O sol de Aerya era diferente. Tinha um brilho dourado mais intenso, quase mágico, mas a luz que atravessava a janela da pequena câmara onde Lya dormia parecia incapaz de dissipar o frio que a envolvia desde aquela noite.
Os olhos dourados ainda queimavam na sua memória, mas agora, à luz do dia, a lógica sussurrava-lhe que fora apenas um sonho — uma ilusão moldada pelo medo e pela estranheza daquele novo mundo. Era o que fazia mais sentido. Afinal, ninguém poderia observá-la de tão longe… certo?
Empurrando a sensação para o fundo da mente, Lya levantou-se, determinada a enfrentar mais um dia na cidade dos feiticeiros. Arwen, sempre impassível e fria, designara um novo tutor para ela: Eren, o jovem feiticeiro curioso que parecia mais fascinado com o facto de Lya ser uma "forasteira" do que preocupado com o mistério da sua chegada.
Eren era um contraste vivo ao ambiente austero de Aerya. Tinha cabelos negros, ligeiramente despenteados, e olhos cinzentos que brilhavam com uma mistura de inteligência e irreverência. O seu sorriso malandro parecia estar sempre prestes a acompanhar um comentário sarcástico, mas havia nele uma gentileza subtil, oculta sob a fachada de descontração. As vestes de aprendiz que usava estavam longe da formalidade dos feiticeiros mais velhos — mais leves, práticas, com detalhes bordados que denunciavam a sua afinidade com magias elementares.
— Hoje, vou mostrar-te o verdadeiro coração de Aerya, — disse Eren, com um sorriso malandro, enquanto caminhavam por um corredor ladeado de vitrais que transformavam a luz em padrões coloridos no chão de mármore. Empurrando a sensação para o fundo da mente, Lya levantou-se, determinada a enfrentar mais um dia na cidade dos feiticeiros. Arwen, sempre impassível e fria, designara um novo tutor para ela: Eren, o jovem feiticeiro curioso que parecia mais fascinado com o facto de Lya ser uma "forasteira" do que preocupado com o mistério da sua chegada.
Eren era um contraste vivo ao ambiente austero de Aerya. Tinha cabelos negros, ligeiramente despenteados, e olhos cinzentos que brilhavam com uma mistura de inteligência e irreverência. O seu sorriso malandro parecia estar sempre prestes a acompanhar um comentário sarcástico, mas havia nele uma gentileza subtil, oculta sob a fachada de descontração. As vestes de aprendiz que usava estavam longe da formalidade dos feiticeiros mais velhos — mais leves, práticas, com detalhes bordados que denunciavam a sua afinidade com magias elementares.
— Hoje, vou mostrar-te o verdadeiro coração de Aerya, — disse Eren, com um sorriso malandro, enquanto caminhavam por um corredor ladeado de vitrais que transformavam a luz em padrões coloridos no chão de mármore.
Passaram por mercados flutuantes, onde comerciantes vendiam poções que mudavam de cor e pedras que sussurravam segredos antigos. Feiticeiros praticavam feitiços em praças abertas, desenhando runas brilhantes no ar. Havia uma energia pulsante em tudo — uma magia viva que parecia respirar com a cidade.
Lya observava tudo com fascínio e uma pontada de saudade do mundo que deixara para trás.
— Esta é a Torre do Éter, — disse Eren, parando diante de uma estrutura imensa que parecia tocar o céu. — É onde o Conselho se reúne e onde se guardam os registos da guerra contra os metamorfos.
O nome fez Lya estremecer. Ela ainda não conseguia compreender o ódio profundo entre feiticeiros e metamorfos, mas era impossível ignorar a tensão constante, visível nos olhares e nas palavras sussurradas pelas ruas.
Dentro da torre, corredores intermináveis levavam a salas cheias de pergaminhos antigos e artefactos que pareciam tão perigosos quanto fascinantes. Eren guiou-a até uma sala silenciosa, onde um enorme mural pintado com tinta dourada e preta contava a história da guerra.
— Dizem que, há muito tempo, feiticeiros e metamorfos viveram em paz, — explicou Eren, o tom da sua voz mais sombrio. — Mas houve uma traição… e desde então, nunca mais confiámos neles.
Lya estudou o mural. Figuras de feiticeiros e metamorfos entrelaçados em batalha, criaturas com formas de lobos e felinos a enfrentar magos envoltos em chamas e raios de energia pura. Mas havia algo mais. Uma figura solitária no centro, envolta em sombras, sem forma definida.
— Quem é este? — perguntou Lya, apontando.
Eren hesitou.
— Ninguém sabe ao certo. Alguns dizem que foi o responsável pelo início da guerra. Outros acreditam que foi o último a tentar unir os dois povos.
As palavras ficaram a ecoar na mente de Lya enquanto saíam da torre. O ar fresco da rua não dissipava o peso daquela história.
À noite, deitada no seu quarto, tentou convencer-se novamente de que fora apenas um sonho… aqueles olhos dourados a observá-la da escuridão.
O calor envolvia Lya como um véu sedoso, os lençóis macios moldando-se ao seu corpo enquanto a escuridão ao seu redor pulsava com uma energia quase viva. Ela não sabia dizer se estava acordada ou perdida num devaneio. Tudo parecia mais intenso—o ar, o toque do tecido contra a sua pele nua, a antecipação que vibrava dentro dela.
Então, sentiu.
Mãos firmes, mas gentis, deslizando pela sua cintura, traçando caminhos preguiçosos ao longo da curva dos seus quadris. Um sopro quente roçou o seu pescoço, seguido por um roçar de lábios que fez o seu corpo arquear em resposta.
— Estás a sonhar, Lya… ou talvez não.
A voz era rouca, carregada de uma provocação perigosa. Ela tentou abrir os olhos, mas não conseguia—não queria. Queria permanecer naquele toque, naquela sensação que a envolvia como um feitiço irresistível.
Os dedos dele subiram lentamente, desenhando padrões invisíveis na pele dela, até se entrelaçarem nos seus cabelos, puxando-a levemente para trás. Os lábios dele encontraram os dela, primeiro num roçar suave, depois num beijo mais profundo, mais faminto. Um gemido escapou dos lábios de Lya quando ele pressionou o corpo contra o dela, a dureza dele contrastando com a maciez dela.
— Quem és? — murmurou entre suspiros.
Ele não respondeu. Em vez disso, os lábios desceram pelo seu pescoço, marcando-a com beijos e mordidas leves. O seu toque era fogo líquido, consumindo-a a cada movimento.
As mãos dele deslizaram por suas coxas, puxando-a para mais perto, enquanto o seu corpo ondulava contra o dela num ritmo tentador. O desejo crescia, insuportável, e Lya sentiu-se perder-se na sensação, na ânsia de mais.
E então, no auge do prazer, os olhos dourados abriram-se diante dela.
Eram reais.
Lya acordou ofegante, o corpo ainda tremendo, a pele sensível ao toque do próprio lençol.