Chereads / Acordei Como Meu Protagonista no Universo de Runeterra!? / Chapter 3 - Capítulo 3.Equilíbrio Espiritual.

Chapter 3 - Capítulo 3.Equilíbrio Espiritual.

Em um pequeno silêncio, sentados perto da costa, observamos a maré subindo suavemente, enquanto Tina desabafava sobre a dor que a consumia.

— Eu não sei como viver... ainda tenho que viver pelos meus filhos, mas não sei o que fazer. É como se uma parte de mim tivesse sido arrancada com a morte dele — exclamou, o rosto avermelhado pelas lágrimas que escorriam incessantemente durante a conversa.

Olhei para o céu estrelado acima de nós, sentindo a profundidade de suas palavras. — Você consegue, Tina. Não é fácil, mas se você realmente o ama, continue vivendo. Mostre a ele, lá de cima, que você e seus filhos têm a força de seguir em frente. Ele olhará para vocês com orgulho — respondi, sincero em meu pensamento.

Tina virou o olhar para as estrelas, refletindo sobre minhas palavras. — Ele irá sentir orgulho…

— Enquanto você viver e seus filhos também, ele ainda viverá. Não deixe que a morte dele a mantenha no chão. As boas memórias que vocês construíram juntos podem ser a sua força. Eu tenho certeza de que você é forte e determinada o suficiente para alcançar até as estrelas, se desejar. Afinal, os desejos e as memórias são as coisas mais poderosas que existem. Enquanto a determinação habitar seu coração, acredite que seu marido sempre estará com vocês — falei, sorrindo para ela, na esperança de confortá-la.

Seus olhos começaram a brilhar ao observar as estrelas, agora mais vívidas, enquanto ela limpava as lágrimas do rosto. Depois de um momento de profunda reflexão, ela olhou para frente com uma nova perspectiva.

— Enquanto minhas memórias e as dos meus filhos ainda existirem, posso ser forte. Talvez você esteja certo. Uma estrela, mesmo que se apague, não significa o fim; ela permanece gravada nas memórias de quem a ama — afirmou, com um tom determinado.

Fiquei aliviado ao ver que ela parecia ter encontrado a resposta que precisava. O Renier que eu conhecia não se contentaria em apenas derrotar o vilão; ele queria garantir que as vítimas pudessem reencontrar seu caminho na vida.

— Mamãe! — gritaram os dois filhos, correndo pela praia em nossa direção.

Tina levantou-se rapidamente e os abraçou calorosamente, enquanto Akali e Shen se aproximavam.

— Eles são bem enérgicos, mas queriam ver a mãe deles. Não teve jeito — disse Akali, cruzando os braços com um sorriso.

— Como nossa conversa chegou ao fim, está tudo certo? — perguntei, retribuindo o sorriso.

— Sim, agradeço pela sua ajuda, herói. Tenham uma viagem segura — respondeu Tina, seu sorriso agora mais genuíno.

As crianças, ainda cansadas, foram levadas pela mãe, acenando em despedida para nós.

De repente, senti um golpe leve no braço, vindo de Akali. — Então, herói, vamos indo? — perguntou, com um sorriso provocativo.

Ela saiu caminhando à minha frente antes que eu pudesse revidar. Algo estava diferente nela, e me perguntei por que ela tinha me atingido de forma tão brincalhona.

— Aconteceu algo com ela? — perguntei a Shen, intrigado.

— Quem sabe? — respondeu ele, com um tom amigável. — Talvez seja apenas o jeito dela de mostrar respeito por você — comentou, enquanto também começava a se afastar.

Ganhei o respeito dela? Então, aquele golpe significava algo positivo? Muitas perguntas ecoavam em minha mente, enquanto seguíamos pela praia.

✦—✵☽✧☾✵—✦

Decidimos partir ao cair da noite, deixando para trás a cidade de Fae'lor. Shen e Akali me guiaram rumo ao centro de Ionia, nosso destino sendo a Ilha Central, atravessando as águas tranquilas que cercam o coração espiritual desse lugar. Enquanto caminhávamos, a floresta ao nosso redor parecia ganhar vida com os sussurros do vento e os sutilmente audíveis murmúrios de espíritos.

Navori seria nosso destino, e tínhamos o cuidado de evitar o Monastério dos Kinkou. A ordem ainda atuava nas sombras, não apenas protegendo Ionia, mas também intervindo nos domínios espirituais de Runeterra. Os Kinkou se viam como os guardiões do equilíbrio sagrado de sua terra natal. Seus acólitos caminhavam por Runeterra e pelo Reino Espiritual, mediando conflitos e, quando necessário, impondo a ordem pela força.

Durante a guerra com Noxus, a Ordem sofreu um duro golpe ao ser expulsa de seu antigo templo por Zed e seus seguidores. Zed, um ex-acólito, rebelou-se contra o que ele considerava a passividade dos Kinkou e adotou a filosofia de que "o equilíbrio é a maestria dos tolos." Ele não estava totalmente errado. A guerra trouxe um novo tipo de ameaça que palavras bonitas não poderiam deter.

