Arthur cruzou os portões da Escola de Caçadores de Valderon e sentiu o peso da nova realidade que se desenrolava diante dele.
O pátio principal era enorme, com uma grande praça de pedra onde dezenas de jovens estavam reunidos. Todos pareciam fortes, preparados e determinados. Suas roupas variavam — alguns usavam armaduras leves, outros trajes mais simples, mas todos carregavam armas.
Ele percebeu que não era o único a carregar cicatrizes. Cada um ali havia passado por seus próprios testes antes de chegar.
"Aqui não há espaço para fracos."
Arthur endireitou os ombros e avançou.
A Recepção dos Novatos
No centro do pátio, uma figura impunha respeito apenas com sua presença.
Era um homem alto, de cabelos grisalhos, usando uma armadura negra e um manto azul-escuro com o símbolo da escola bordado. Seus olhos eram afiados como lâminas, e sua postura exalava autoridade.
Ele ergueu a voz:
— Bem-vindos à Escola de Caçadores de Valderon! Meu nome é Comandante Gregor, e eu sou o responsável por garantir que os fracos sejam eliminados e que os fortes se tornem verdadeiros caçadores!
O silêncio tomou conta do pátio.
Gregor continuou:
— Se estão aqui, significa que foram aceitos para os testes de admissão. Mas não se enganem. Metade de vocês não chegará ao fim.
Alguns candidatos engoliram seco. Outros mantiveram o olhar firme.
Arthur permaneceu em silêncio, observando.
Gregor apontou para um prédio à direita.
— Lá estão os dormitórios. Escolham um quarto e preparem-se. Amanhã ao amanhecer começa o primeiro teste.
Ele deu meia-volta e saiu sem mais explicações.
Os Dormitórios e os Primeiros Rivais
Arthur caminhou pelo prédio dos dormitórios. Os corredores eram largos e feitos de pedra escura, com portas de madeira pesada em cada lado.
Ele encontrou um quarto vazio e entrou.
O espaço era simples: uma cama estreita, um baú para pertences e uma mesa pequena. Nada luxuoso, mas também não esperava conforto.
Enquanto guardava suas coisas, ouviu vozes no corredor.
— Você acha que esses fracos vão durar? — disse um garoto com cabelo castanho curto e olhos afiados.
Outro riu.
— Não. Mas vai ser divertido ver quem cai primeiro.
Arthur saiu do quarto e encontrou os dois conversando.
O primeiro garoto olhou para ele e sorriu de canto.
— Você é um dos candidatos, né?
Arthur apenas assentiu.
— Nome? — perguntou o outro.
— Arthur.
— Hm… Sou Dante. E esse é Jarek. — Dante cruzou os braços. — Espero que você não seja um dos que vão cair no primeiro teste.
Arthur não respondeu.
Jarek riu.
— Não fala nada? Bom, veremos amanhã.
Eles se afastaram, deixando Arthur sozinho.
"Rivais. Era óbvio que haveria muitos."
Ele fechou a porta e respirou fundo.
O verdadeiro teste começaria em breve.
O Primeiro Teste – O Campo de Caça
Ao amanhecer, os candidatos foram levados para fora da escola, até um campo aberto cercado por florestas.
Gregor e outros instrutores estavam ali, observando.
— Seu primeiro teste é simples. Vocês terão seis horas para caçar e trazer pelo menos uma presa. Quem falhar, será eliminado.
Muitos se entreolharam.
Arthur sentiu um arrepio. Seis horas. Uma caça. Uma chance.
— Comecem! — gritou Gregor.
Os candidatos se dispersaram.
Arthur correu para a floresta, atento ao ambiente.
O som das folhas, o farfalhar dos galhos… Tudo poderia indicar a presença de uma presa.
Mas ele não estava sozinho.
Viu Dante e Jarek mais à frente.
— Parece que estamos no mesmo caminho — disse Dante, com um sorriso malicioso.
Jarek ergueu a lança.
— Espero que você não tente roubar nossa caça.
Arthur não respondeu.
Ele apenas seguiu por outro caminho.
A Caçada
Arthur se moveu com cuidado, atento a qualquer sinal de movimento.
Passou por pegadas no chão — pareciam recentes.
"Algo passou por aqui."
Ele seguiu as marcas até um pequeno riacho.
Foi então que viu: um cervo bebendo água.
Arthur respirou fundo.
"Preciso ser rápido e preciso."
Ele pegou sua pistola e se preparou.
Mas, no momento em que mirou, algo saltou das árvores.
Uma fera negra, semelhante a um lobo gigante, atacou o cervo.
O cervo tentou fugir, mas a criatura o derrubou e rasgou sua garganta.
Arthur prendeu a respiração.
Um predador maior.
A fera ergueu a cabeça e farejou o ar.
Ela percebeu sua presença.
Arthur não teve escolha.
Quando o monstro avançou, ele rolou para o lado, evitando as garras afiadas.
Sacou sua pistola e disparou.
O tiro acertou o ombro da fera, mas não a derrubou.
Ela rosnou, furiosa, e atacou novamente.
Arthur esquivou, pegou sua adaga e, no momento certo, golpeou a lateral do pescoço da criatura.
O monstro se debateu… então caiu.
Arthur respirou pesadamente.
Ele venceu.
Mas a luta custou tempo. Restavam menos de duas horas para o teste acabar.
Ele cortou parte da presa e correu de volta.
O Resultado
Quando chegou ao ponto de encontro, Gregor estava esperando.
Os candidatos começaram a retornar, carregando suas caças.
Dante e Jarek já estavam ali.
Arthur jogou sua presa no chão.
Gregor observou, depois olhou para Arthur.
— Um lobo-negro. Interessante.
Arthur apenas assentiu.
Quando todos chegaram, Gregor anunciou:
— Dez candidatos falharam e estão eliminados. Os restantes… passaram.
Alguns suspiraram aliviados. Outros sorriram.
Arthur apenas manteve o olhar firme.
Ele deu o primeiro passo.
Mas ainda havia muito pela frente.