Estamos avançando a uma velocidade considerável há um dia, cientes de que Zed pode estar nos rastreando. Para nos manter ocultos, tenho utilizado magia de ilusão. Essa estratégia funcionou por um tempo, mas agora seguimos pelo rio que conecta o mar de Runeterra.
Finalmente, chegamos a uma vila próxima da costa do rio, onde nos aproximamos do Placidium de Navori.
Na vila, os nativos se ocupavam com diversas tendas, onde comerciantes locais ofereciam iguarias típicas e produtos de outras regiões de Runeterra. A riqueza cultural do local era evidente. A estrada central, que levava aos pontos mais movimentados, estava repleta de pessoas vestindo trajes tradicionais, carregando cestas nas costas, repletas de produtos locais, desde trigo até frutas exóticas.
Observando a cena, pensei: "Não reconheço muitos desses alimentos. Serão especialidades jônicas?" Algumas frutas, como maçãs, eram familiares, mas outras eram novidade para mim.
Olhei para Ahri ao meu lado e decidi não forçá-la a voltar à sua forma de raposa, que havia abandonado. Agora, ela se envolvia em uma manta branca, cobrindo suas orelhas e caudas.
— Uhm? — Ela virou o olhar para mim, curiosa.
— Ah, não é nada, apenas me distraí um pouco... — Respondi, voltando minha atenção para a frente. — Talvez devêssemos encontrar um lugar para nos sentarmos. — Sugeri, observando os arredores em busca de um local disponível.
— Shen e Akali foram na frente para tentar conseguir uma audiência com a Capitã, então seria uma boa ideia... — Ela confirmou minha sugestão.
Notei sua inquietação desde que chegamos à cidade dos humanos.
— Você parece bastante inquieta desde que chegamos aqui. Está preocupada? — Questionei, a preocupação tingindo minha voz.
— Um pouco. Como Zed mencionou, não sou bem-vista em Ionia, e isso me deixa apreensiva sobre o que pode acontecer, — respondeu, olhando para baixo, a sombra de uma lembrança pesada cruzando seu semblante.
Revirei os olhos diante de suas palavras e, decidido, segurei sua mão, conduzindo-a pela cidade.
— Você precisa parar de se preocupar com o que os outros pensam de você. Eu sei que seu passado traz muitos problemas, mas é preciso deixá-los para trás por agora. Lamentar-se não mudará nada. Apenas viva e siga em frente.
Surpreendentemente, Ahri ficou em silêncio por um momento, refletindo sobre minhas palavras, antes de finalmente quebrar o silêncio.
— Acho que você está certo. Não há como mudar o passado, então é inútil lamentar. Você tem um jeito peculiar de levantar o ânimo das pessoas, afinal, — ela disse, soltando uma leve risada.
Caminhando juntos pelas ruas movimentadas, fiquei impressionado com a diversidade que esta cidade oferecia.
Infelizmente, percebi que minha exploração em Ionia teria que chegar ao fim. A presença de Zed poderia colocar muitas pessoas em risco, então quanto menos pessoas estivessem envolvidas comigo, melhor.
— Ahri, o que você pretende fazer a partir de agora? — Perguntei, mantendo meu olhar à frente.
— O que você quer dizer? — Ela perguntou, visivelmente preocupada, os traços de seu rosto refletindo uma inquietação crescente.
— Estou planejando deixar Ionia. Você provavelmente já deve saber o motivo. Não quero que Zed venha atrás de mim. Então, o que você deseja fazer? — Perguntei novamente, olhando para ela, esperando sua resposta.
Soltando um leve suspiro, senti um aperto em sua mão.
— Você está pensando em me deixar aqui? Você prometeu que não me abandonaria, não é? — Ela afirmou, seus olhos brilhando em um tom rosado sob o capuz.
Ela estava realmente chateada.
— Desculpe... Não pretendia te abandonar. Só pensei que talvez eu estivesse causando problemas em sua vida por causa do meu envolvimento, especialmente agora que estão tentando me matar... — Admiti, mesmo sabendo que, na verdade, ninguém poderia me matar, já que sou imortal. Mas tanto faz.
— Não se preocupe com isso, Renier. Eu vi em suas memórias que você é forte o suficiente para me proteger. Além disso, tenho meus próprios desejos e quero ir para Águas de Sentina, — afirmou ela, a determinação ressoando em sua voz.
Aquilo parecia ter relação com a busca dela pela família. Lembrei-me de que ela havia procurado por eles por muito tempo.
— Você realmente se tornou um pé no saco, — eu disse em tom provocativo, enquanto ela puxava minha bochecha e sorria debaixo do capuz.
— Ora, foi você quem me deixou entrar em sua vida. Não pense que será tão fácil me deixar ir embora~ — disse ela, com um tom sedutor.
— Então talvez eu precise pedir desculpas ao Shen, mas acho que eles vão entender meus motivos, — falei, pensativo.
