Observando o horizonte, absorvendo a maresia enquanto o ar salgado do mar penetrava em meus sentidos, o ambiente revigorante de Piltover era palpável.
Embora não precisasse de ar para respirar, agir como humano era uma escolha natural. Encontrava-me nas movimentadas docas de Piltover, utilizando minha habilidade de salto para chegar mais perto após absorver o suficiente da atmosfera da região.
Os Pacificadores, os guardiões de Piltover e Zaun, patrulhavam a área com seu distintivo uniforme azul e rifles prontos. Para eles, Zaun era apenas uma região problemática, e sua abordagem costumava ser bastante direta.
Observando os arredores, via comerciantes e compradores movimentando-se freneticamente, embarcações partindo e chegando, levando consigo mercadorias para todos os cantos de Runeterra. Piltover era verdadeiramente uma cidade onde o ouro fluía como água, sua prosperidade alimentada pela sua posição como uma rota comercial global.
— Ei você, alto aí! — ordenou um pacificador, com seu uniforme azul e um rifle em mãos. A tecnologia avançada de Piltover contrastava com o ambiente fantasioso ao redor.
— Fiz algo de errado? — perguntei, mantendo uma expressão indiferente enquanto o encarava.
— Essa arma está em suas mãos — ele apontou para minha foice. — É alguma arma mágica por acaso? Andar por aí com uma arma é perigoso para os outros — alertou ele, com seriedade.
Refleti por um momento sobre suas palavras. — Oh... Se for apenas esse o problema — fiz a arma desaparecer de minhas mãos como fumaça.
— Oh, você é algum tipo de usuário de magia arcana? — perguntou ele, mostrando interesse.
— Algo do tipo... — respondi vagamente.
— Você tem um modo educado e refinado de falar, — ponderou ele. — Você pertence alguma casa de Piltover ou protegido de um deles? — perguntou o pacificador.
— Não exatamente... Sou um viajante, apenas de passagem por aqui — respondi, mantendo minha resposta vaga para evitar suspeitas.
O pacificador parecia intrigado, mas não pressionou mais sobre o assunto. Em vez disso, ele continuou com suas perguntas.
— E o que o traz a Piltover? Negócios? Turismo? — indagou ele, mantendo-se atento.
— Digamos que estou aqui em busca de conhecimento e oportunidades — respondi, escolhendo minhas palavras com cuidado. Não queria revelar muito sobre minhas verdadeiras intenções.
O pacificador pareceu satisfeito com minha resposta e prosseguiu com sua patrulha, deixando-me sozinho para explorar as docas de Piltover.
Enquanto me afastava das docas, adentrando finalmente a cidade do progresso de Piltover, um pensamento sarcástico me escapou.
— Idiota... — murmurei em tom de deboche para o pacificador, enquanto retomava minha caminhada.
A medida que deixava as docas para adentrar na cidade, se mostrava a arquitetura exuberante de Piltover, As estruturas mais recentes de Piltover são misturas graciosas de mármore polido, treliças de bronze e vidro cintilante que ficam ao lado de edifícios mais antigos de pedra talhada e madeira desgastada.
Torres caneladas incrustadas com ouro e prata alcançam o céu claro, enquanto pontes em arco atravessam os abismos entre os topos dos penhascos.
As entradas dos edifícios mercantis são incrivelmente elaboradas. Mesmo aquelas habitações anteriores à hextecnologia foram ornamentadas com detalhes elaborados para reforçar ainda mais a impressão de que Piltover é uma cidade afogada em ouro.
Essa cidade me irrita bastante, o status e dinheiro é o que vale aqui mais do que tudo, quem não mostra isso, simplesmente é descartado.
À medida que meus passos me levavam mais adiante, meus olhos se fixaram em uma construção imponente no centro acadêmico da cidade, vislumbrando o distante brilho de um planetário.
O Observatório Hextech, uma maravilha da engenharia e da magia, servindo como uma ponte de teletransporte para diversos pontos comerciais em Runeterra. Uma representação da avançada tecnologia e magia que caracterizam Piltover.
O Observatório Hextech desempenhava um papel significativo não só em Piltover, mas em toda Runeterra, refletindo a fusão harmoniosa entre tecnologia e magia na cidade.
Apesar da evidente utilidade, sempre pairava a lembrança das Guerras Rúnicas, séculos atrás, quando o uso desenfreado da magia arcana resultou em desastres catastróficos. Os humanos, inevitavelmente, aprendiam com seus erros, e talvez Piltover estivesse destinada a enfrentar desafios similares com maior sabedoria desta vez.
O comércio é a força vital de Piltover, e seu comando da principal rota marítima entre o leste e oeste viu seus cofres encherem-se de ouro. Uma consequência disso foi a rápida expansão do império Noxiano, cujos exércitos e suprimentos agora podem viajar por Valoran com relativa facilidade.
Também permitiu que Águas de Sentina prosperasse como um refúgio para saqueadores que atacam navios que viajam de e para Piltover.
Piltover não liga para qualquer conspiração ou contrabando, se apenas ganharem com isso.
Notando mais alguns Pacificadores em patrulha, percebo que estão agitados. Será que algo aconteceu?
Caminho por uma bancada onde diversas armas estão expostas para venda. Elas são bem-feitas e emanam uma aura de magia.
