O sol mal havia surgido no horizonte quando Arthur se levantou. Seu corpo ainda doía do treinamento do dia anterior, mas ele não hesitou. O dia de seu primeiro teste havia chegado.
Ele saiu de casa sem fazer barulho. Lina já estava acordada, mas apenas observou enquanto ele se preparava. Havia algo nos olhos dela – um misto de orgulho e preocupação.
Arthur não disse nada, apenas acenou levemente antes de sair.
O vilarejo ainda estava silencioso. A névoa matinal cobria as pequenas casas de madeira e o solo úmido. Algumas pessoas já começavam a se movimentar, carregando cestos, preparando-se para mais um dia.
Quando chegou à casa de Lorenzo, encontrou o velho caçador esperando do lado de fora. Ele estava encostado em um tronco, afiando uma lâmina curta. Seus olhos se estreitaram quando viu Arthur.
— Você veio.
Arthur apenas assentiu.
Lorenzo guardou a lâmina e se afastou do tronco.
— Vamos ver do que você é capaz.
Ele começou a caminhar em direção à floresta, e Arthur o seguiu sem hesitar.
A Caçada
O caminho pela floresta era irregular, com raízes retorcidas e folhas secas espalhadas pelo chão. O som dos pássaros e do vento balançando as árvores criava um ambiente ao mesmo tempo tranquilo e ameaçador.
Lorenzo parou em um pequeno descampado e se virou para Arthur.
— Seu teste é simples — disse ele, cruzando os braços. — Você vai caçar.
Arthur franziu a testa.
— O quê?
Lorenzo apontou para a floresta.
— Você quer ser um caçador, certo? Então prove que pode sobreviver. Encontre e mate um animal pequeno. Pode ser um coelho, uma raposa, o que conseguir.
Arthur sentiu um frio na barriga. Ele nunca havia caçado antes. Treinava combate, sabia como manejar uma arma, mas seguir rastros e capturar uma presa? Isso era completamente novo.
— Você tem até o meio-dia — continuou Lorenzo. — Se falhar, volta para casa sem nada.
Arthur respirou fundo.
Ele não podia falhar.
A Estratégia de um Caçador
Arthur caminhou lentamente pela floresta, analisando o ambiente ao redor. Ele se lembrou das lições de sua mãe: "Um caçador precisa observar. O ambiente sempre dá sinais."
Ele abaixou-se, observando o solo. Pegadas leves marcavam a terra – pequenas e espaçadas. Provavelmente um coelho.
Ele seguiu as pegadas com cautela, tentando fazer o mínimo de barulho possível. O som de folhas secas quebrando sob seus pés o fez parar. Preciso ser mais silencioso.
Arthur olhou ao redor e encontrou um pedaço de pano jogado no chão. Ele se lembrou de algo que Lorenzo havia dito certa vez:
"Os melhores caçadores não perseguem. Eles atraem."
Ele pegou o pano e o amarrou a um galho baixo, esfregando um pouco de terra nele para esconder o cheiro humano. Depois, espalhou algumas folhas e galhos ao redor.
Agora, só precisava esperar.
O tempo passou lentamente. Arthur se manteve imóvel, escondido atrás de uma árvore. O sol já começava a subir no céu quando finalmente ouviu um som.
Um pequeno coelho surgiu entre os arbustos, farejando o ar. Ele hesitou por um momento, mas então se aproximou do pano.
Arthur segurou a respiração.
Quando o coelho se distraiu, ele se moveu rapidamente, atirando uma pequena pedra na direção do animal.
O impacto não foi fatal, mas atordoou a presa. Arthur correu, sacando sua faca improvisada e finalizando o golpe.
Ele ficou parado por um momento, olhando para o corpo sem vida do coelho em suas mãos.
Havia um misto de emoções dentro dele – orgulho, mas também um peso. Ele havia tirado uma vida.
Mas era assim que o mundo funcionava.
Ele respirou fundo, pegou sua presa e começou a voltar.
O Reconhecimento de Lorenzo
Quando Arthur retornou ao descampado, Lorenzo o esperava com os braços cruzados.
Ao ver o coelho nas mãos do garoto, ele sorriu levemente.
— Nada mal.
Arthur jogou o coelho no chão, tentando disfarçar o cansaço.
— Passei no teste?
Lorenzo assentiu.
— Você provou que pode pensar como um caçador. Isso é o mais importante.
Arthur sentiu um alívio silencioso.
Lorenzo então colocou uma mão no ombro dele.
— Mas isso foi apenas o começo. Se quiser realmente ser forte, precisará enfrentar desafios muito maiores.
Arthur olhou para ele e assentiu.
Ele sabia que esse era apenas o primeiro passo.
Mas estava pronto para continuar.