem dos fios prateados, observou que a garota não fico nem um pouco constrangida. Uma curiosidade surgiu, e ele teve vontade de perguntar.
— Não sente vergonha? — Perguntou. Hanasaki estava tirando a poeira de seu hakama parou imediatamente. Franziu o cenho e o olhou de forma incrédula.
— Como é? — A garota se aproximou em passos firmes do garoto. Estava furiosa, e Mukanshi queria entender o porquê de tanta fúria — De quê exatamente?
— De instantes atrás — Respondeu Mukanshi. A garota suavizou a expressão, e deu de ombros. Não era o que ela estava pensando.
— Bem, não — Sentou-se em um tronco — É só você, Mukanshi — Respondeu simples.
Aquilo fora como uma flecha na alma de Mukanshi. Era como se estivesse dizendo que não possuía nada de atraente. Entrou na cabana, e não parou de pensar na resposta de Hanasaki nem por um segundo. Dando conta, do que, estava pensando, afastou isso para bem longe.
Era um assassino! Não precisava disso!
Convencido disso, terminou de arrumar o lugar para eles dormir. Porém, ouviu um grupo feminino do lado de fora. Revirou os olhos e saiu imediatamente para saber a razão dele.
— Que há, Hime-sama? — Fala despreocupado — Vai me dizer que não gosta de formiguinhas?
Ficou chocado para o que via. Não era possível que uma delas estivessem ali. Recuou passos para trás, e Hanasaki sentiu sua presença. Vendo a expressão no rosto do jovem, Hanasaki conclui que aquilo era realmente sério.
A frente de Hanasaki e Mukanshi, estava uma mulher enorme com longos cabelos prateados, a pele pálida, tão branca quanto a neve, olhos azuis que transmitiam o mais puro vazio congelante; hakama azul-claro. Analisava a garota com muito cuidado. Logo, sua atenção fora para o garoto. Aproximou-se de Mukanshi, ficando cara-a-cara com ele. O jovem queria fugir da criatura, mas não tinha para aonde ir, além disso, não queria deixar Hanasaki plantada.
A criatura deslizou sua mão gelada sobre o rosto do garoto. Inclinou-se, encurtando a pequena distância entre eles.
— Voltaste, Fuyu-chan — Falou a criatura em tom baixo. Mukanshi evitou fazer contato visual. Respirou fundo e a respondeu.
— Sim, voltei, mãe.
Hanasaki se virou imediatamente para olhar a expressão de Mukanshi nesse exato momento. Aquela era sua mãe? A garota estava indignada em seus pensamentos.