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Legado Cósmico: A Jornada do Guardião Negro

🇧🇷Arthur_Ygg
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Synopsis

Chapter 1 - Prólogo: O Passado de um Guardião.

Um grande evento catastrófico tomou forma trezentos anos atrás, no mundo que muitos chamavam de "Mundo Zero" ou "Mundo do Início". Era uma noite sem estrelas, abafada e carregada de uma energia densa, que parecia enredar o ar como uma teia de tensão iminente.

No topo de um monte, uma mulher de feições nipônicas emergia das sombras. Sua silhueta era elegante e ameaçadora, envolta em um kimono escuro, estampado com lírios azuis que pareciam dançar à medida que ela avançava. Os longos cabelos negros acompanhavam o movimento de seu corpo, como uma corrente de águas escuras, refletindo a luz de uma katana que empunhava com destreza. A lâmina exalava uma aura obscura, como se seu brilho pulsasse ao ritmo de um coração feroz e implacável.

Com um salto sobrenatural, a guerreira atravessou o grande muro da capital do Reino de Aurélia, pousando no outro lado com uma leveza impossível para um ser humano comum. Seus olhos de um azul, de um tom intenso e penetrante, arregalaram-se ao ver o cenário devastador. A capital estava mergulhada em caos, chamas vorazes consumindo tudo ao redor, como se o próprio inferno houvesse se libertado para punir os mortais.

No centro daquela catástrofe, um demônio colossal se erguia, com uma presença que sobrepujava até mesmo as chamas ao seu redor. Seu corpo irradiava uma energia demoníaca carmesim, que parecia lamber o ar ao redor, distorcendo a visão com uma aura maliciosa. A criatura gargalhava, e sua voz trovejante sacudia a capital, reverberando como um trovão insano. Ele ergueu as mãos aos céus, como se reivindicasse o próprio firmamento.

— Eu sou Alaster, um dos Cinco Príncipes do Inferno! — proclamou com uma arrogância esmagadora. — Esta noite, este mundo testemunhará sua pequenez sob meus pés!

Com uma risada que parecia arrancada do próprio abismo, ele estendeu as mãos, e espirais de energia demoníaca começaram a se formar ao seu redor, densas e fervilhantes. Então, com um movimento devastador, ele lançou feixes de magia demoníaca pura, que cruzaram o céu em direção às montanhas distantes. No instante seguinte, uma série de explosões grandiosas explodiram na linha do horizonte, transformando o cenário pacífico em um mar de destruição flamejante.

A guerreira observava, e sua expressão endureceu. Os olhos, antes cheios de choque, agora ardiam com uma fúria incontida. Ela ergueu sua katana, ajustando-se em uma postura de ataque, o corpo alinhado com o vento. Em um único instante, como um raio que corta o céu noturno, ela explodiu em velocidade, quebrando a barreira do som com um estrondo que fez o próprio ar tremer. Seu corte foi preciso e implacável, rasgando o ar com uma lâmina que varreu as chamas ao redor da capital. Em um golpe cirúrgico, ela atingiu a perna de Alaster, desequilibrando o demônio colossal e forçando-o a recuar, o impacto o levando para trás com um rugido de dor.

A guerreira manteve-se firme, seus olhos fixos na criatura, enquanto um brilho intenso emergia de sua katana, como se a lâmina estivesse reagindo ao ódio e à determinação que pulsavam em seu coração.

Alaster voltou seu olhar carmesim para a guerreira, uma surpresa momentânea cintilando em seu rosto demoníaco, antes de ser substituída por um sorriso desdenhoso. Ele inclinou a cabeça, reconhecendo a figura à sua frente como a Guardiã Negra. Mas seu tom de voz era carregado de escárnio, zombando da ousadia de uma mortal que se atrevia a desafiar um dos Príncipes do Inferno.

— A tolice dos Kanemoto realmente não tem limites, — provocou ele. — Desafiar um ser como eu é como jogar sua vida fora sem hesitação.

A mulher permaneceu séria e imperturbável, seus olhos azuis intensos fixos nele, como gelo imortal. — Meu nome é Makoto Kanemoto, — ela declarou, a voz cortante como o fio de sua katana. — Eu posso até apreciar que reconheçam minha família, mas ouvir um demônio imundo sujar o título de meu clã… é algo que desprezo.

