Arthur sentia os músculos doloridos enquanto acompanhava Lorenzo de volta ao vilarejo. O teste da caça havia sido exaustivo, mas ele havia passado. Ainda assim, ele sabia que aquilo era apenas o começo.
Lorenzo andava à frente, em silêncio, mas Arthur podia notar o leve sorriso no canto de seus lábios. O veterano estava satisfeito, mas não impressionado.
Quando chegaram à cabana do caçador, Lorenzo abriu a porta e entrou sem olhar para trás. Arthur o seguiu, sentindo o cheiro de madeira e couro no pequeno espaço. O velho pegou um cantil de água e tomou um longo gole antes de jogá-lo para Arthur.
— Beba — ordenou.
Arthur pegou o cantil e tomou alguns goles. O frescor da água aliviou sua garganta seca. Ele queria descansar, mas Lorenzo não parecia disposto a dar esse tempo.
— Você passou no primeiro teste — disse Lorenzo, cruzando os braços e observando Arthur com atenção. — Mas caçar não é o bastante. Um caçador precisa saber lutar contra algo que revida.
Arthur assentiu. Ele já esperava por isso.
— O que vem agora?
Lorenzo pegou duas espadas de treino feitas de madeira e jogou uma para Arthur. O jovem pegou a arma no ar, sentindo o peso em suas mãos.
— Quero que me ataque — disse Lorenzo. — Com tudo o que tem.
Arthur hesitou. Lorenzo era um veterano experiente. Um ataque descuidado não funcionaria. Mas hesitar era um erro ainda maior.
Ele firmou os pés no chão, ajustou sua postura e avançou.
Arthur tentou um golpe direto, mirando o peito de Lorenzo. Mas o velho caçador desviou com um simples passo para o lado e, em um movimento rápido, acertou a lateral da espada contra o pulso de Arthur.
A arma voou de sua mão e caiu no chão.
— Morto — disse Lorenzo, balançando a cabeça.
Arthur cerrou os dentes e pegou a espada de novo.
— De novo.
Lorenzo riu.
— Isso é bom. Você aprende rápido.
Arthur respirou fundo e avançou novamente, dessa vez tentando um golpe mais baixo, mirando as pernas do caçador. Mas Lorenzo saltou para trás e, em um movimento veloz, girou a espada e bateu no peito de Arthur com a lateral da lâmina.
O impacto o jogou para trás.
— Morto outra vez — disse Lorenzo, cruzando os braços.
Arthur caiu de joelhos, sentindo o choque percorrer seu corpo. Ele estava cansado, mas não derrotado.
Ele se forçou a levantar.
— De novo.
Lorenzo observou por um instante. O brilho em seus olhos mudou ligeiramente.
— Agora sim — murmurou, antes de assumir novamente a posição de combate. — Finalmente começamos seu verdadeiro treinamento.
Arthur ajustou sua pegada na espada de madeira. O suor escorria por sua testa, seu corpo doía, mas ele não desistiria.
Ele avançou mais uma vez, desta vez mais cauteloso. Lorenzo esperava sua aproximação, relaxado, mas atento. Arthur fingiu um ataque pela direita, mas girou a espada rapidamente para o lado esquerdo.
Dessa vez, Lorenzo não esquivou tão facilmente. O caçador bloqueou o golpe, e um som seco ecoou pela cabana. Arthur sentiu o impacto percorrer seus braços.
— Melhor — admitiu Lorenzo. — Mas ainda fraco.
Antes que Arthur pudesse reagir, Lorenzo avançou. Seu golpe veio rápido, forçando Arthur a erguer a espada para se defender. O impacto fez seus braços tremerem.
Arthur recuou um passo, tentando recuperar o equilíbrio. Lorenzo não deu espaço.
Outro golpe veio de cima, e Arthur mal conseguiu bloqueá-lo. Sentiu seus joelhos dobrarem com a força do impacto.
Então, em um instante, Lorenzo girou a espada e bateu forte no ombro de Arthur.
O jovem cambaleou para trás, ofegante.
— Morto mais uma vez — disse Lorenzo, guardando a espada.
Arthur caiu de joelhos, respirando pesadamente. Seus braços tremiam.
Lorenzo se aproximou e estendeu a mão para ajudá-lo a se levantar.
— Você ainda está longe de ser um caçador de verdade — disse ele. — Mas... tem potencial.
Arthur pegou a mão do veterano e se levantou. Seu corpo doía, mas ele sorriu.
— Amanhã, de novo?
Lorenzo riu.
— Amanhã, treinaremos para valer.
Arthur assentiu. Ele sabia que teria um longo caminho pela frente. Mas estava pronto.
Continua...