Ele lidera a Ordem das Sombras com punhos de ferro, buscando militarizar as tradições mágicas e marciais de Ionia para repelir qualquer invasor. Em seu desespero, Zed despertou a magia das sombras — um poder espiritual corrompido e destrutivo que agora domina com maestria. Se ele cruzar meu caminho… só o tempo dirá o que farei.

Pensamentos assim rodopiavam em minha mente enquanto seguíamos pela floresta. Shen e Akali caminhavam alguns passos à frente, o som suave de suas botas sobre a grama ecoando em meio ao silêncio noturno. A questão que pairava sobre mim era inevitável: estaria pronto para enfrentar as complexidades de uma guerra espiritual e política em Ionia?

— Seu espírito está em conflito, Renier, — afirmou Shen com seu tom sereno, sem olhar para trás. Sua voz parecia fundir-se ao vento, quase como se fosse um sussurro da própria floresta.

Akali diminuiu o passo, colocando-se ao meu lado. — Desde que deixamos Fae'lor, você está inquieto. Algo aconteceu? — perguntou, puxando a venda ligeiramente para baixo, revelando o brilho de seus olhos que me fitavam com intensidade.

Mesmo no jogo, Akali sempre foi bonita. Mas vê-la de perto, em carne e osso, era quase como testemunhar uma obra de arte que ganhava vida sob o luar.

— Não é nada demais… apenas refletindo. Eu… — desviei o olhar para a floresta à nossa volta, como se procurando por respostas nas sombras. — Sempre fui de pensar demais, é só isso.

— Pensar? Não parece ser só isso. Antes você estava bem mais falador, — retrucou ela com um sorriso perspicaz, mas seu olhar carregava preocupação.

— Às vezes acontece, não se preocupe… — disse, tentando tranquilizá-la. — E então, vamos caminhar a noite inteira pela floresta?

Shen olhou de relance para mim. — Há uma pequena clareira mais à frente, onde poderemos descansar antes de atravessar para a Ilha Central ao amanhecer.

Concentrei minha energia, ativando um dos dons que herdei — os Olhos das Revelações. Sentir o fluxo de mana ao redor era como observar as veias pulsantes de um grande ser vivo. Assim que os ativei, um brilho azul preencheu minha visão, delineando cada sombra e sussurro espiritual.

— Renier? — a voz de Akali me chamou de volta, ligeiramente surpresa.

— O que foi? — perguntei, notando que tanto ela quanto Shen estavam me olhando com curiosidade.

— Seus olhos… estão brilhando, isso é normal? — Akali murmurou, inclinando a cabeça.

Toquei meu rosto e, com um estalar de dedos, manifestei um pequeno espelho diante de mim. O reflexo revelou meus olhos emitindo um brilho azul cintilante. — Ah, é só uma habilidade. Os Olhos das Revelações. Eles brilham assim quando algo não-humano ou sobrenatural entra na área de detecção, — expliquei com naturalidade, tentando parecer despreocupado.

— Olhos das Revelações… que habilidade peculiar, — murmurou Shen, interessado.

— E ninguém vai comentar o fato de que você conjurou um espelho do nada? — Akali estreitou os olhos, cruzando os braços.

— Haha… só um truque simples, nada demais, — sorri nervoso, percebendo meu deslize. Usei a habilidade Manifestação Criativa sem nem pensar, algo que o Renier faria com naturalidade. Preciso tomar mais cuidado… cada movimento aqui pode ter consequências.

Como um híbrido de um dragão cósmico, valquíria, espírito primordial e com um toque da Deusa da Lua, as habilidades de Renier eram únicas. Um ser como eu neste mundo é algo incomum, talvez até mesmo perigoso.

— Você tem muitos segredos, — suspirou Akali, frustrada por não conseguir arrancar mais informações de mim.

Antes que pudesse responder, Shen cortou a conversa com seu tom firme. — Renier, você mencionou uma presença não-humana. Ela ainda está por perto?

Aquela intenção maliciosa… lembrei-me do frio na espinha que senti há pouco. — Sim, senti algo nos observando na floresta. Era hostil, mas logo desapareceu.

Akali e Shen ficaram tensos, suas posturas mudando para alerta total. Os olhos de Akali cintilaram, como os de um predador no escuro.

— Bem, isso é Ionia, afinal… — murmurou Shen. — Não seria surpresa. Este lugar está repleto de magia selvagem e criaturas espirituais. Vamos continuar em alerta.

Assenti, sentindo a tensão no ar. — Vamos até a clareira. Não quero que sejamos pegos desprevenidos no meio da floresta.

Seguimos adiante, cada passo imbuído de cautela. A noite se fechava ao nosso redor, e o sussurro das folhas parecia esconder segredos que só a luz do amanhecer ousaria revelar. Após chegarmos à clareira, fui recebido pelo aroma sutil da maresia… O mar estava a mais de um quilômetro de distância, mas o vento carregava seu cheiro até aqui.

— Renier, o que você está fazendo? — perguntou Akali, me observando mexer com concentração dentro da minha bolsa escura.

— Hm… Não está aqui. Era o que eu esperava… — murmurei, mais para mim mesmo do que para ela.