Aquelas palavras atravessaram Alaster como veneno. Seus olhos se estreitaram, e a fúria demoníaca contorcia suas feições monstruosas. Ele riu, uma risada cavernosa que reverberou como um trovão. Ao mesmo tempo, o corte profundo que Makoto lhe havia infligido começou a se fechar diante dela, a carne se regenerando a uma velocidade impressionante.

— Veja, Guardiã — zombou ele, gesticulando com desprezo. — Esse poder de regeneração me torna indestrutível. Como você, um mero mortal, acha que pode derrotar um Príncipe do Inferno?

Makoto, porém, não reagiu à provocação. Seus olhos brilharam com um tom sobrenatural de azul, sua determinação era implacável. Sem hesitar, ela avançou com a katana em punho, a lâmina emanando uma aura escura que cortava o ar. Sua habilidade era impecável, cada golpe meticulosamente calculado, empurrando Alaster para trás, um passo de cada vez, pela capital em ruínas. Cada movimento era tão preciso e feroz que o próprio solo vibrava com a fúria da Guardiã Negra.

Porém, irritado com o avanço da guerreira, Alaster finalmente contra-atacou com um golpe pesado. Seu punho gigantesco se ergueu, bloqueando a lâmina de Makoto no momento exato em que ela se lançava para um novo ataque. Com um movimento rápido, ele a agarrou no ar, sua mão demoníaca envolvendo-a com força esmagadora, fazendo-a sentir uma dor latejante enquanto o peso da mão do Príncipe infernal pressionava seu corpo.

Rindo na face de Makoto, Alaster afirmou, exaltando um desprezo absoluto. — Aqui termina seu caminho, Guardiã Negra. Vocês, do clã Kanemoto, brincam com um poder que não merecem. Mas jamais terão o suficiente para me arranhar.

Mesmo sob a dor excruciante, Makoto manteve o olhar firme, não permitindo que sua voz tremesse. — Enquanto minha família existir, — ela declarou, com confiança absoluta. — Seres desprezíveis como você nunca estarão livres para destruir. Se eu cair, outro Guardião se levantará para me substituir.

Suas palavras eram carregadas de uma certeza inabalável, e o brilho em seus olhos transmitia uma força que Alaster não podia ignorar. Isso o enfureceu ainda mais, e ele rugiu. — Nem mesmo na morte o orgulho do seu clã cede!

Makoto soltou uma breve risada, quase irônica, que parecia ecoar as profundezas de seu clã. — Esse orgulho é de família — afirmou ela, antes que Alaster a lançasse com brutalidade contra o muro da capital. O impacto foi devastador, o som reverberando como uma explosão, e o muro estilhaçou-se, criando uma cratera onde ela colidiu.

Ela caiu no chão, o corpo castigado, mas sua vontade permanecia indomável. Lentamente, Makoto se ergueu, usando a katana como apoio, o sangue escorrendo por seu corpo, manchando sua pele e seu rosto.

Por um breve momento, ela murmurou para si mesma, aceitando seu limite. Sentiu uma pontada de tristeza por talvez não voltar a ver seu marido ou seu filho... mas havia uma última fagulha de esperança ao pensar em seu neto, e na possibilidade de que ele herdaria sua força, seus olhos, e, acima de tudo, sua vontade de lutar.

Com um esforço final, Makoto apontou sua katana na direção de Alaster, seus olhos azuis repletos de uma determinação inquebrantável. Ela estava ferida, seu rosto coberto de sangue e poeira, mas sua postura irradiava a glória inextinguível de uma Guardiã que não cederia, nem mesmo à morte.

O som agudo de uma voz jovem cortou o campo de batalha, chamando Makoto pelo título de "Mestre". Esse chamado ressoou em meio ao caos, trazendo um breve momento de calma para Makoto, que voltou o olhar, reconhecendo a figura familiar de uma garota ruiva, de postura determinada, com uma espada de lâmina larga e pesada nas costas.