— Você parece ter um olhar curioso, jovem rapaz — diz o vendedor, ostentando um par de óculos enormes. Ele acha que precisa parecer inteligente para vender?
— Como não me permitiram andar com minha arma pela cidade, por ser "assustadora demais", pensei em optar por algo mais discreto — comento, revirando os olhos.
— Ah, então você é um viajante se adaptando aos costumes locais, haha — ri o vendedor, claramente tentando agradar o cliente.
— E o que você tem para me oferecer? — pergunto desafiadoramente, curioso para ver como ele vai mostrar o valor de seus produtos.
— Se busca algo sofisticado, talvez um par de masquetes seja do seu interesse, jovem senhor — sugere ele, exibindo um par de armas discretas adornadas com detalhes elaborados para dar um ar de elegância.
Mas, com meus poderes de manifestação criativa, sei que posso criar algo melhor. Além disso, com os Olhos das Revelações, percebo que aquelas armas são falsas, projetadas para enganar clientes desavisados e ganhar dinheiro fácil.
— Acho antiquado, e estou certo de que investir em algo com bioquímica do submundo seria mais digno do meu tempo do que essa mercadoria inferior que você está tentando me vender — afirmo com desdém e sarcasmo, deixando claro que não serei enganado por suas artimanhas.
— Ora seu… — rangendo os dentes o vendedor ficando irritado pelo modo que tratei suas mercadorias. — Como ousa comparar minhas tecnologias com aqueles ratos vindos lá de baixo?! — afirmou ele em um grito fazendo com que até os Pacificadores e algumas pessoas na rua ouvissem.
— Por que ficou tão incomodado ao ouvir isso? Se não consegue nem enganar um turista, deveria aprender como enganar alguém com menos cérebro que você — provoco, em tom de deboche.
Saio caminhando, me despedindo da banca para evitar uma discussão desnecessária. Porém, desvio para o lado no momento em que ouço o som de um disparo, vendo um buraco na parede de concreto à frente. Volto meu olhar para o vendedor.
— Heh, parece que sua arma funciona — respondo, convencido.
— Maldito! — seu grito enfurecido é rapidamente interrompido por um pacificador que o joga contra o chão.
— Parado aí, você também! — exclama a voz feminina de uma pacificadora, o som de um rifle sendo carregado ecoa, indicando a presença de tecnologia hextech.
— Por que eu deveria obedecer? — pergunto, indiferente.
— Porque é a lei... — responde a voz autoritária.
— Hmph, não tô nem aí. Não sou do tipo que recebe ordens — afirmo, em tom de desdém. — E como não fiz nada de errado, não tenho motivo para ficar parado.
Me viro para encarar o pacificador, percebendo quem é: Caitlyn, com seus cabelos azuis escuros e um olhar delicado, porém carregado de autoridade. Ela é implacável quando se trata de fazer cumprir a lei em Piltover.
— Mesmo assim, sua atitude de desacato contra um oficial é inaceitável. Como xerife de Piltover, você irá me acompanhar. Isso é uma ordem! — responde ela, impondo sua autoridade.
Tinha que ser logo ela?
Reviro os olhos em frustração. — Tanto faz... — respondo, demonstrando desinteresse.
— Para um garoto, você não perde tempo em demonstrar desrespeito. Não sei se é coragem ou apenas rebeldia — comenta ela, de forma severa. — Irei levá-lo comigo. Cuide desse vendedor e confisque sua mercadoria. E mostre a ele que disparar uma arma de fogo em plena cidade, contra civis, é contra as leis de Piltover. Verifiquem se ele possui algum certificado de porte e venda de mercadorias — ordena ela aos pacificadores.
Os pacificadores obedecem, levantando o vendedor e outros dois entrando na banca em busca de informações. Mesmo que eu não goste, tenho que admitir que Caitlyn é bastante competente em seu trabalho.
— Então você vai me acompanhar ou prefere fazer as coisas de modo difícil? — perguntou ela, com seriedade.
— Seria divertido ver o modo difícil — respondi, em tom de deboche. — Mas vou evitar confusão, xerife — acrescentei, de forma desafiadora.
Um leve sorriso escapou de meus lábios, seguido por uma risada. — Você realmente tem coragem. Me lembra uma certa amiga minha. Vocês dois se dariam bem... — comentou ela, de maneira descontraída.
— Já terminou? — interrompi, sinceramente não sou fã de autoridades.
— Na verdade, você vai me ajudar, garoto... — ela começou, mas fui rápido em cortar sua fala.
— Renier Kanemoto, esse é meu nome. Não sou garoto — afirmei, incomodado por ser tratado como criança.
Ela pareceu surpresa por um momento, mas acenou com a cabeça enquanto dobrava seu rifle Hextech ao meio e o guardava em uma bolsa nas costas.
— Ok, Renier... Você tem uma forte personalidade, algo raro de se encontrar em Piltover. Sou Caitlyn, a xerife, como mencionei. Gostaria de falar com você por um instante, se possível, por favor? — sugeriu ela, de maneira mais amena.
Sinto que ela não quer só me apresentar a cidade, dado a situação talvez mais problemas para minha vida? Ser marcado pelo Vazio já não era o bastante!?
Continua…