Quando estava conversando com Irelia momentos antes de enfrentar Jhin em Ionia, ela me transmitiu a segunda ordem que Karma desejava de mim.
Ela mencionou que Karma tem sentido o caos e o desequilíbrio se instalar em Runeterra e que, com a minha chegada, algo nela fez acreditar que talvez surgisse uma oportunidade.
"Auxiliar Runeterra" foram as palavras que saíram da boca de Karma, a ordem transmitida a mim por intermédio de Irelia.
Embora meu desejo fosse evitar se envolver o suficiente para chamar atenção desnecessária, se foi a ordem de Karma e Irelia, irei honrar minha palavra.
Volto minha atenção para a sala, que parecia ser uma delegacia em Piltover. Caitlyn me ordenou esperar sentado até ela voltar.
Pego uma placa na mesa, onde está gravado o nome "Xerife Caitlyn". Sei que uma detetive como ela é bastante admirada e, ao mesmo tempo, odiada em Piltover.
O som de algo meio robótico, como se estivesse caminhando, chama minha atenção. Volto meu olhar para a porta, mantendo os braços cruzados.
Com a porta se abrindo, meus olhos se estreitaram um pouco ao ver a figura com uma aparência mecânica, com tecnologia Hextech fundida em uma mulher com uma aparência britânica e um olhar de superioridade ao entrar.
Seus olhos brilham em um azul robótico. Não esperava ver a Sombra de Aço Camille tão cedo.
— O garoto petulante mencionado pelos guardas, então é você? — comenta ela, com um sotaque britânico e um som mais robótico.
— Não acha que essas pernas são um tanto longas para caminhar aqui dentro? — pergunto, em tom descontraído e provocativo.
— Petulância, então, é você — confirma ela. — Elas são adaptáveis, então sua preocupação é desnecessária — responde Camille, fazendo com que suas pernas afiadas como lâminas se adaptem, ficando menores enquanto ela caminha de forma elegante e sofisticada pela porta.
Faço uma leve reverência com elegância e respondo de maneira respeitosa. — Renier Kanemoto, à sua disposição. Como posso ajudar? — Piscando o olho com um sorriso leve e confiante, encontro seu olhar. — Melhorou, senhorita?
Camille é uma mulher imponente, uma campeã munida para agir além dos limites da lei, responsável pelo bom funcionamento da máquina de Piltover e de Zaun, seu submundo. Sua mente afiada é tão notável quanto suas lâminas.
Camille é originária da cidade-estado de Piltover. Ela é uma Pária, um grupo de elite de artesãos e combatentes de Piltover, que são contratados para realizar tarefas especiais para a cidade. Camille é especialmente conhecida por ser uma mestra da lâmina e da engenharia hextec, uma tecnologia avançada presente em Piltover.
Sua história é marcada pela busca pela perfeição e pela dedicação ao serviço de Piltover. Camille é implacável em sua busca por justiça e eficiência, e muitas vezes se vê em conflito com outras figuras importantes de Piltover, como a família Ferros. Ela é retratada como uma mulher fria e calculista, cuja lealdade à sua cidade muitas vezes a leva a fazer escolhas difíceis e ações controversas.
Soltando um leve sorriso gélido, percebo que ela aprovou a mudança. — Vejo que tem educação. Pensei que seria de Zaun, mas acho que sua aparência e seu modo de se comportar mostram o contrário. Perfeito — disse Camille com um aceno rígido de cabeça enquanto me analisava.
— Quando vi Caitlyn trazendo você de longe, senhor Renier, pensei que teria cometido algo grave para ter chamado atenção dela — respondeu ela, ficando de frente para mim enquanto observava minha postura e meu olhar de cima.
— Talvez meu charme tenha sido bastante tentador e provocado uma quebra de lei — brinquei descontraidamente.
— Humph, você tem o orgulho e a arrogância de um nobre, a postura de um guerreiro afiado e a rebeldia de um homem forte. Vejo um futuro promissor em você, algo que muitos aqui em Piltover são tão medíocres de realizar ao meu ver — comentou ela, analisando-me.
Incrível como ela conseguiu captar tudo isso apenas observando. Sua mente afiada é uma força a ser reconhecida.
A mão dela segurando meu queixo, seus olhos encontrando os meus. — Sou Camille, a propósito. Renier, me pergunto o que mais você esconde debaixo dessa aparência ousada? — A situação está ficando estranha em várias formas.
O som de uma tosse forçada para mostrar que estava ali. Caitlyn estava de pé na porta aberta, chamando a atenção de Camille.
— Estou atrapalhando algo? — perguntou ela, séria.
Você me salvou isso sim! Dando alguns passos para trás, volto minha atenção para Caitlyn.
No entanto, Camille toma a iniciativa de falar primeiro. — Apenas fiquei curiosa com o rapaz que você havia detido, então vim avaliá-lo.
— Agradeço sua preocupação, mas ainda não terminei o interrogatório com ele. Por favor, tome outro momento para isso, senhora Camille — afirmou ela, respeitosamente porém exercendo sua autoridade.
Dando um aceno sem relutância, Camille apenas sai da sala, fechando a porta enquanto meu corpo se relaxa um pouco após sua súbita presença.
Soltando um leve suspiro de alívio, olho para Caitlyn. — Nunca pensei que diria isso, mas te devo uma depois dessa… — respondo com um leve sorriso.
— E pensar que eu veria o dia em que ela daria em cima de alguém — comenta Caitlyn com uma risada descontraída.
Eu também não acreditei quando percebi suas intenções. Caminhando até a cadeira, me sento novamente, cruzando os braços enquanto olho para Caitlyn.
— Então, o que você quis dizer com interrogatório? Virei um criminoso por acaso? — pergunto, sentindo-me um pouco ofendido com o termo.
