"A inveja, a raiva e o insulto, quando não aceitos, continuam pertencendo a quem os, carrega consigo."
— Sabedoria Oriental
— Não pensei que soubesse sobre mim — Kawasaki fechou um dos olhos, e sorri malicioso.
Itsumo persistiu em afrontar o homem. Não conseguia conter a raiva, a frustração e também o medo que carregava em seu peito. Era tudo culpa desse homem!
Como ele sabia sobre sua existência? Foi tudo premeditado? Ele que mandou a horta de assassinos para a sua vila?
Era tantas perguntas que estava bagunçando a sua racionalidade.
Ficando cabisbaixo, frouxando o agarro, Kawasaki viu ali uma brecha em sua defesa. Ainda segurando em suas mãos o jarro de saquê, ele rapidamente o quebra na cabeça de Itsumo. O líquido derramado, permanece escorrendo sobre seus fios, pingando pelas, as pontas, e sobre sua face. Mesmo com isso, Itsumo não se afasta.
— Itsumo — Yosuke a chama com tom autoritário. — Volte para o seu lugar — disse o mais velho com uma estranha calma.
Com relutância e ira, Itsumo volta para o seu lugar. Por causa, da altitude em que se localizava a mansão, o vento soprava com mais força. Ouvia o farfalhar das árvores, e a poeira rastejando sobre o chão. Ouve também o tintilar dos sinos do templo ao lado da casa.
O clima estava tenso, e a troca de olhares por ambas as partes não cessavam. Itsumo estava incomodado. Seu corpo não parara de tremer. Cerrava o punho com força, e respirava devagar para se acalmar. Não poderia mostrar seu lado frágil para um homem como aquele, que possivelmente havia dado um fim para a vida de seu pai.
— Ele era o meu melhor amigo... — Yosuke revelou nostálgico, apreciando sua bebida mais uma vez. — Kenzou era muito diferente. Não um simples humano como nós... Por isso, ele se tornou o preferido daquelas pessoas. Eu possuía a curiosidade de saber o que ele tinha tão de especial, o que diferenciava dos demais. Uma vez quando finalmente aquela pessoa saiu de perto, aproximei-me do garoto que vivia sempre com olhos vendados por algum motivo. Por impulso, puxei sua venda, e vivenciei o verdadeiro medo. Kenzou possuía um olhar assassino. Era como se ele estivesse perfurando minha alma, a rasgando. Então, descobrir porque ele era o melhor "brinquedo" deles, pois ele julgava com aqueles olhos quem morria e quem vivia... — deu uma pequena pausa — Ele era forte. — disse olhando para a palma de sua mão.
Itsumo queria entender por qual razão ele estava revelando isso para ele, mas antes de perguntar, o homem continuou, como se soubesse o que passava pela, a cabeça dele.
— Eu queria seu poder — cerrou seu punho com força. — Mas perdi... Não era páreo para sua força. Quando soube que ele havia morrido fiquei profundamente triste, pois eu havia perdido meu rival preferido. Foi como perder seu brinquedo preferido. Entende? — direcionou a pergunta para Itsumo, que apenas suspirou e balançou em negativo.
— Não. Eu não entendo — suspirou cansado — A que você desejar chegar com está conversa?
Yosuke passou o indicador, e o polegar sobre o queixo, fingindo está pensando em como responder à indagação do garoto. Olhou de forma intensa para Itsumo, fazendo o corpo do mesmo ter calafrios. Sorriu maldoso e apontou.
— Até você — ouvir isso da boca do homem, Itsumo arqueou uma das sobrancelhas. — Você agora entra na história. Eu soube sobre isso dos meus homens. Um garoto com possuía os mesmos olhos do Akuma no Kenshin. Quando você chegou até minhas mãos, eu fiquei feliz — jogou as mãos para o alto — Poderia finalmente ter o poder que sempre eu quis. Você era igualzinho a Kenzou. Lembro como se fosse ontem, quando você matou seu tutor. Foi incrível. Vocês, do clã Kousei, são armas perfeitas. Não existe nada tão poderoso quanto o ódio de vocês. Itsumo você é a minha arma! Minha peça final!
O estômago de Itsumo revirou quando escutou aquelas palavras. Não conseguia conter sua expressão agora. Contudo, um sorriso presunçoso surgiu em seu rosto.
— Você nunca matou meu pai... — balbuciou aliviado. Logo, o cômodo foi invadido pelo, o som da risada de Itsumo. — Claro! Um homem tão medíocre como você nunca conseguia tal feito! Me desculpe, pai, por chegar a cogitar a possibilidade — murmurou a última frase mais para si, porém, o homem o ouviu muito bem.
Aquilo foi o fim da linha para Kawasaki. Encontra-se com tanta raiva que suas veias estavam visíveis e seus olhos arregalados. Atrás de si, alcançou sua espada, e sem demora a sacou da bainha. Em um golpe simples, abriu a carne do braço de Itsumo.
O jovem assustado com o ataque, pulou para trás, mas por falta de forças caiu de joelhos. Apertou o maxilar, e ergueu a visão para o homem.