— Eles vão. Afinal, Ionia não é um lugar onde as pessoas são obrigadas a fazer o que não querem, exceto em algumas exceções, é claro, — murmurou Ahri, enquanto observava uma banca com bijuterias.
Se bem me lembro, no universo de Runeterra, o Coringa é a moeda universal aceita em todos os lugares. Observando alguém fazendo uma compra próxima, ouvia conversas e pechinchas enquanto observava o comerciante aceitando um desconto e recebendo as moedas.
Aproveitei o momento para analisar a moeda. Tenho memória fotográfica, então é fácil. Sei que isso é bastante errado da minha parte, mas como não tenho dinheiro, posso simplesmente replicá-lo usando minhas próprias habilidades.
— Você quer alguma coisa? — perguntei a Ahri, abaixando-me enquanto a via observando com interesse as coisas na tenda.
— Infelizmente, mesmo que eu quisesse, não tenho dinheiro para comprar nada… — ela afirmou, um brilho de frustração nos olhos.
Voltei meu olhar para o dono da banca, que estava atendendo outro cliente, usando um tipo de turbante na cabeça. Decidi usar minha habilidade para ver sua verdadeira face com olhos, apenas por precaução. Ele parecia ser uma pessoa amigável.
— Senhor, com licença. Posso perguntar algo? — Chamei o vendedor em tom educado, surpreendendo Ahri com minha súbita ação, deixando-a curiosa sobre o que eu estava pensando.
O senhor, com um sorriso amigável, virou-se para nós após terminar de atender o outro cliente.
— Claro, tudo para um jovem educado. Vocês dois estão interessados em algo da minha tenda? — Ele perguntou, mantendo um sorriso cordial, tentando fazer seus clientes se sentirem à vontade para comprar.
— Qual é a sua recomendação entre suas bijuterias para conquistar uma bela dama? — perguntei, um sorriso no rosto.
O dono da tenda, observando Ahri, soltou um pequeno sorriso ao perceber minha intenção. — Se esse é o caso, meu jovem, por que não segue seu coração e escolhe uma delas da banca? — sugeriu ele, olhando-me com simpatia.
Seguir meu coração, não é… Observando algumas pulseiras e colares, percebi que algo que combinasse com Ahri seria legal. Afinal, uma mulher não gosta de ser deixada escolher; a indecisão é problemática. Deixei minha mão sobre o queixo, observando dois anéis: um azul e um dourado, que chamaram bastante minha atenção.
Isso me lembrou de que sou meio parecido com Ahri, uma Kitsune. Afinal, a Deusa da Lua, da qual sou receptáculo, é uma Kitsune Celestial da Lua, como li na história.
Pegando os dois anéis, o dourado e o azul, que parecem representar a lua e o sol. — Irei ficar com esses dois anéis, — decidi, entregando ao vendedor duas moedas douradas Coringa, que copiei usando minha habilidade de Manifestação Criativa.
— Obrigado. Tenho certeza de que a dama a quem você quer conquistar já deve ter percebido suas intenções, — disse ele, segurando as moedas com um sorriso satisfeito.
Caminhamos um pouco para longe da tenda após agradecer ao vendedor, e olhei para Ahri com um sorriso. — Então, o que acha de ser o meu Sol, Ahri? — perguntei, mostrando o anel dourado.
Ela demonstrou uma reação de surpresa. — Seu Sol?
— Sou uma autoridade divina, o Guardião Negro, que encarna os poderes da escuridão, e também a própria Lua, para ser mais exato. Sempre estive associado ao Sol, um ser que ilumina enquanto a escuridão se manifesta — expliquei, fixando meu olhar nela. — Por isso, enquanto estivermos juntos, quero que você seja essa luz que ilumina minha escuridão. Então, aceita?
Ahri permaneceu alguns segundos com os olhos arregalados, ponderando o que eu havia dito, enquanto me observava atentamente. — Se você me considera tão especial ao ponto de sugerir isso, então aceito... — afirmou ela, levantando a mão.
— Eh? — Essa situação soava mais como um pedido de casamento do que eu havia planejado. Não era minha intenção. Mas agora a deixara na expectativa; não podia simplesmente voltar atrás. Coloquei o anel dourado no dedo dela, e em meu próprio dedo também.
— Hehe, sei que essa não era sua intenção, mas quis deixar você constrangido — declarou Ahri, com um sorriso travesso enquanto segurava meu queixo. — Afinal, você ficou adorável todo corado. Desde que nos conhecemos, suas reações sempre têm um toque de ilusão — disse, com um brilho no olhar.
— Urg… Você realmente consegue me deixar desconfortável às vezes — respondi, tentando esconder o embaraço que sua provocação causava.
Ahri soltou uma risada, divertida com minha reação. — Essa é a minha sedução, minha querida Lua~ — disse ela, em um tom sedutor, enquanto caminhava e deixava escapar um leve sorriso.
Se ela está feliz, então tudo bem. Mas com esse anel, sinto que só lhe dei mais um motivo para me provocar...
Continua…