Contornando a mesa, Caitlyn sorri de maneira convencida enquanto olha para mim. — Heh, na verdade não, arrasador de corações — diz ela, provocando-me, enquanto se senta na sua cadeira. — Foi só uma desculpa para tirar a Camille da sala…
Ela começou a examinar alguns papéis em sua mesa, provavelmente se preparando para explicar minha presença.
Meus olhos se voltaram para a sala dela, verdadeiramente a sala de uma detetive, com um painel atrás dela coberto por linhas vermelhas e alguns nomes desconhecidos para mim, indicando que ela estava imersa em uma investigação.
Sua organização era evidente, cada item cuidadosamente disposto no ambiente. Dois copos de café vazios sobre a mesa sugerem longas horas de pesquisa e trabalho. Uma almofada meio amassada em um sofá de dois lugares no canto da sala indicava que talvez ela tenha até dormido ali para economizar tempo.
— Você é bastante dedicada ao seu trabalho, é admirável — comentei, dirigindo-me a ela.
— Obrigada, mas apenas faço o meu trabalho como xerife, nada demais — respondeu ela com entusiasmo, mantendo uma modéstia admirável.
Apesar de sua origem em uma das famílias influentes de Piltover, Caitlyn não exibia arrogância ou superioridade. Ela se dedicava incansavelmente ao bem-estar de Piltover e Zaun, sem distinção.
— Você pelo visto é o garoto de boa aparência que foi avistado nas docas com uma grande foice escura, cuja lâmina azul brilhante chamou a atenção de um dos Pacificadores em patrulha na área — informou ela, apresentando as observações feitas sobre mim. — Essas descrições coincidem com você.
Levantei uma sobrancelha, ligeiramente surpreso com o nível de investigação. — Parece que já estava sob os olhos atentos da lei desde o momento em que pisei em Piltover — comentei, intrigado. — E se for eu, o que isso implica?
— Você tem habilidades especiais? — perguntou ela, demonstrando curiosidade.
— Pode me dizer qual é o propósito dessa convocação, por favor? Imagino que não tenha sido por mera coincidência — respondi, pressentindo que ela tinha um motivo específico para me procurar.
— Direto ao ponto, gosto disso — disse Caitlyn, com um sorriso. — Bem, a razão pela qual a convoquei é para solicitar sua ajuda em uma missão... Você já ouviu falar de Zaum? — perguntou ela.
— Tenho conhecimento superficial, mas não o suficiente para formar uma opinião definitiva — respondi. — Mas não sou o tipo de pessoa que costuma oferecer ajuda sem antes saber do que se trata.
Caitlyn começou a explicar o motivo de ter me chamado para essa missão, embora fosse incomum confiar em alguém que ela nunca havia conhecido pessoalmente. O cerne da questão era uma investigação sobre o tráfico de uma droga altamente perigosa e biológica dentro de Zaum, conhecida como Cintila. Essa substância era uma criação de um antigo governante do mercado negro de Zaum, e mesmo após sua morte e o desmantelamento de sua organização criminosa, vestígios dela ainda eram encontrados sendo reproduzidos ilegalmente em Zaum.
Cintila era uma droga que causava alterações drásticas na biologia dos seres vivos, transformando-os em criaturas com habilidades sobre-humanas. Embora alguns humanos a utilizassem devido aos efeitos benéficos, como cura, também acarretava consequências graves, como mutações e problemas mentais, especialmente com o uso constante.
— O problema começou recentemente, com relatos cada vez mais frequentes de criaturas sendo avistadas na escuridão da noite, e, novamente, a Cintila está sendo vendida no mercado negro de Zaum. Temo que isso possa chamar a atenção de Piltover, e se isso acontecer, poderá desencadear uma intervenção bastante tensa em Zaum, algo que desejo evitar a todo custo — explicou ela, com preocupação evidente em seu rosto.
Percebo que ela precisa de alguém de fora para lidar com isso. — Você procurou alguém de fora porque não deseja que isso chegue aos ouvidos das grandes casas de Piltover, certo? — afirmei, ponderando sobre a situação.
Provavelmente, ela não pode ir pessoalmente até Zaum sem levantar suspeitas. Mesmo com Camille supervisionando, seria arriscado, considerando a intervenção anterior em Zaum, que resultou em muitas mortes por parte dos Pacificadores. Além disso, há uma certa discriminação contra o povo de Zaum em Piltover.
— Claro que não estou enviando você para o perigo sem apoio. Há alguém em Zaum que poderá ajudá-lo, mas minhas mãos estão atadas, e não posso ir pessoalmente. Renier, você parece ser forte o suficiente para lidar com uma situação tensa. Além disso, observei você na cidade, e percebi que é bastante observador, inteligente e ágil — comentou ela, embora destacar minhas habilidades não fosse algo que ela gostaria de fazer.
— Está bem, aceito ir até Zaum — confirmei sem hesitar. Afinal, aventurar-se em Zaum parecia muito mais interessante do que ficar em Piltover.
Surpresa com minha decisão rápida, ela se levantou com um pequeno sorriso. — Sério? Você nem mesmo pensou direito — disse Caitlyn.
Me levanto da cadeira. — Não preciso pensar muito. Zaum parece interessante, então vou até lá. Só não posso garantir que serei discreto — afirmei com um sorriso confiante no rosto.
— Você não sabe o quanto sou grata por isso Renier… Então irei passar os detalhes da missão para você, e com quem você irá se encontrar em Zaum… — começando a explicar mais da situação, eu me preparava mentalmente para os novos desafios que iriam surgir na minha exploração.
Mas sinto que agora vai ser mais divertido do que enfrentei em Ionia.
Continua…