A manhã nasceu calma, mas dentro de Arthur, uma tempestade crescia. O vilarejo estava desperto, as pessoas seguiam suas rotinas como se nada tivesse acontecido. Mas para ele, tudo mudara. O sacrifício de Dario ficara marcado em sua alma.
Enquanto caminhava pelo pequeno quintal atrás da casa, Arthur sentiu o vento frio contra a pele. O mundo era perigoso. Ele já sabia disso. Mas a impotência o corroía.
Ele não queria apenas sobreviver.
Ele queria ser forte.
Queria garantir que nunca mais perderia alguém importante.
E, acima de tudo, queria honrar a promessa que fez naquela noite.
Lina o observava de longe. Desde o incidente, Arthur mudara. Seu filho não chorava. Não perguntava sobre o pai. Apenas encarava o horizonte com olhos que carregavam algo que não pertencia a uma criança.
Quando ele se virou para ela, Lina soube o que viria a seguir.
— Mãe, eu quero treinar.
Lina piscou, surpresa.
— Treinar?
— Sim. Quero ficar forte.
Ela sentiu o peito apertar. Arthur era apenas uma criança. Dario também começara cedo, mas nem ele... nem ninguém começava tão jovem assim.
— Você ainda não tem idade para isso — disse, tentando desviar o assunto.
Mas Arthur não desviou o olhar.
— Se eu esperar, vou me tornar forte quando já for tarde demais.
A sinceridade e firmeza na voz dele fizeram Lina prender a respiração.
Ele era apenas uma criança. Mas sua mentalidade não era.
O Primeiro Desafio
Lina suspirou e olhou para o céu. Negar o desejo de Arthur seria o mesmo que negar a dura realidade do mundo.
— Certo — disse, enfim. — Mas vamos fazer do meu jeito.
Ela entrou na casa e voltou minutos depois carregando duas pedras médias, lisas e um pouco pesadas.
— Pegue.
Arthur estendeu as mãos e sentiu o peso das pedras pressionando seus pequenos braços. Não eram absurdamente pesadas, mas exigiam esforço.
— Você quer ser forte? Então comece pelo básico — disse Lina. — Antes de pensar em lutar, seu corpo precisa aguentar a pressão. Vai carregar essas pedras o dia inteiro. Se conseguir, continuamos amanhã. Se não, não há razão para seguir em frente.
Arthur assentiu. Não reclamou, não hesitou. Apenas aceitou.
Ele começou a caminhar pelo vilarejo, segurando as pedras. No início, era fácil. Mas conforme as horas passavam, seus braços começaram a tremer. A dor se espalhava pelos músculos, e cada passo se tornava um desafio.
Os olhares curiosos dos moradores o seguiam.
— O que esse garoto está fazendo?
— Treinamento? Ele não é muito novo para isso?
Arthur ignorou os cochichos e continuou. Seu corpo doía, mas sua mente estava firme.
Lina o observava de longe. A resistência de Arthur a surpreendia. Ele não chorava, não pedia descanso. Mesmo quando suas pernas ameaçavam ceder, ele seguia em frente.
O sol começou a se pôr, tingindo o céu de laranja e roxo. Arthur ainda estava lá, segurando as pedras.
Finalmente, quando a noite caiu, Lina se aproximou.
— Muito bem. Você passou no primeiro teste.
Arthur suspirou aliviado, mas não comemorou. Ele sabia que isso era apenas o começo.
O Treinamento Continua
Os dias seguintes foram duros. Lina aumentava a intensidade dos exercícios. Primeiro, fez Arthur carregar pedras ainda mais pesadas. Depois, o colocou para correr em volta do vilarejo, aumentando a distância a cada dia.
Os moradores o observavam com admiração e curiosidade.
— Esse garoto tem espírito.
— Ele parece determinado...
Mas nem todos entendiam.
— Ele é apenas uma criança. Isso é cruel.
Lina ignorava os comentários. Ela via nos olhos de Arthur que não era algo imposto. Era sua própria escolha.
Semanas se passaram. Os músculos de Arthur começaram a se fortalecer, seu corpo ficava mais resistente, mas o verdadeiro desafio ainda estava por vir.
O Despertar da Energia Misteriosa
Certa noite, enquanto treinava sozinho no quintal, Arthur sentiu algo estranho. Seu corpo estava quente. Mas não era cansaço.
Era como se algo dentro dele estivesse se movendo.
Ele fechou os olhos e respirou fundo.
Então, sentiu.
Um fluxo invisível percorria seu corpo. Como um rio silencioso, uma energia estranha e poderosa fluía dentro dele.
Arthur abriu os olhos, assustado.
O que era isso?
Por que ele sentia essa força?
Ele não sabia, mas tinha certeza de uma coisa:
Este era apenas o começo.
Seu verdadeiro caminho para a força estava apenas começando.