Ela ergueu uma sobrancelha, intrigada. — Hã? Do que você está falando?

— Nada de mais, esquece — desconversei, encontrando seu olhar curioso. — Vocês podem descansar, vou vigiar o local esta noite.

Akali e Shen trocaram um breve olhar. Talvez estivessem suspeitando de mim?

— Não acha que deveria descansar também? Você parece tão jovem, não vai querer ficar exausto amanhã — comentou Shen, sua voz carregada de preocupação.

Mas descansar era algo desnecessário para mim. Desde que cheguei a este mundo, não senti nem cansaço, nem fome ou sede. Afinal, eu não era uma criatura comum: meu corpo e alma eram imortais, sustentados por uma força muito além das necessidades humanas.

— Estou sem sono. Além disso, gostaria de explorar um pouco a clareira — respondi casualmente, tentando dar uma justificativa para querer um tempo sozinho.

Shen ponderou, depois assentiu. — Se é assim, parece que consegue se cuidar sozinho. Apenas… volte em segurança.

— Se não aparecer até o nascer do sol, vamos embora sem você. Considere-se avisado — acrescentou Akali, cruzando os braços.

Acenei levemente para os dois antes de me afastar da clareira. Precisava procurar a presença que senti mais cedo, aquela sensação distinta de um olhar que parecia focado especificamente em mim. Descobrir quem — ou o quê — estava por perto parecia ser o mais sensato. Se ficasse junto de Shen e Akali, qualquer confronto poderia colocá-los em perigo.

Caminhei pela floresta densa de Ionia, tornando-me uma figura solitária envolta pela luz prateada da lua que se filtrava entre as folhas das árvores imponentes. Com o uso de um leve fluxo de mana, meus olhos azuis brilharam intensamente, permitindo-me enxergar através da escuridão com clareza sobrenatural. Cada passo era silencioso, uma mistura de atenção e habilidade.

O ar ao meu redor estava carregado com a essência mágica da floresta. Eu podia sentir as árvores vivas, pulsando com uma energia quase consciente, como se seus galhos sussurrassem segredos em uma língua ancestral. O aroma de flores exóticas e ervas silvestres flutuava no ar, misturando-se ao frescor da brisa noturna.

Estar aqui, nesse lugar, tocado pela espiritualidade de Ionia, trazia um sentimento de familiaridade. Parte de mim, o lado que ressoava com um Espírito Cósmico Primordial, parecia em harmonia com o reino espiritual desse mundo. Era um estado de equilíbrio que transcendia a mera existência física.

A luz suave da lua refletia nas folhas, desenhando padrões fluidos e elegantes no chão coberto de musgo. Pequenas criaturas noturnas cruzavam meu caminho, seus olhos brilhando com curiosidade, observando-me passar, mas sem medo. Eu não era um intruso, apenas um visitante caminhando por um território sagrado.

Quanto mais eu avançava, mais a floresta revelava sua verdadeira natureza. Podia ver fragmentos de energia espiritual cintilando ao meu redor, pequenos rastros luminosos que desapareciam assim que eu tentava focá-los. Eram seres etéreos, espíritos da floresta, faíscas de vida que pertenciam a um plano além do físico.

— É isso que Shen sempre fala sobre equilíbrio com o mundo espiritual… — murmurei para mim mesmo. Muitos habitantes de Ionia, especialmente os Vastaya, possuíam essa conexão natural com os reinos espirituais. Agora eu entendia, sentia essa harmonia fluindo em mim.

A floresta parecia cantar. O som dos riachos se misturava com o farfalhar das folhas e o canto suave dos pássaros noturnos. Era como se a própria natureza estivesse compondo uma melodia de boas-vindas, celebrando minha presença.

Ionia era um lugar de mistério e encantamento, onde o mágico e o mundano se fundiam. As árvores antigas e cada criatura irradiavam uma aura única, uma força viva e vibrante. Mesmo em meio à vastidão do cosmos que existia dentro de mim, a magia desse lugar era inconfundível.

— Os olhos de uma criança fascinada pela floresta sempre são uma visão encantadora, não acha? — uma voz suave e sedutora ecoou entre as árvores, interrompendo meus pensamentos.

Girei rapidamente, seguindo o som até encontrar a origem.

Ali, sentada sobre um galho, uma figura me observava com um olhar penetrante. Seus olhos amarelos brilhavam na escuridão com um misto de curiosidade e malícia. O traje vermelho destacava-se em contraste com a penumbra ao redor, delineando um corpo gracioso e cheio de uma beleza quase sobrenatural. Os longos cabelos escuros emolduravam um rosto encantador, mas eram suas caudas que realmente capturavam a atenção: nove caudas esvoaçando preguiçosamente atrás dela.

Aquela aparência inconfundível... Ela não era apenas uma Vastaya. Era a própria Kitsune que se alimentava das emoções humanas, absorvendo o mais poderoso de todos os sentimentos: o amor.

— Ahri… — murmurei, mais para mim mesmo, sem conseguir evitar o tom de admiração ao ver a campeã de Ionia pela primeira vez com meus próprios olhos.

Continua…