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Chapter 10 - Capítulo 10 - O Começo da Fuga

O silêncio da floresta era quebrado apenas pelo som apressado dos passos de Dario e pelo farfalhar das folhas enquanto ele abria caminho na escuridão. Lina segurava Arthur firmemente em seus braços, o coração acelerado, enquanto a vila ficava para trás.

A dor em Dario era intensa. O golpe que ele levou do predador supremo quase quebrou suas costelas. Seu braço esquerdo estava dormente, e ele podia sentir o gosto metálico do sangue na boca.

Mas ele não podia parar.

Eles ainda estavam sendo caçados.

— Lina, quanto tempo até chegarmos ao ponto de extração? — Dario perguntou, a voz carregada de cansaço.

Lina olhou para a bússola presa ao seu pulso.

— Se continuarmos nesse ritmo, uma hora — respondeu.

Uma hora era tempo demais.

Arthur, ainda nos braços da mãe, sentia o ar ao redor deles vibrar. Os monstros não haviam desistido. Eles estavam esperando.

Esperando que Dario enfraquecesse.

Esperando a oportunidade certa para atacar.

Arthur cerrou seus pequenos punhos. Ele ainda era fraco, ainda era apenas uma criança. Mas algo dentro dele dizia que não podia deixar que esse fosse o fim.

Aquela luz que saiu de mim... foi um acaso ou posso controlá-la?

Se pudesse entender o que era aquilo, talvez pudesse ajudar.

Mas não havia tempo para pensar.

Lina parou abruptamente, seus olhos se fixando no chão à frente.

Pegadas.

Pegadas enormes.

— ...Tem algo esperando por nós — ela sussurrou.

Dario praguejou entre os dentes.

Se os monstros tinham cercado a vila, era óbvio que não deixariam a única rota de fuga desprotegida.

Lina segurou Arthur com mais força.

— O que fazemos? — ela perguntou.

Dario respirou fundo.

— Vamos em frente.

— Mas—

— Não temos escolha.

A tensão no ar aumentou.

Cada passo que davam os aproximava do desconhecido.

Até que a floresta se abriu em uma clareira.

E lá estava ele.

O caçador.

Não era um predador supremo, mas era diferente dos outros. Ele se destacava por sua estrutura física, mais esguia, e pelos olhos dourados que brilhavam como fogo.

Seu corpo era coberto por um manto negro, e duas lâminas gêmeas descansavam em suas mãos.

Dario reconheceu a postura.

Esse monstro era um guerreiro treinado.

Arthur sentiu o perigo.

Esse não era um oponente que Dario poderia simplesmente esmagar com força bruta.

O monstro ergueu uma das lâminas e apontou para Dario.

Desafio aceito.

Dario não hesitou. Ele avançou.

O combate começou.

O brilho do aço se misturava à escuridão da floresta.

Dario atacou primeiro, sua lâmina movendo-se com precisão mortal.

Mas o monstro desviou com facilidade, girando sua espada para contra-atacar.

Dario bloqueou.

CLANG!

A força do impacto fez seus músculos protestarem, mas ele não cedeu.

Ele girou o corpo e cortou na diagonal.

O monstro saltou para trás.

Eles mediram forças por um instante.

Então, o monstro desapareceu.

Não literalmente, mas sua velocidade era tamanha que seus movimentos se tornaram borrões.

Dario não conseguia acompanhar.

Arthur sentiu o desespero crescer.

Se Dario perdesse, Lina e ele estariam indefesos.

Ele precisava fazer algo.

Mas o quê?

Seu pequeno corpo não conseguia se mover rápido o suficiente.

Ele fechou os olhos e tentou sentir aquela energia de antes.

Nada.

Preciso de mais.

O monstro reapareceu ao lado de Dario e atacou.

Dario mal teve tempo de levantar sua lâmina.

CLANG!

A espada do monstro raspou em sua lâmina e deslizou para baixo, cortando seu ombro.

Dario recuou, pressionando o ferimento.

Arthur viu o sangue escorrer.

Ele viu a expressão de Lina.

Ela também sabia que Dario estava perdendo.

Foi nesse momento que Arthur sentiu.

Uma presença.

Uma voz.

"Você quer poder?"

Arthur não sabia de onde vinha, mas respondeu instintivamente.

"Sim."

A voz sussurrou novamente.

"Então, pegue."

Uma onda de calor percorreu o corpo de Arthur.

Seus olhos brilharam.

A luz dourada que surgiu antes voltou, mas agora ele a sentia mais claramente.

Ele sabia que podia usá-la.

E ele precisava usá-la agora.

Arthur abriu a boca e, mesmo sendo apenas um bebê, soltou um grito.

Mas esse grito não era normal.

A luz se espalhou como uma onda invisível, varrendo a clareira.

O monstro parou.

Dario parou.

Lina sentiu um arrepio subir por sua espinha.

Arthur não entendia exatamente o que estava fazendo, mas podia ver os efeitos.

O monstro cambaleou. Sua lâmina tremia.

Por um instante, ele perdeu o controle.

Foi o suficiente.

Dario não hesitou.

Ele avançou, sua lâmina brilhando sob a luz da lua.

E então, com um golpe preciso—

SLASH!

A cabeça do monstro foi separada do corpo.

O silêncio reinou.

Dario arfava, o corpo coberto de suor e sangue.

Lina segurou Arthur com força.

O que quer que fosse aquela luz, ela sabia que não era normal.

Arthur sentiu o calor em seu corpo diminuir. A luz desapareceu.

Ele estava exausto.

Dario se virou para Lina, os olhos ainda brilhando com adrenalina.

— Precisamos sair daqui. Agora.

Lina assentiu.

E assim, a fuga continuou.

Mas uma coisa era certa.

Arthur não era um bebê normal.

E alguém ou algo havia notado isso.