Os dias se passaram, e Arthur começou a se acostumar com sua nova realidade. Seu corpo ainda era frágil, mas sua mente estava intacta. Ele entendia as conversas ao seu redor e absorvia cada detalhe daquele novo mundo.
A mulher que o segurava era sua mãe, uma mulher de aparência simples, mas com um olhar determinado. Seu nome era Lina Pascoal. O homem ao seu lado, de postura rígida e cicatrizes nos braços, era seu pai, Dario Pascoal.
"Eles parecem pessoas comuns, mas há algo de diferente neles."
Arthur percebeu que, apesar de viverem em um vilarejo afastado, seus pais não eram camponeses normais. Dario saía frequentemente em expedições, retornando com ferimentos e armas desgastadas. Lina, por sua vez, manuseava pistolas como se fossem extensões de suas mãos.
"Eles são caçadores?"
A resposta veio certa noite, quando Dario retornou mais cedo do que o esperado. Lina rapidamente trancou a porta e puxou um rifle debaixo da mesa. O clima ficou tenso.
— O que aconteceu? — ela perguntou em um sussurro.
— Encontramos rastros de uma fera perto do rio — Dario respondeu, limpando o suor da testa. — Parece um dos antigos monstros do desastre dos portais.
Arthur, deitado no berço, ouviu tudo atentamente. "Monstros... então ainda existem alguns soltos por aí."
Ele não pôde deixar de sentir um frio na espinha. Se criaturas assim ainda vagavam pelo mundo, então caçadores como seus pais eram essenciais para a sobrevivência da humanidade.
"Isso significa que eu também preciso me preparar."
Mas havia um problema: ele era apenas um bebê.
Foi então que sentiu aquela energia estranha dentro de si novamente. Como um instinto primitivo, algo nele parecia estar esperando para ser despertado.
"Se eu quero sobreviver neste mundo, preciso entender o que há dentro de mim."
Naquela noite, Arthur não dormiu. Seus olhos brilhavam na escuridão, determinados.
Seu novo caminho acabava de começar.