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Chapter 13 - Capítulo 13 - O Caminho do Caçador

O sol ainda não havia nascido quando Arthur abriu os olhos. Desde o desaparecimento de seu pai, ele não conseguia dormir direito. Mesmo sendo apenas uma criança, sua mente já estava moldada pela dura realidade daquele mundo.

Ele se levantou lentamente do colchão fino e olhou ao redor. O quarto era simples, com uma mesa pequena, uma cadeira e um armário velho. Lina estava sentada na beirada da cama, limpando uma de suas pistolas. Seus olhos estavam fundos, mostrando o cansaço acumulado nos últimos dias.

Arthur se aproximou e sentou-se ao lado dela, observando atentamente cada movimento que sua mãe fazia.

— Você está acordado cedo — disse Lina, sem desviar o olhar da arma.

Arthur assentiu.

— Eu quero treinar.

Lina parou por um momento. Ela sabia que esse dia chegaria. Desde que Dario se foi, Arthur vinha demonstrando uma determinação incomum para sua idade. Mas será que era certo permitir que ele trilhasse esse caminho tão cedo?

Antes que pudesse responder, bateram à porta.

Lina se levantou e abriu. Era Lorenzo, o líder do vilarejo. Ele usava uma jaqueta grossa e tinha uma postura rígida, como um guerreiro veterano.

— Preciso falar com vocês — disse ele, entrando.

Ele olhou para Arthur e então voltou-se para Lina.

— Você precisa treinar o garoto.

Lina franziu a testa.

— Ele ainda é uma criança.

Lorenzo cruzou os braços.

— E quantas crianças já morreram porque não estavam preparadas?

O silêncio tomou conta da sala. Lina sabia que Lorenzo estava certo. O mundo não era mais um lugar seguro. Os monstros que restaram do desastre dos portais ainda existiam, e a paz que tinham era frágil.

Arthur, que ouvia tudo atentamente, ergueu a cabeça e olhou diretamente para Lorenzo.

— Eu quero treinar.

Os dois adultos o encararam, surpresos com sua convicção.

Lorenzo soltou um suspiro e assentiu.

— Muito bem. Começamos amanhã ao nascer do sol.

Arthur sentiu algo diferente dentro de si. Era ansiedade? Medo? Não.

Era expectativa.

O Primeiro Dia de Treinamento

Quando o sol surgiu no horizonte, Arthur já estava de pé. Vestia roupas simples e um par de botas gastas. Lorenzo o esperava do lado de fora da casa, com os braços cruzados.

— Vamos ver do que você é capaz.

O campo de treinamento ficava na parte de trás do vilarejo, um terreno aberto com alguns alvos de madeira e bonecos de palha usados para prática de combate.

— Primeiro, aquecimento — disse Lorenzo. — Corra ao redor do campo cinco vezes.

Arthur assentiu e começou a correr. Seus passos eram rápidos, mas sua resistência ainda era baixa. Após a terceira volta, sentiu o peito arder e as pernas pesarem.

Lina, que observava de longe, cerrou os punhos.

— Ele está forçando demais.

— Não. Ele está aprendendo — disse Lorenzo, mantendo os olhos no garoto.

Arthur não parou. Sua respiração estava ofegante, mas ele continuou até completar as cinco voltas.

Ele caiu de joelhos, suando e ofegando, mas não reclamou. Apenas olhou para Lorenzo, esperando a próxima instrução.

O veterano sorriu de canto.

— Bom. Agora, vamos testar sua força.

Lorenzo pegou um saco de areia e colocou na frente de Arthur.

— Levante isso.

Arthur tentou, mas o saco era pesado. Suas mãos pequenas mal conseguiam segurar direito.

— Use as pernas, não só os braços — orientou Lorenzo.

Arthur tentou novamente, dobrando os joelhos e aplicando mais força nas pernas. O saco se ergueu um pouco, mas ele ainda não conseguia levantá-lo completamente.

Lorenzo colocou a mão no ombro do garoto.

— Está vendo? Você precisa treinar mais. O caminho de um caçador não é fácil.

Arthur assentiu.

— Eu vou conseguir.

Os treinos continuaram pelo resto da manhã. Arthur aprendeu o básico de postura de combate, equilíbrio e observação. Embora estivesse exausto, seu olhar permanecia firme.

Lina o observava com um misto de orgulho e preocupação.

Seu filho estava crescendo rápido demais.

Mas, talvez, esse fosse o único caminho possível.