— Kirara... — murmurou Makoto, com um misto de surpresa e alívio, enquanto a garota se aproximava. — O que está fazendo aqui?

— Eu evacuei todos da capital, Mestre. Mas não poderia deixar você aqui sozinha — respondeu Kirara, com os olhos firmes, mas a expressão traindo um toque de apreensão.

Makoto suspirou, um sorriso orgulhoso brincando em seus lábios. Estava tocada pela lealdade de sua aprendiz, mas sabia que a presença da jovem não mudaria o resultado daquela batalha.

— Fico honrada que tenha voltado, Kirara — disse Makoto suavemente. — Mas mesmo com sua força, temo que isso não faça muita diferença agora.

Kirara desviou o olhar, encarando Alaster à distância. Somente a presença dele gerava uma onda de medo e insegurança que parecia desestabilizá-la. Suas mãos tremiam, incapazes de empunhar sua espada. Makoto, vendo a hesitação da aprendiz, inclinou-se para ela com um sorriso que transparecia uma ternura quase materna, pousando uma mão suave na cabeça de Kirara.

— Kirara — Makoto disse com uma suavidade melancólica, — se algum dia você cruzar com alguém de sobrenome Kanemoto, diga a ele para terminar o que eu não fui capaz.

A jovem vampira pareceu confusa, sem compreender o peso das palavras da sua mestra, mas captando a profundidade da despedida. Num ímpeto, protestou:

— Mestre, por favor... não faça isso.

Mas Makoto segurou o rosto de Kirara entre as mãos e, com um olhar sério e afetuoso, sussurrou:

— O dever de um Guardião Negro é manter o equilíbrio. Nós oferecemos nossa vida e alma, se necessário. Esse é o caminho que escolhi, como Guardiã, como mãe e como Rainha do Império Aurélia.

Ela soltou Kirara, ajustou a empunhadura na katana, e com passos firmes e rápidos, avançou em direção a Alaster, determinada a enfrentá-lo de frente. Kirara permaneceu em silêncio, lágrimas queimando seus olhos, mas sem se permitir desmoronar. Via sua mestra partir, carregando uma fúria e uma coragem que poucos seriam capazes de compreender.

Do outro lado, Alaster a encarou com um sorriso sarcástico, o desprezo brilhando em seus olhos.

— Ah, então tudo isso é para se despedir? Patético. Eu vou esmagá-la como o inseto que você é.

Makoto manteve-se calma, respondendo com um sorriso impassível:

— Vamos ver se é o suficiente para uma despedida digna da família Kanemoto.

Num único movimento, ela cobriu a curta distância entre eles, em um piscar de olhos, saltando até a altura da cabeça de Alaster, que mal teve tempo de reagir. Com um grito carregado de determinação, ela invocou seu poder final:

— Selamento da Lâmina do Deus Demônio!

A expressão de Alaster mudou imediatamente, o rosto transfigurado pelo medo ao reconhecer o feitiço. Seus gritos se misturavam ao estrondo do impacto, mas foi em vão. A lâmina de Makoto cravou-se em sua cabeça, liberando uma torrente de energia negra que envolveu a capital em um pilar que se estendia até os céus. A aura sombria dissipou-se gradualmente, e quando a poeira baixou, correntes mágicas azuis surgiram ao redor de Alaster, restringindo-o. Ele estava imóvel, o rosto congelado em uma expressão de fúria impotente, paralisado, aprisionado.

No centro daquela cena, Makoto não estava mais. Somente sua katana permanecia, encravada na cabeça de Alaster, como um símbolo sombrio de seu sacrifício.

Kirara olhou em silêncio, o coração apertado, incapaz de acreditar que sua mestra realmente tinha se sacrificado. Ela lembrou das palavras de Makoto, sobre o surgimento de outro Guardião Negro, alguém que, talvez, carregasse o nome Kanemoto. Era como se Makoto houvesse proferido uma profecia, um último legado para que alguém continuasse o que ela não pudera concluir.

— Vou honrar esse legado, Mestre. E, quando o momento chegar, estarei pronta para guiar o próximo Guardião Negro — surrurou Kirara para si mesma, respirando fundo enquanto pertava os punhos com determinação.

Continua…