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Chapter 4 - Capítulo 4: A Origem das Águas Proibidas

Em todo o vasto domínio do oceano, existia um lugar que até os deuses evitavam — uma região onde o mar se tornava mais sombrio e suas águas mais traiçoeiras. O céu, habitualmente claro e refletido nas ondas, aqui parecia distorcido, como se uma cortina de escuridão envolvesse todo o horizonte. As correntes eram mais fortes e imprevisíveis, e os ventos, carregados de uma tensão inexplicável, sopravam sem aviso, virando os navios e arrastando-os para um destino desconhecido. Este lugar, onde o mar se tornava um inferno líquido, era conhecido como as Águas Proibidas.

As Águas Proibidas não são meramente um local no mapa; elas são uma região onde o próprio tecido do tempo e do espaço se distorce. Por muitos séculos, marinheiros contaram histórias sobre a existência desse lugar, mas poucos ousaram se aproximar o suficiente para confirmar suas lendas. Diziam que as ondas ali nunca eram calmas, que o mar, em sua imensidão, parecia engolir qualquer vestígio de humanidade. Mas o que tornava essa região tão temida não era apenas o perigo físico das tempestades e dos monstros marinhos; o terror estava em algo muito mais profundo, algo que transcendia o entendimento de mortais e deuses.

Este era o berço de Drogo Kraken.

Quando Cronos, em seu desespero para ocultar o filho mais temido de sua linhagem, decidiu banir Drogo das mentes dos deuses e dos mortais, ele fez mais do que simplesmente apagá-lo das memórias e registros mitológicos. Ele escondeu seu filho em uma região onde o espaço e o tempo se sobrepunham, onde as leis da realidade eram torcidas, de modo que nenhum ser — nem mesmo os próprios deuses — pudesse alcançar ou recordar essa parte do oceano. As águas se tornaram "proibidas", não porque algum decreto divino as tornasse inacessíveis, mas porque aquele que ali habitava estava além de qualquer entendimento ou controle.

As Águas Proibidas nasceram da própria essência de Drogo. Este local, onde o mar se funde com o desconhecido, foi imbuído de sua essência primordial: o caos do nascimento do universo. Quando ele foi banido, as águas se tornaram um reflexo distorcido da existência de Drogo. O próprio mar, com suas forças caóticas e suas profundezas sem fim, passou a refletir o ser divino que ali residia.

Ninguém sabe ao certo como essas águas foram formadas, mas há quem diga que elas foram criadas por uma força ainda mais antiga que Cronos e seus filhos. Alguns afirmam que o próprio Caos, a entidade primordial da mitologia grega, teria moldado esse espaço nas profundezas do oceano para manter Drogo preso ali. Outros sugerem que a origem das Águas Proibidas é um reflexo do próprio poder de Drogo, um espaço criado para esconder e proteger a força imensurável que ele representa. A região seria uma espécie de prisão cósmica, onde a realidade se dobra e as leis do mundo material não se aplicam, um lugar onde até os próprios deuses temem entrar.

A lenda diz que, no coração das Águas Proibidas, existe uma caverna colossal, tão profunda quanto o próprio oceano. A entrada é invisível, escondida entre as ondas revoltas, e a jornada até ela é considerada um suicídio. Muitos marinheiros, em busca de riquezas, tentaram alcançar esse local, guiados apenas por rumores e pelo desespero. Mas nenhum deles jamais retornou. Alguns dizem que as correntes os arrastaram para dentro do abismo; outros afirmam que eles desapareceram nas sombras, como se o próprio mar os tivesse engolido, apagado da existência. Ninguém ousaria aproximar-se sem ser consumido pelo terror de ser levado pelas águas.

As águas que formam esse território têm uma característica única: sua cor. Não é o azul profundo ou verde esmeralda das águas mais ricas e calmas do oceano, mas um tom negro que reflete apenas a escuridão das profundezas. Quando a luz do sol tenta tocá-las, ela é imediatamente absorvida, como se o próprio oceano estivesse tentando engolir qualquer vestígio de vida que ousasse adentrar seu domínio. Nos momentos de calma, a superfície é estranhamente lisa, mas, logo em seguida, começa a se agitar com um movimento quase imperceptível, como se algo imenso estivesse esperando em seu interior para despertar.

As criaturas que habitam essa região são descritas como monstros indescritíveis, cujos corpos são feitos da própria essência do abismo. Alguns dizem que são as criaturas que, ao longo das eras, tentaram entrar na região, mas foram moldadas pela presença de Drogo, adquirindo características sobrenaturais. Outras falam sobre os próprios tentáculos de Drogo Kraken, que se estendem pelas profundezas e arrastam qualquer um para a escuridão. Estes tentáculos, de acordo com as histórias, são tão longos que atingem as bordas do mundo conhecido, aguardando o momento em que Drogo será finalmente libertado para invadir novamente o mundo dos vivos.

Por muito tempo, os deuses tentaram manter os mortais longe das Águas Proibidas. Mas, como tudo o que é proibido, a atração por essa região misteriosa só cresceu. Aqueles que buscavam o conhecimento proibido, o poder oculto, ou a redenção de seus pecados, foram atraídos para o mar. Os relatos de suas viagens — alguns sobreviventes e outros completamente ausentes — falam sobre a sensação de que, ao chegar perto dessa área, o tempo começava a desacelerar, como se o próprio universo estivesse aguardando algo. E então, sem aviso, as águas se tornavam cada vez mais turbulentas, até que o oceano os engolisse por completo.

Com o passar dos milênios, a região foi esquecida pelas gerações humanas. Mas, para os deuses, as Águas Proibidas não foram meramente um lugar para esconder Drogo. Elas se tornaram um símbolo de sua existência, de um poder que jamais deveria ser desafiado. A ilha, a caverna, as correntes — tudo se tornava parte de uma história que se perpetuava nas sombras do desconhecido, esperando o momento certo para se revelar.

Agora, com o crescente despertar de Drogo Kraken, as Águas Proibidas não permaneceriam mais secretas por muito tempo. O equilíbrio entre o mundo dos mortais e dos deuses estava prestes a ser quebrado. E, como as águas que submergem uma terra seca, a verdade sobre o passado de Drogo começaria a emergir, lentamente, mas com força devastadora.