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Chapter 15 - Capítulo 15 - O Primeiro Passo na Senda dos Caçadores

O ar frio da manhã envolvia o vilarejo como um véu de neblina. O sol ainda despontava no horizonte, tingindo o céu com tons alaranjados. O chão de terra úmida estava coberto pelo orvalho da noite anterior, e o silêncio era quebrado apenas pelo canto distante dos pássaros e pelo farfalhar das folhas ao vento.

Arthur já estava de pé. Seu corpo estava rígido, ainda sentindo os efeitos do treinamento do dia anterior. Seus músculos doíam, especialmente nos braços e pernas, mas isso não importava. Ele havia decidido que não pararia.

A brisa fria bateu contra seu rosto, mas ele não se moveu. Permaneceu ali, imóvel, observando o horizonte.

Seus pensamentos estavam fixos em uma única ideia: ele precisava ficar mais forte.

Lina aproximou-se em silêncio, observando o filho. O olhar que ele tinha agora era diferente. Antes, Arthur era apenas uma criança curiosa, ansiosa para aprender. Agora, havia um fogo em seus olhos.

Ela reconhecia aquele olhar.

— Você acordou cedo — disse ela, quebrando o silêncio.

Arthur se virou lentamente.

— Não consegui dormir direito.

Lina sorriu levemente.

— Isso significa que seu corpo está começando a entender a necessidade da disciplina.

Ela se abaixou e, de dentro de uma bolsa de couro, retirou um objeto alongado, envolto em um pano escuro.

Arthur observou atentamente enquanto Lina desembrulhava o objeto. Quando o pano caiu, revelou uma pequena espada de madeira, com uma empunhadura bem trabalhada.

— Pegue.

Arthur estendeu as mãos e segurou a arma improvisada. O peso era leve, mas bem distribuído. A madeira era firme, e a empunhadura se ajustava perfeitamente aos seus dedos.

— A força física sozinha não significa nada sem técnica — explicou Lina. — Se você quiser sobreviver como caçador, precisa aprender a lutar.

Arthur assentiu, apertando o punho da espada.

— Como eu começo?

Lina caminhou até um espaço aberto no centro do vilarejo. Alguns moradores começaram a se aproximar, curiosos.

— Primeiro, aprenda a base.

Ela ergueu sua própria espada de madeira, ficando em posição de combate.

— Ataque-me.

Arthur hesitou.

— Mas eu...

— Sem desculpas. Apenas ataque.

Ele respirou fundo e avançou. Seu golpe foi direto, mirando o torso de Lina.

Ela desviou facilmente, movendo o corpo para o lado e, com um movimento rápido, golpeou levemente o ombro de Arthur.

— Você é muito previsível. Se atacar sem estratégia, será derrotado antes mesmo de começar a lutar. Tente novamente.

Arthur franziu a testa e ajustou a postura. Ele se lembrou dos movimentos dos caçadores que já havia visto antes. Em vez de atacar diretamente, tentou um movimento falso antes de desferir um golpe lateral.

Lina sorriu, mas novamente esquivou com facilidade, batendo sua espada de madeira contra a perna de Arthur.

— Melhor, mas ainda previsível. Você precisa aprender a observar o oponente, não apenas atacar por instinto.

Arthur caiu no chão, respirando pesadamente. Seu corpo doía ainda mais agora, mas ele não reclamou.

Os olhares dos moradores ao redor estavam fixos nele. Alguns sorriam, reconhecendo o esforço do garoto. Outros apenas observavam, silenciosos.

Arthur fechou os olhos por um momento e então se levantou, mesmo que suas pernas tremessem.

— De novo.

Lina arqueou a sobrancelha.

— Está certo disso?

Arthur apenas assentiu.

Dessa vez, ele respirou fundo antes de atacar.

Ele observou os pés de Lina, a posição de sua espada, o jeito que ela se movia. E então, atacou com um golpe inesperado, mirando não o torso, mas o braço.

Por um instante, Lina quase foi atingida.

Ela desviou no último momento e sorriu.

— Muito bem. Agora você está começando a pensar.

O treinamento continuou por horas. Arthur caía, levantava, atacava de novo e de novo. Seu corpo protestava, sua respiração ficava cada vez mais pesada, mas ele não parava.

Até que finalmente caiu de joelhos, exausto.

— Eu... ainda sou fraco — murmurou, olhando para o chão.

Lina se ajoelhou ao lado dele e passou a mão nos cabelos do filho.

— Força não é apenas ganhar. É continuar tentando, mesmo quando perde.

Arthur olhou para sua mãe e sentiu algo dentro dele se fortalecer.

Ele queria mais do que apenas aprender.

Ele queria vencer.

A Lição de Lorenzo

Quando a tarde caiu, Lina levou Arthur até a casa do líder do vilarejo, Lorenzo.

Lorenzo era um homem de presença intimidadora. Alto, de ombros largos, cabelos grisalhos e olhos afiados como lâminas. Ele já havia sido um dos melhores caçadores da região antes de se aposentar.

Arthur se manteve firme diante dele.

Lorenzo o observou por um longo tempo antes de falar.

— Então, você quer ser um caçador?

— Sim — respondeu Arthur sem hesitar.

O líder do vilarejo cruzou os braços.

— O que te motiva? Dinheiro? Reconhecimento?

Arthur ergueu o olhar para ele.

— Quero proteger quem é importante para mim.

Por um instante, Lorenzo permaneceu em silêncio. Então, esboçou um leve sorriso.

— Boa resposta. Mas palavras não são suficientes. Você precisa provar que está pronto.

Arthur assentiu.

— Amanhã de manhã, venha até mim. Vamos ver se você tem o que é preciso para trilhar esse caminho.

Arthur fechou os punhos.

Amanhã seria o primeiro teste real.

Ele não falharia.