— O que você fez comigo? — perguntou entredentes. Enquanto, sentia seu sangue descer, manchando sua mão.
— Ainda não é hora de você saber. Posso não ter conseguido matar seu pai, mas terei o prazer de dá um fim na sua miserável vida, Itsumo! — Yosuke virou-se de costas, agachou-se, removeu o tatami revelando uma porta. Abriu-a e pulou em seguida. Como se estivesse desafiando Itsumo a segui-lo?
Itsumo não era tão idiota a ponto de descer. Fechou os olhos, sentindo a aura de espada fluindo para ele. Recuperando suas forças. Agradeceu sua companheira, e desceu até o subterrâneo.
Era uma caverna formada de pedregulhos, mas o "teto" era sustentado por uma incrível engenhosidade de madeira, que só levava a único lugar. Ou ele subia, ou avançava. Deu de ombros, e caminhou, pelo, o corredor estreito, iluminado por tochas.
Caminhando por cinco minutos, encontrou uma bifurcação. Sem hesitar, seguiu pela, a direta. Fazendo um sorriso ladino aparecesse no rosto em figura que vigiava pelas, as sombras. Passando um tempo, ele desce uma pequena série de escadas estreita, se ele caísse significaria morte. Pois, mesmo com a escuridão engolido o lugar, podia-se ver os ossos daqueles que foram enganados. Até o momento estava tudo tranquilo, porém, logo ele foi surpreendido por um empurrão na escuridão. Sacou sua espada, e se virou rapidamente, no entanto, nada viu. Ficando parado no mesmo lugar, Itsumo move freneticamente os olhos, esperando o próximo movimento do inimigo.
Escutando um passo sorrateiro das sombras, Itsumo ergue sua espada para se proteger da lâmina que voava em sua direção.
Aquilo havia sido apenas uma distração.
Logo suas costas foram cortadas, por um homem que saiu das sombras. Ignorando a dor, ele vira-se rapidamente e brandiu sua espada na intenção de contar o sujeito ao meio, mas apenas conseguiu acertar o olho direto.
Resmungou seu fracasso, e decidiu correr. Estava um alvo fácil perto da armadilha, e da escuridão. Passando por outro corredor, o seu perseguidor tenta lhe atingir mais uma vez. No entanto, Itsumo bloqueia fazendo o colidir das lâminas ressoar. Desta vez, viu nitidamente seu inimigo.
Um homem alto, de boa estatura, cobrindo o rosto, com roupas todas pretas e carregando consigo muitas armas.
— Um ninja — comentou Itsumo, pressionando o corpo do homem para trás. Atrapalhando o equilíbrio do mesmo.
Baixando sua guarda, outro indivíduo aparece das sombras e joga algum categoria de areia em seus olhos. Automaticamente ele ergue seu braço, para se proteger, mas já era tarde demais. Dando tempo o suficiente para o seu camarada escapar.
Itsumo não fazia ideia do que a areia negra, mas irritou seus olhos, e estavam ardendo. Impossibilitando-o de usar a visão. Permaneceu com os olhos fechados e seguiu para um campo mais aberto, para pegar seus inimigos.
"Os olhos nem sempre captam tudo! Eles são como espelhos, só mostram o que queremos. Então, às vezes é necessário fecha-los para focamos."
Novamente aquela voz irritante soou em sua mente. E, a parte que o irritava mais era que ela tinha um pouco de razão. Aguçando sua audição parou em uma sala, que mesmo sem ver passava um sentimento de nostalgia, de medo. Passou a mão sobre um objeto, tentando o identificar. Era uma mesa. E nela havia vários objetos que ele não reconheceu, apenas um. Um chicote com pregos.
Não teve muito tempo para aprofundar em suas memórias.
— Saudades? — uma voz abafada soou traz de si. Contornou seu corpo para frente, e defendeu-se com o chicote. Impedindo da lâmina acertar sua face. Mas o samurai, impaciente, arrancou-o de sua mão, no entanto, Itsumo ergueu seu punho e desferiu um soco no rosto da mulher. Fazendo recuar alguns centímetros.
Ainda com olhos fechados, segurou sua Kuroishi forte, e murmurou:
— "Absorva a escuridão dos corações dos homens, e rogue uma última vez para o sol, para que ele conceda seu desejo, Kuroishi!"
A aura da espada havia mudado drasticamente. A energia de cor roxa transbordava da lâmina de Kuroishi. Itsumo não desejava fazer isso, mas era necessário.
— Kuroishi está faminta — balbuciou alto o suficiente para o homem ouvir, e arregalar os olhos.
O misterioso homem levantou-se com pressa, porém, Itsumo o alcançou com uma velocidade surpreendente. Levantou a Kuroishi e cortou fora o braço do homem. O sangue respingou em sua roupa, e um pouco de seu rosto. Já o samurai estava coberto. Gritando de dor e desespero, o sujeito cai de joelhos. Em sua mente cruzou até mesmo pedir misericórdia, mas ao ver os olhos carmesim e o enorme sorriso abrindo a face do jovem, ele desistiu.
A loucura havia tomado conta da cabeça de Itsumo. Nada e ninguém o pararia agora.