O sol mal havia surgido no horizonte quando Arthur se levantou. Seu corpo inteiro protestava com dores musculares do treino do dia anterior, mas ele ignorou.
Lorenzo já estava do lado de fora, afiando uma adaga com uma pedra de amolar.
— Você acordou cedo — disse ele sem tirar os olhos da lâmina.
— Não posso perder tempo — respondeu Arthur, esticando os braços doloridos.
Lorenzo riu.
— Veremos se sua determinação continua depois do que eu planejei para hoje.
Arthur sentiu um arrepio na espinha.
Treino de Resistência
Lorenzo levou Arthur para uma área aberta perto do vilarejo, onde o solo era coberto por terra batida e algumas pedras espalhadas.
— Antes de aprender a lutar, você precisa fortalecer seu corpo. Não adianta ter uma boa técnica se não consegue suportar um combate prolongado.
Arthur assentiu, preparado para o que viesse.
— Quero que corra ao redor desse campo até eu mandar parar — ordenou Lorenzo.
Arthur respirou fundo e começou a correr.
No início, parecia fácil. O vento fresco da manhã ajudava a manter o ritmo, mas, conforme os minutos passaram, o desgaste do dia anterior começou a pesar. Seus músculos queimavam, e sua respiração ficou pesada.
Lorenzo apenas observava, sem dar sinal de que o exercício acabaria tão cedo.
— Continue — disse ele, sem emoção na voz.
Arthur rangeu os dentes e forçou suas pernas a continuarem.
O tempo passou lentamente, e quando Arthur finalmente tropeçou e caiu de joelhos, já havia perdido a noção de quanto tempo havia corrido. Seu peito subia e descia rapidamente, e ele sentia um gosto metálico na boca.
— Levante-se.
Arthur levantou a cabeça e viu Lorenzo parado à sua frente.
— Levante-se e continue — repetiu o caçador, cruzando os braços.
Arthur queria argumentar, mas sabia que não adiantaria.
Ele se forçou a levantar, ignorando a dor.
— Isso — disse Lorenzo, assentindo. — Agora podemos continuar.
Treino de Reflexos
Após a corrida, Arthur esperava que tivesse um momento para recuperar o fôlego, mas Lorenzo já estava preparando o próximo exercício.
O velho pegou uma vara longa e colocou uma venda nos olhos de Arthur.
— Agora, você deve desviar dos golpes sem enxergar. Confie nos seus ouvidos e no seu instinto.
Antes que Arthur pudesse responder, um golpe rápido veio em sua direção. Ele tentou se esquivar, mas a vara atingiu seu ombro.
— Muito lento.
Outro golpe veio, acertando seu braço.
— Seus reflexos são péssimos.
Arthur começou a se irritar, mas forçou-se a manter a calma.
Ele respirou fundo e tentou se concentrar. Ouviu o leve movimento da vara cortando o ar e, no último instante, moveu a cabeça para o lado.
O golpe passou de raspão.
— Melhor — disse Lorenzo.
O treino continuou, e, pouco a pouco, Arthur começou a melhorar. Ainda levava golpes, mas cada vez menos.
Quando Lorenzo finalmente parou, Arthur estava suando e respirando pesadamente.
— Isso é tudo por hoje — disse Lorenzo. — Amanhã, começamos o verdadeiro treinamento de combate.
Arthur assentiu, exausto, mas determinado.
Ele sabia que ainda tinha muito a melhorar, mas um pensamento passou por sua mente:
Se continuar assim... talvez um dia eu realmente me torne um caçador de verdade.
Continua...